Politica

Serra, Dilma e Marina já estudam perguntas, respostas e grandes temas nacionais

Debate presidencial será na próxima quinta-feira

Ivan Iunes
postado em 29/07/2010 08:30
A uma semana do primeiro debate da campanha à Presidência da República, José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) diminuem o ritmo da agenda nos próximos dias para afiarem as armas para o embate. Os três principais concorrentes ao Planalto já iniciaram a preparação mais árdua, que inclui sessões com assessores ; responsáveis por produzir conteúdos sobre possíveis perguntas e respostas em eixos temáticos. O treinamento pode exigir também preparo psicológico, para evitar os tropeços característicos do nervosismo, como lapsos de memória e modulações excessivas de voz (leia quadro). Dos três, pelo menos a petista passará por essa etapa, já que é neófita em debates.

Nas últimas semanas, Serra, Dilma e Marina têm reservado espaços consideráveis da agenda para se debruçarem sobre os principais temas em voga no país. O principal motivo do esforço concentrado é conseguir munição suficiente para a esgrima verbal. Questões ligadas à saúde, à segurança e à economia, entre outras, têm sido repassadas à exaustão pelos três. A petista recebe relatórios diários da equipe comandada pela ex-assessora especial da Presidência Clara Ant. Manteve também encontros com diversos ministros. José Gomes Temporão (Saúde), Fernando Haddad (Educação), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e Luiz Paulo Barreto (Justiça) sentaram-se à mesa com Dilma para repassarem números de suas respectivas áreas.

Além da equipe técnica, Dilma conta com forte treinamento psicológico, sob comando da jornalista Olga Curado e do publicitário João Santana. Segundo membros da campanha, a tarefa mais urgente dos dois nesse processo tem sido tentar reduzir o excesso de ênfase nas respostas da candidata. O principal trunfo dos petistas, contudo, reside exatamente na incógnita sobre o desempenho dela em debates. Como nunca participou de nenhuma rodada direta de perguntas e respostas, os adversários ainda tateiam para tentar prever os passos de Dilma no encontro da próxima quinta-feira.

Para a campanha tucana, o primeiro debate(1) é a oportunidade para tentar desconstruir o discurso da petista. Por isso, Serra pretende lançar mão de associações de Dilma com regimes autoritários, especialmente os que são pródigos em desrespeito aos direitos humanos. ;O Serra vai mostrar que ele é o candidato da legalidade, que não vai dar dinheiro a movimentos ilegais como o MST ou fechar os olhos para violações dos direitos humanos, como em Cuba e no Irã;, aponta um dos coordenadores da campanha, o deputado federal Jutahy Júnior (PSDB-BA).

Arrogância
A equipe que prepara Serra tem como principal nome o marqueteiro Luiz González, além de um corpo de técnicos. Calejado, o candidato reservou dois dias antes do encontro para estudar como será a participação. Para marqueteiros de campanha, o principal obstáculo dos ;treinadores; do tucano é diminuir o ar de arrogância ou o excesso de ironia em algumas intervenções.

O cenário perfeito para o comando da campanha verde teria componentes já traçados: enquanto Serra e Dilma se digladiam, Marina se destacaria apresentando propostas reais para a educação e a sustentabilidade. A senadora acriana tem se dedicado a estudar ao menos duas horas diárias para o encontro. Como pretende dar ênfase à educação, escalou a socióloga Neca Setúbal para montar um arcabouço sobre o tema. ;Para Marina, não é embate, é debate e ela é absolutamente safa. Os outros estão se preparando porque estão indo para o embate, que só ocorrerá entre eles;, planeja o colaborador da campanha verde Alfredo Sirkis.

1 - Pulsação em tempo real
Enquanto os três candidatos debatem para todo o país, os marqueteiros terão trabalho redobrado: medir a temperatura das perguntas e das respostas de Dilma, Serra e Marina junto ao eleitorado. Nos bastidores, Paulo de Tarso (PV), Luiz González (PSDB) e João Santana (PT) devem adotar os conhecidos testes de audiência. Nesse método, grupos de eleitores selecionados pelas campanhas julgarão as intervenções com respostas como ;bom;, ;ruim;, ;concordo; e ;discordo;. Além de mudarem o curso das falas dos três, essas respostas também subsidiarão debates futuros.

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