postado em 29/07/2010 14:30
Porto Alegre - No Rio Grande do Sul, apesar dos quatro anos de governo tucano, a eleição dá sinais de que a histórica polarização entre PMDB e PT, no estado, se repetirá na disputa para o governo. Pelo PT, o ex-ministro da Justiça Tarso Genro tem liderado as pesquisas, mas é seguido ponto a ponto pelo candidato peemedebista, o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça.Com exceção da última eleição ; quando a tucana Yeda Crusius foi eleita ;, desde 1995, PT e PMDB se alternam no governo do Rio Grande do Sul. O então peemedebista Antônio Britto assumiu em 1995, sucedendo Alceu Colares, o último dos trabalhistas que governou o estado. Depois o petista Olívio Dutra comandou o estado de 1999 a 2003. Ele foi sucedido por Germano Rigotto que ficou no Palácio Piratini, sede do governo local de 2003 a 2007, quando então Yeda assumiu com o apoio dos peemedebistas. A acirrada disputa no estado entre as duas legendas ; coligadas no plano nacional ; torna ainda mais polarizada as eleições deste ano.
Nesse primeiro turno, por exemplo, o PMDB gaúcho decidiu se declarar neutro em relação às eleições para a Presidência da República. Nos demais estados, a postura do PMDB foi a de reivindicar a presença da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff no palanque, principalmente nos estados em que o partido se confronta com o PT.
Na última pesquisa Vox Populi, Tarso marcou 34% das intenções de voto, demostrando uma ligeira vantagem em relação ao segundo colocado, Fogaça, que alcançou 28%. A governadora Yeda Crusius, que amargou sucessivas crises de imagem em seu governo devido a denúncias de corrupção, apresentou 12% das intenções de voto.
O cientista político Benedito Tadeu César, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRJ), não aposta em mudanças muito profundas nesse quadro e aponta o segundo turno das eleições gaúchas como o grande embate. ;Que [a disputa] vai para o segundo turno ninguém tem dúvida, e a campanha do PT tem que se conscientizar de que está no segundo turno a grande disputa;, considerou.
;Aposto que esse quadro não muda. Essa média de 34% ou 35% que o PT tem apresentado já é o eleitorado tradicional do partido aqui, formado por eleitores com um pensamento mais de esquerda. O grande desafio da campanha petista é crescer para o eleitorado com um pensamento de centro direita, coisa que o PT nunca conseguiu fazer aqui no Rio Grande do Sul porque sempre se isolou;, afirmou.
O especialista chega a apostar em uma divisão quase que imutável do eleitorado gaúcho. ;Temos aqui um terço de eleitores que votam no PT de qualquer forma, um terço que não votam no PT de forma alguma, e ainda um terço de eleitores que não são fechados com o PMDB, mas que podem votar no partido, dependendo das circunstâncias;, analisou.
A coligação de Tarso Genro ; Unidade Popular pelo Rio Grande ; reúne PT, PSB, PCdoB, e PR. Além disso, dissidentes do PDT, legenda coligada com o PMDB gaúcho, se juntaram informalmente à campanha de Tarso Genro na última semana. No entanto, o cientista político não vê a dissidência trabalhista como um fator determinante para agregar mais votos. ;São votos que o PT já tem. O PT [gaúcho] tem que tentar crescer à direita como o próprio PT nacional cresceu há oito anos e que o levou a Presidência da República. Não dá para ficar isolado;, destacou.
Tarso Genro terá o maior tempo de televisão, 4 minutos e 46 segundos. Já Yeda ; que reuniu em sua coligação, Confirma Rio Grande, o PSDB, PP, PRB, PSL, PSC, PPS, PHS e PT do B ; terá o segundo maior tempo: 4 minutos e 36 segundos. Fogaça reuniu os tempos do PMDB, PDT, PTN e PSDC, na coligação Juntos pelo Rio Grande, terá 3 minutos e 47 segundos no horário eleitoral gratuito que começa no próximo dia 17 de agosto e vai até o dia 30 de setembro.