Politica

Serra direciona o arsenal de críticas para a política externa do PT

Daniela Almeida
postado em 30/07/2010 07:00
São Paulo ; Criticado recentemente por integrantes da campanha petista, o candidato à Presidência José Serra (PSDB) gastou, ontem, um bom tempo para se defender dos rótulos de mal-humorado, autoritário, arrogante e político de direita durante sabatina promovida pelo portal R7. Acuado, Serra partiu para o ataque. ;Troglodita de direita é quem apoia o Ahmadinejad (Mahmoud, presidente do Irã), que está lá apedrejando mulheres, que condena jornalistas e enforca opositores;, disse, em referência à relação do governo Lula com o Irã.

Na quarta-feira, o assessor do presidente e coordenador do programa de governo da petista Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, atacou Serra em entrevista ao site do PT. ;Fico constrangido de ver uma pessoa que teve um passado de esquerda, como o José Serra, ter corrido tanto na direção da direita (1). Daquela direita mais raivosa, mais atrasada. Me parece um fim melancólico da sua carreira política;, afirmou Garcia.

Serra voltou a criticar a política externa praticada pelo governo Lula. O candidato defendeu uma maior pressão diplomática em cima da Bolívia na tentativa de frear o tráfico de drogas no Brasil e um maior patrulhamento das fronteiras com o país vizinho. Ele também citou novamente o exemplo de Cuba para desqualificar a atuação diplomática nacional. ;O Brasil tem ótima relação com Cuba. Por que, então, quem fez a movimentação a favor dos presos políticos lá foi a Espanha?;

Ao ter de responder, no entanto, como se portaria se eleito frente a esses mesmos países e líderes políticos, Serra recuou. Questionado se manteria o discurso combativo na Presidência, mudou o tom. ;Aqui estou fazendo campanha. No governo, você precisa ter uma política de Estado clara e firme.;

Farc
O candidato também defendeu seu candidato a vice, o deputado federal Índio da Costa (DEM), que protagonizou um imbróglio depois de ter declarado em entrevista a um site do PSDB que o PT e as Farc teriam relação próxima. Serra negou que o episódio tenha significado uma tentativa de terrorismo eleitoral. ;É o oposto. Eu vivo o tempo inteiro querendo discutir teses;, sustentou. Em seguida, voltou a atacar os rivais petistas, para quem ;qualquer coisa que você contrarie é terrorismo;.

Outro rótulo combatido pelo tucano foi o de que ele seria o candidato das elites. ;Cadê os ricos? Podiam estar me ajudando. A outra campanha tem mais dinheiro.; Apesar da negativa, Serra afirmou que não dispensa votos e que pretende governar para todas as esferas sociais, em alfinetada ao governo Lula, reconhecido pelas políticas sociais. ;Eu quero governar para todos, não para alguns.; Em um dos poucos momentos em que não atacou o governo, fez um rápido elogio a sua principal adversária, a quem qualificou como ;uma mulher de luta;.

1 - ;Aloprado de direita;
O presidenciável José Serra não saiu sozinho nas críticas à política externa brasileira e no contraponto à entrevista do assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. O PSDB divulgou uma nota na tarde de ontem recheada de declarações do senador Álvaro Dias (PR), do deputado Jutahy Magalhães (BA) e do secretário de Educação de São Paulo, Paulo Renato Souza. Todas dando suporte ao ex-governador paulista e atacando com firmeza o aliado de Lula. Segundo a nota, Garcia seria um ;aloprado de direita; e caminharia para ;virar embaixador do Brasil na Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).;

Sem troca de favores

Marina Silva voltou a bater na tecla de criar uma nova forma de governabilidade no caso de ser eleita presidente da República. Em entrevista a uma rádio de Bauru, no interior de São Paulo, a candidata do PV afirmou que gostaria de construir uma base aliada que não fosse pautada na troca de favores. ;Isso tem de acabar. Ninguém governa sozinho, mas quem disse que as pessoas só se juntam por troca de favores? O eleitor que vota não é por troca de favores. Eu conheço no Congresso quem vota sem troca de favores. Posso citar nomes: tem o Eduardo Suplicy (PT), o Pedro Simon (PMDB), a Heloisa Helena (PSol). Eu mesma nunca votei por troca de favores;, afirmou.

Outro ponto ressaltado pela senadora licenciada foi sua origem humilde. Ela disse conhecer desde as filas do serviço de saúde onde já foi atendida como indigente até os melhores hospitais do Brasil. ;Só quem conhece a vida do povo será capaz de respeitar avanços, mantendo o Bolsa Família e encarando novos desafios.; No início da noite, depois de inaugurar mais uma Casa de Marina, comitê voluntário, ela participaria de comício na cidade paulista.

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