Ivan Iunes
postado em 31/07/2010 08:24
A candidata à Presidência da República Marina Silva (PV) decidiu exonerar a assessora Jane Maria Villas Boas, lotada em seu gabinete no Senado desde 2008. Ela deixou oficialmente o cargo depois de ser flagrada participando de um evento de campanha em Bauru, no interior de São Paulo. Durante a campanha verde, Jane tem maior atuação na parcela religiosa do eleitorado. Além dela, também foi exonerado o assessor Pedro Ivon de Souza Batista, por "prevenção". A nota assinada pelo coordenador da campanha, João Paulo Capobianco, diz que a dupla está agora liberada para participar de qualquer atividade, "inclusive as de cunho eleitoral".
Na viagem de Marina a Bauru, Jane ficou responsável por conduzir uma reunião com cerca de 70 religiosos locais. O encontro começou às 10h e durou cerca de duas horas - horário em que a assessora teria de cumprir expediente no Senado Federal. Ela teria cobrado engajamento dos religiosos na eleição e disse que o pastor que reunisse 300 apoiadores receberia ligação de Marina em agradecimento. Ao fim da reunião, distribuiu cartões pessoais com brasões da Casa. Abordada ainda durante a agenda no interior paulista, a senadora acriana declarou que não havia irregularidade na participação da assessora na campanha porque ela estaria em período de recesso até 2 de agosto.
A nota assinada por Capobianco reforça essa tese, o que tornaria a dupla "disponível para dedicar-se a suas atividades particulares, inclusive as de cunho político-eleitoral". Segundo o texto, a exoneração dos funcionários já havia sido providenciada antes mesmo da denúncia, mas ainda faltava a publicação no Diário Oficial. A nota reforça ainda que a própria senadora se licenciou das funções do Senado para não "misturar seu mandato parlamentar com atividades partidárias". Com a licença de Marina, também foram exonerados à época os assessores Bazileu Alves Margarido e Carlos Antônio Rocha Vicente, para se dedicarem diretamente à campanha.
Ao comentar a exoneração dos funcionários durante visita a Natal, ontem, Marina ressaltou que ela própria se afastou do exercício parlamentar para dedicar-se à campanha. "Eu mesma, antes da minha campanha, tomei a iniciativa, sem ônus para o Senado, de me afastar. Me afastei por duas vezes e retornava quando tinha uma votação importante, e, quando terminava, eu me afastava de novo, sem ônus", disse Marina Silva. A candidata também ressaltou que o direito de afastamento existe por conta da campanha ao Palácio do Planalto e que a lei que concede esse benefício foi aprovada quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso era senador e se preparava para disputar a Presidência.
Em defesa do PT
Durante agenda pública em Natal, ontem, a candidata Marina Silva (PV) criticou os adversários por incitarem acusações supostamente falsas, no caso de José Serra (PSDB), e pelos desrespeitos constantes à legislação eleitoral por Dilma Rousseff (PT). Marina foi ao Nordeste para participar da 62ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Além do encontro com cientistas e educadores, ela deu entrevistas a uma rádio e inaugurou um comitê voluntário de campanha.
Segundo Marina, o problema do país seria a falta de uma "elite pensante", responsável por pensar estrategicamente e negociar soluções para o Brasil. "A elite é o pescador que entende do mar, sabe botar sua jangada e entender os mistérios dos ventos e das ondas", filosofou. Ex-integrante do PT, ela saiu em defesa do partido, acusado por Serra de manter relações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). "Estive no PT por 30 anos e nunca tivemos nenhuma ligação com segmentos desse tipo. Eu discordo de Dilma e de Serra por outras razões, mas acho os dois pessoas de bem", ressaltou a candidata verde.