postado em 03/08/2010 08:02
Dos 409 deputados federais que pretendem disputar a reeleição este ano, 325 têm um patrimônio pessoal menor do que o volume de gastos estimados com as respectivas campanhas. Esses parlamentares informaram à Justiça Eleitoral projeções de despesas que superam em até 142 mil vezes os seus bens. É o caso de Davi Alves Silva Junior (PR-MA), que declarou possuir patrimônio de apenas R$ 35 e pretende gastar R$ 5 milhões. Outros 18 que informaram não ter nenhum centavo pretendem gastar entre R$ 700 mil e R$ 6 milhões.Entre os 74 deputados federais cujos bens são superiores à previsão de gastos, a relação entre patrimônio e despesas de campanha vai desde o valor total das posses a 1% do informado, como ocorre com o deputado federal Marcelo Almeida (PMDB-PR), cuja fortuna declarada é da ordem de R$ 683.270.832 ; ele pretende empenhar R$ 6 milhões em sua reeleição.
Dos 513 parlamentares, 473 concorrem a algum cargo eletivo: 409 disputam a reeleição, 32 o Senado, nove são candidatos aos governos estaduais e nove pretendem se eleger deputados estaduais. Há 14 que compõem as chapas majoritárias: dois são candidatos à Vice-Presidência da República ; Michel Temer (PMDB-SP) e Índio da Costa (DEM-RJ) ;, nove postulam o cargo de vice-governador e três são candidatos à primeira suplência do Senado. Excluindo esses 14 parlamentares que integram as chapas majoritárias ; e, por isso, não apresentam estimativas de gastos nas eleições ;, os outros 459 parlamentares vão empenhar neste pleito R$ 1,7 bilhão. Desse valor, praticamente R$ 1,3 bilhão refere-se às campanhas de reeleição dos deputados federais. O restante diz respeito aos demais cargos.
Média
Em média, a campanha de um deputado federal que pleiteia a reeleição custará R$ 3,173 milhões. Metade dos parlamentares que informaram as menores despesas gastarão até R$ 3 milhões. Desprezando os 12 casos de deputados federais que enviaram à Justiça Eleitoral estimativa de gasto zero na campanha, a parlamentar que pretende empregar menos recursos é Luciana Genro (PSol-RS): R$ 300 mil. A despesa de Luciana será 3,3 vezes superior ao seu patrimônio informado, que é de R$ 91 mil.
Os dois deputados federais que projetam despesas mais altas em sua reeleição, Wilson Santiago (PMDB-PB) e Manoel Junior (PMDB-PB), informaram à Justiça Eleitoral gastos individuais de R$ 13 milhões, que superam os seus patrimônios declarados, respectivamente de R$ 4,8 milhões e de R$ 892.127.
Gastos milionários
A terceira campanha à reeleição que se anuncia como a mais cara é a do deputado Édio Lopes (PMDB-RR): ele pretende gastar R$ 10 milhões ; 37,6 vezes o que acumulou em bens, avaliados em R$ 265.569,60. O segundo homem mais rico da Câmara, Vadão Gomes (PP-SP), informou patrimônio de R$ 192.511.136,60, e gastos de campanha de R$ 3 milhões, que representam cerca de 1,5% da sua riqueza. O terceiro mais endinheirado, Alfredo Kaefer (PSDB-PR), vai usar R$ 5 milhões, que equivalem a aproximadamente 5% dos seus bens, estimados em R$ 95.728.260.
Com um patrimônio declarado de R$ 70.992.163,06, Sandro Mabel (PR-PR) tem a quarta maior fortuna da Casa, seguido por Paulo Maluf (PP-SP), que informou possuir R$ 39.480.780,96. Mabel e Maluf pretendem gastar, nessa ordem, R$ 6 milhões e R$ 3 milhões cada. Maluf, entretanto, corre o risco de ter a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral por se enquadrar nos critérios da Lei da Ficha Limpa.
Entre os 18 deputados federais que concorrem à reeleição e dizem não ter nenhum bem estão José Tatico (PTB-GO), que disputará a reeleição por Minas Gerais, além de Carlos Willian (PTC-MG). Segundo suas declarações, ambos perderam duas fortunas. O primeiro declarou em 2006, quando concorreu à Câmara dos Deputados por Goiás, um patrimônio de R$ 17,8 milhões. No mesmo ano, o segundo tinha R$ 1.850.500. E, apesar de estarem ;pobres;, Tatico gastará nesta campanha R$ 4 milhões, enquanto William espera empregar R$ 2 milhões.