Politica

Eduardo Campos (PSB), candidato à reeleição em Pernambuco, pode ter o apoio de cerca de 170 dos 184 prefeitos

Josué Nogueira
postado em 08/08/2010 07:00
Na campanha de 2006, sem máquina, sem o apoio preferencial do presidente Lula, o então candidato ao governo de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), chegou a Panelas, no Agreste pernambucano, num domingo de maio. O festival nacional de jericos lotava a cidade. Ali, gastou sola no meio da festa, fez corpo a corpo com eleitores e, principalmente, visitou antigos correligionários. De certo modo, deu início ao processo de reconquista das bases que uma década atrás tinham estado no palanque do avô, o ex-governador Miguel Arraes.

Ao se reunir com três vereadores do PT, despertou a ira de Humberto Costa, petista que concorria ao Executivo estadual naquele ano e que também cumpria agenda de campanha no mesmo lugar. ;Acho uma coisa desrespeitosa. Eu não faço isso com ninguém, não assedio ninguém do PSB ou do PTB;, disse o petista ao saber da movimentação de Eduardo. Minutos antes, o socialista tinha sido incisivo quando questionado por que estava avançado em bases alheias. Disse que os parlamentares eram originalmente do PSB e observou que, quando eles se filiaram ao PT, não houve reclamação.

Meses mais tarde, Eduardo sairia vitorioso da disputa. Agora governador, busca a renovação do mandato. E, em campanha, tem feito infindáveis articulações para ;recuperar; as bases que um dia foram socialistas. Mas não só. O poder de atração que o seu governo exerce também trouxe para a situação uma quantidade expressiva de lideranças de partidos de oposição.

Oficialmente, 28 prefeitos de legendas que compõem a aliança comandada pelo senador Jarbas Vasconcelos, candidato ao governo pelo PMDB, estão no palanque de Eduardo. Somando-se esse contigente ao total de prefeitos governistas conclui-se que 161 dos 184 gestores municipais de Pernambuco apoiam a reeleição do socialista. E esse número deve crescer, segundo assessores da própria campanha governista. Acredita-se que pode chegar a 170. Se a previsão se confirmar, apenas 14 dos 23 que hoje reforçam a candidatura de Jarbas permanecerão no palanque do peemedebista.

Alvo
Ainda que não alcance o alvo estimado pelos aliados, Eduardo Campos já é o governador a reunir na base de apoio (1) o maior número de prefeitos da história do estado. Os que mais se aproximaram dessa marca foram Arraes e Jarbas. O primeiro, quando estava no segundo ano do terceiro mandato, em 1996, levou o PSB a eleger 106 prefeitos. Dois anos antes, ao se eleger governador, teve apoio de mais de 120 deles. Por sua vez, Jarbas chegou a contar com mais de 130 prefeitos quando derrotou Arraes em 1998.

Os dados revelam que o inchaço de bases governistas é um aspecto recorrente na roda-viva partidária. Prefeitos, deputados e lideranças regionais acabam se convertendo ao palanque situacionista por ;gravidade;, como costumam definir os próprios políticos. O raciocínio é o seguinte: ;Onde tem poder, é pra lá que eu vou;. No entanto, a oposição, Jarbas principalmente, tem apontado que, para além do adesismo puro e simples, o governador tem cooptado prefeitos e ex-prefeitos adversários.

Do seu lado, Eduardo tem dito que o tema não o incomoda. Porém, na semana passada, lançou uma justificativa indireta para o agigantamento da sua base. ;A gente colhe o que a gente planta;, disse. Depois, completou: ;Esse é o meu jeito de fazer política, sem estresse. O PSDB é cheio de pessoas que trabalharam comigo;. Ele observou, ainda, que, depois que os tucanos mudaram de lado, cultivou boas relações com o ex-aliados.

1 - Troca de lado
A trajetória de Eduardo Campos rumo ao amplo palanque de hoje passa por apoios de partidos e lideranças que estiveram na base de Jarbas, quando este ocupava o Palácio do Campo das Princesas. Primeiro, veio o PR, do deputado federal Inocêncio Oliveira. Já no segundo turno, parlamentares que haviam rompido com a gestão do peemedebista em 2004, formando o chamado Grupo Independente (Armando Monteiro, José Chaves, José Múcio, entre outros), juntaram-se às siglas de centro-esquerda e garantiram a vitória ao socialista. Ali, Eduardo recuperava o comando do governo oito anos após o avô Miguel Arraes ter sido derrotado por Jarbas.

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