Politica

Candidatas do PT e do PV possibilitam que eleitores doem pela internet

Ivan Iunes
postado em 09/08/2010 08:59

Um mês depois do início da campanha oficial à Presidência da República, apenas dois candidatos disponibilizam o serviço de doações pela internet. Hoje, a petista Dilma Rousseff inaugura a plataforma virtual para recebimento de recursos. A primeira pessoa a doar será a primeira-dama, dona Marisa Letícia, que entregará à campanha R$ 13. A candidata verde, Marina Silva, abriu espaço no site para envio de contribuições desde a sexta-feira. As duas aceitarão doações por duas bandeiras de cartão de crédito. O tucano José Serra (PSDB) não deve ter um sistema de contribuições pela internet.

A ideia do PT é de incentivar as doações pela rede por meio de uma campanha, entitulada ;doe R$ 13 para a Dilma;. A expectativa do partido é de que o número de contribuições seja modesto e alcance no máximo 10 mil pessoas. ;Acho que é uma forma de doação democrática, muito boa, e é muito transparente. No Brasil existe essa dificuldade da doação individual. A doação on-line abre uma nova perspectiva e para o PT é muito importante, porque temos o hábito de participação do militante;, aposta a petista.

Os doadores petistas poderão doar entre R$ 13 e R$ 1.000, por meio do site de Dilma. Contribuições a valores superiores a esse são possíveis, desde sigam as regras impostas pela Justiça(1). O partido estuda a formulação de campanhas para que entidade sindicais transfiram recursos para a candidatura. Doações por cartões corporativos estão vetadas. A coordenação da candidatura de José Serra decidiu não aceitar os recursos via internet, por problemas burocráticos. O receio é de que a legenda não consiga comprovar a legalidade das doações, o que poderia resultar em processo de cassação da candidatura.

Enquanto o PSDB decidiu largar o bastão e o PT planeja doações tímidas, Marina Silva ainda sonha com uma arrecadação pela internet que alavanque a candidatura ; aos moldes de Barack Obama, que conseguiu reunir US$ 500 milhões pela rede na última campanha eleitoral norte-americana. Desde a sexta-feira, os verdes recebem contribuições pela rede. Os valores sugeridos são de R$ 5, R$ 50 e R$ 100, mas o internauta pode contribuir com outros valores. Assim como Dilma, Marina recebe doações pelas bandeiras Visa e Mastercard.

Dia de feira
No fim de semana, a petista Dilma Rousseff teve agenda rápida na Feira da Guariroba, em Ceilândia. A presidenciável permaneceu cerca de meia hora no local, cumprimentando eleitores ao lado dos candidatos ao governo do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) (Leia mais na página 21), e ao Senado Rodrigo Rollemberg (PSB) e Cristovam Buarque (PDT). A petista aproveitou a visita rápida para defender o índice de reajuste implementado pelo governo Lula.

Durante o debate da semana passada, Dilma disse que o aumento real era de 74%, mas institutos econômicos ouvidos pelo Correio apontaram um índice menor, pouco menor do que 50%. ;Há vários métodos para medir o reajuste do salário mínimo. Se eu olhar pegando janeiro de 2003, quando nós entramos e chegando até o dia de hoje, veremos que o reajuste real foi de 70%, mas existe o método que aponta pouco menos de 50%, também correto. O que ressaltamos é que nunca antes o salário mínimo teve um valor real com o reajuste que nós propusemos;, sublinhou Dilma.

A candidata petista também defendeu os gastos com cartão corporativo pela Presidência da República, que só não seriam divulgados em casos excepcionais de segurança interna, e os restos a pagar que o governo atual deixará para o seu sucessor. De acordo com a petista, a conta recorde de R$ 90 bilhões que ficará para o próximo presidente é resultado dos investimentos do país. ;Querem comparar um governo regido pelo fundo monetário com um governo que está com o país crescendo a 7%. Proporcionalmente é mais emprego, política pública, mais saúde, melhoria nas condições da educação brasileira. Resto a pagar é investimento;, ressaltou a petista.

1 - Como fazer

Para doar para candidatos na internet, a única restrição imposta pela Justiça é de que o doador seja pessoa física e o valor não ultrapasse 10% da renda anual. No único portal já no ar, o de Marina Silva, são exigidos documentos como CPF, identidade, endereço, e-mail e telefone.

O número
US$ 500 milhões
Foi o valor arrecadado pela campanha do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama


A campanha verde arrecadará recursos pelo portal www.minhamarina.org.br, enquanto os petistas pelo www.dilmanaweb.com.br


Campanha contra um tabu
Enquanto a Argentina deu um passo enorme em direção ao reconhecimento dos direitos dos casais homossexuais, se tornando o primeiro país da América Latina a aprovar uma ampla lei de reconhecimento dos direitos civis dos casais homossexuais, o Brasil ainda engatinha no assunto. Tabu no Congresso Nacional, a discussão sempre vem à tona em época de campanhas eleitorais, mas passado esse momento cai novamente no esquecimento. Desde a redemocratização do país e da entrada em vigor da Constituição de 1988, nenhum projeto de lei de promoção ou defesa dos direitos da população homossexual foi aprovado. Nem mesmo propostas simples, como a que regulamenta o Dia Nacional do Orgulho Gay, saem do papel.
Para tentar aproveitar o momento eleitoral e mudar a situação, pegando o gancho da Argentina, os movimentos de defesa dos homossexuais lançaram uma campanha para identificar quem são os candidatos que assumem abertamente a defesa dos seus direitos. Para isso, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) enviou para todos os candidatos à Presidência da República um termo de compromisso com as propostas que foram tomadas durante a primeira Conferência Nacional LGBT, realizada no ano passado. O mesmo documento foi enviado pelas entidades nos estados a todos os candidatos a deputado estadual e federal. Nesta semana, a ABGLT divulga a primeira lista com os candidatos que assinaram o termo de compromisso. A relação ficará disponível no site do movimento.

Para o presidente da ABGLT, Toni Reis, a pressão sobre o Legislativo é a única maneira de fazer sair do papel os projetos em defesa da categoria que tramitam, alguns deles há mais de uma década, no Congresso. Segundo ele, o Legislativo é o poder mais refratário ao reconhecimento dos direitos civis dos homossexuais. A principal cobrança do movimento será sobre os principais candidatos a presidente. Conforme Reis, essa pressão é importante pois a aprovação da união gay na Argentina só saiu do papel porque a presidente Cristina Kirchner ;enfrentou o assunto de forma exemplar;.

Para o vencedor do Big Brother Brasil Jean Wyllys, que se filiou ao PSol fluminense para tentar um vaga na Câmara dos Deputados, tendo como uma de suas principais plataformas a defesa dos direitos dos homossexuais, o que impede a aprovação de leis nesse sentido pelo congresso é o fato de a ;direita conservadora e reacionária ser maioria no Congresso Nacional;. ;Querem que o Brasil seja uma teocracia;, critica.


Opinião


O que dizem os candidatos a presidente sobre o assunto

Marina Silva (PV)
;É um direito (a união civil de bens) que as pessoas têm. Se as pessoas têm um patrimônio junto, por que não podem usufruir desse patrimônio? Se têm uma união estável, por que não podem ser beneficiárias do mesmo plano de saúde?;

José Serra (PSDB)
;Se preencher os requisitos que há para qualquer um que vai adotar (não há problema). Isso vale para qualquer tipo de casal, qualquer tipo de pessoa. Não vejo por que não aprovar. Acho que há tanto problema grave relacionado a crianças pobres no Brasil que (a adoção) pode ser uma salvação.;

Dilma Rousseff (PT)
;Sou a favor da união civil. Acho que a questão do casamento é religiosa. Eu, como indivíduo, jamais me posicionaria sobre o que uma religião deve ou não fazer. Temos que respeitar.;

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