postado em 13/08/2010 08:37
Rio de Janeiro ; De olho em mais de 24,7 milhões de votos, os candidatos à Presidência Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol) tentam uma aproximação com os jovens entre 16 e 24 anos. Ontem, no Dia Internacional da Juventude, os presidenciáveis fizeram questão de reforçar, cada um à sua maneira, o papel da juventude nesta campanha. Plínio criticou, num debate na PUC-RJ, a postura de jovens de classe alta que, segundo ele, alimentam as desigualdades sociais no país. ;É isso que permite um menino ir a um restaurante com a namorada e gastar mais do que o salário de um trabalhador que tem mulher e filhos.; Chamou ainda de ;absurda; as viagens de helicóptero nos fins de semana que os jovens fazem.Apesar das críticas, o socialista foi chamado pelos estudantes de ;candidato da juventude;, ;nossa voz contra a desigualdade; e ;um espectro rondando o Brasil;, em referência ao espectro do comunismo citado no Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels.
Plínio chegou à tradicional universidade particular com quase duas horas de atraso. Durante a tarde, estudantes entravam e saiam do auditório em busca de informações sobre o candidato. Queriam saber se ele já tinha chegado, se iria participar. Plínio ficou conhecido pela maioria depois de participar de um debate na TV Bandeirantes. A sua atuação o fez ganhar as redes sociais. ;Só vou para o debate na Rede Globo por conta do Twitter. Foi a pressão de vocês;, disse para a plateia formada por alunos da instituição e de colégios da Zona Sul do Rio. Plínio, que virou tuitteiro de plantão, pediu até que os jovens o defendam na internet. ;Agora vão dizer que sou um sujeito bizarro, que estou numa egotrip. É uma indignidade com os meus 60 anos de vida pública.;
Nem mesmo propostas polêmicas, como fechar o Senado (1)e o financiamento da educação, desagradaram os estudantes. O PSol defende, entre outras coisas, que o dinheiro público só possa ser usado nas escolas públicas, confrontando o Programa Universidade para Todos (Prouni) do atual governo. A reforma agrária foi outro assunto debatido. Um aluno queria saber ;qual o crime; de alguém enriquecer trabalhando honestamente. Segundo Plínio, o problema é a falta de igualdade de oportunidades. ;Porque se ele tem uma terra maior que 1.000 hectares está roubando a oportunidade de outro ter uma terra;, disse, apresentando sua proposta que limita a posse de terras no país.
Efetividade
Plínio e a candidata Marina Silva se encontraram no Fórum Nacional, na Academia Brasileira de Letras. A verde lembrou o dia da Juventude, apesar de grande parte da plateia de quase 400 pessoas estar em outra faixa etária. A maioria era empresários, cientistas políticos e acadêmicos. Marina cobrou efetividade nas políticas públicas para juventude, especialmente na educação. ;A crise social, que debela oportunidades de vida para 2 bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia. Hoje, há 15 milhões de jovens analfabetos. É o rosto triste da desigualdade;, afirmou Marina, analfabeta até os 16 anos de idade. A verde foi bastante aplaudida.
O candidato José Serra (PSDB) não foi ao debate organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), patrocinado pelo governo federal. O vice de Dilma, Michel Temer (PMDB), representou a ex-ministra. Temer disse que o Brasil precisa de uma revolução que é uma transformação. ;Se hoje as favelas pedem cultura, é porque o Brasil evoluiu.;
1 - Senado desnecessário
Uma das propostas de Plínio de Arruda Sampaio inclui a extinção do Senado. A Casa, segundo ele, só serve para manter oligarquias, como a família Sarney. ;O Brasil não precisa do Senado. O país nunca foi uma federação. Sempre foi unitário;, disse o candidato. Segundo ele, o sistema brasileiro é uma cópia dos EUA. ;Lá funciona, aqui é um velho conto de caciques;, afirmou.
Críticas ao pedágio
Dilma Rousseff resolveu comprar a briga sobre a qualidade das estradas brasileiras. Em contraponto às ;rodovias da morte;, qualificação usada pelo tucano durante entrevista ao Jornal Nacional, Dilma citou problemas do sistema de pedágios implantado pelo ex-governador em São Paulo. ;Defendo um modelo radicalmente diferente;, afirmou. No modelo federal, diz, ganha a concessão quem cobrar o menor valor de pedágio. No modelo paulista, segundo ela, vence a licitação quem paga mais. ;E quem paga mais não vai ficar com o prejuízo. É, de certa forma, uma cobrança de imposto disfarçada de pedágio;, comparou, em entrevista ao programa Painel RBS, em Santa Catarina.
Outra provocação de Serra mereceu comentários da petista(1). O tucano afirmou que não dá para governar na ;garupa de Lula;. Como resposta, ela afirmou que Serra tem medo de comparar os desempenhos de Fernando Henrique Cardoso e Lula. ;O meu adversário tem um medo enorme da comparação. Ele não pode estar na garupa do presidente FHC porque é até uma covardia.; Dilma afirmou ainda que ;tem orgulho; do presidente Lula e o considera um presidente ;muito forte, que mudou o Brasil;.
Licenciamento
Também no Sul do país, Dilma se mostrou simpática à ideia de construir um estaleiro em Biguaçu, região metropolitana de Florianópolis. As instalações teriam a função de construir navios especializados em extração de petróleo. O projeto é da OSX, empresa do milionário Eike Batista, e enfrenta problemas com licenciamento ambiental, pois ficaria próxima a reservas ecológicas e a uma comunidade indígena. ;É possível combinar respeito ao meio ambiente e desenvolvimento;, comentou Dilma.
1 - Forcinha de revista inglesa
Se depender da publicação inglesa The Economist, a ex-ministra da Casa Civil de Lula tem tudo para assumir o Planalto a partir de 1; de janeiro. Segundo reportagem publicada pela revista, a petista, tratada como principiante no mundo político, caminha para herdar a Presidência surfando na popularidade do presidente Lula. Na opinião dos jornalistas britânicos, embora Serra tenha mais experiência política, Dilma conta com os 75% de aprovação do governo brasileiro e com três minutos a mais de propaganda no horário eleitoral gratuito.