postado em 15/08/2010 09:42
Ivan Iunes, Tiago Pariz e Vinicius SassineAcampanha eleitoral entra esta semana na fase final e decisiva com o início, na terça-feira, do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Favorita a vencer a disputa, segundo as pesquisas recentes, Dilma Rousseff (PT), a escolhida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vê a propaganda como peça-chave para tentar liquidar a fatura no primeiro turno. Já José Serra (PSDB), seu principal adversário, tenta reverter esse quadro. Nos primeiros programas, Dilma e Marina Silva (PV) investem em se apresentar ao eleitor, enquanto o tucano pretende anunciar uma proposta por programa.
A possibilidade de levar planos e promessas de um futuro governo para o eleitorado mais afastado do país, que teve pouco contato com as eleições de outubro, faz com que os três principais candidatos coloquem sobre os programas de tevê grande parte das expectativas eleitorais. Dilma pretende consolidar as intenções de voto que possui e convencer novos eleitores, apresentando sua história de vida e seu papel no governo Lula. Segundo pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira, Dilma está com 41%; Serra, com 33%; e Marina, com 10%. Quando se consideram apenas os votos válidos (excluindo-se brancos e nulos), Dilma chega a 47%, a três pontos de uma eventual vitória no primeiro turno. Para que a eleição se decida em uma rodada, um dos candidatos precisa ter 50% dos votos mais um.
O vídeo que vai ao ar a partir de terça-feira tem linguagem simples e emotiva, com bastantes imagens externas e poucas cenas de estúdio. O programa aposta na linguagem jornalística: para toda realização do governo Lula será apresentado um personagem que sentiu na pele a transformação dos últimos oito anos. Nessas histórias, sempre aparecerá o papel de Dilma no processo. Os programas mostrarão a petista como responsável pela condução de projetos e o presidente Lula como o avalista das iniciativas da candidata.
A ideia é mostrar a mudança na vida de pessoas que recebem o Bolsa Família, são beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, passaram a receber luz elétrica graças ao Programa Luz Para Todos, estudantes com bolsa do ProUni. ;Ela só vai entrar em propostas depois dos primeiros programas, que vão ser usados para falar do currículo, da história e da relação dela com o Lula;, explica o secretário de Comunicação do PT, André Vargas. A estrutura de tevê e rádio de Dilma deve custar até R$ 30 milhões, para produzir programas de 10 minutos e 39 segundos.
Regionalizar
Dentro do ninho tucano, os planos para tentar inverter o quadro traçado pelas pesquisas incluem explorar o conhecimento em âmbito nacional do candidato, que é superior ao de Dilma ou de Marina. Como precisa de uma apresentação mais rápida do que as adversárias, o tucano pretende jogar forte com as propostas. A intenção é fazer pelo menos uma promessa por programa ; ou três por semana. Vários desses projetos estão sendo coletados pela equipe responsável pelo plano de governo do candidato. Chefiado por Xico Graziano, o núcleo já passou por cerca de dez estados e deve percorrer o Brasil até meados de setembro.
A aposta do tucano será regionalizar algumas propostas, como a transposição do Rio Francisco, que demanda ações diferentes, de acordo com o estado em análise. Ao passo em que Dilma mostrará personagens atendidos por projetos do governo federal, o tucano exibirá pessoas beneficiadas por ações criadas por ele quando foi ministro da Saúde e governador de São Paulo. Nas cenas, Serra deve servir também como apresentador do programa, que terá 7 minutos e 18 segundos e será tocado por Luiz Gonzalez.
Com verba menor do que os dois adversários (ela pretende gastar até R$ 4 milhões), Marina quer trazer criatividade para o horário eleitoral. O recado da candidata verde terá de ser passado em 1 minuto e 23 segundos, tempo sete vezes inferior ao de Dilma. A ideia é aproveitar o espaço com uma linguagem pop, animações em quadrinhos e explorar ao máximo a imagem do vice, Guilherme Leal, empresário e dono da Natura. Marina vai aparecer ao lado de artistas como Gilberto Gil e Caetano Veloso, e estudiosos que a apoiam, em desenhos e animações, no seu comitê central em São Paulo. Os programas serão dirigidos por Paulo de Tarso.