postado em 15/08/2010 09:52
Belo Horizonte ; Conseguir um emprego, uma plástica nos seios, dinheiro para fazer festa de casamento, aniversário de 15 anos e até limpar o seu nome na delegacia da cidade. Algo que se pede a amigos próximos ou parentes, de quem se espera todo empenho para dar aquela mãozinha, certo? Nem sempre. Para vários eleitores do interior e até da capital de Minas Gerais, o pedido também pode ter como destinatário os deputados federais e estaduais, principalmente agora que eles dependem do voto para conquistar um novo mandato eletivo. Do outro lado, para não serem enquadrados na legislação eleitoral, que proíbe a troca de favores, os parlamentares precisam rebolar para dizer não sem perder a preferência nas bases.Em tempos de campanha, as saias justas são muitas. Quando chegam aos redutos eleitorais, os parlamentares acabam ouvindo cobranças inusitadas. O deputado estadual Antônio Júlio (PMDB-MG) preferiu fechar o escritório político no período eleitoral para evitar constrangimentos. ;As pessoas pedem de tudo. Festa de casamento, de 15 anos, bolsa de estudos; Já teve uma eleição na qual um cara queria que eu lhe conseguisse uma linha de ônibus na região, com quatro ônibus para operar. Eu teria que montar uma empresa;, diz.
Ainda na categoria das demandas absurdas, o peemedebista diz ouvir de tudo, até mulheres que querem uma cirurgia de redução da mama. ;Como é difícil conseguir pelo Estado, elas pedem para agilizar o processo. Outro dia me pediram para pagar um implante de seis dentes.; Apesar da proibição da legislação eleitoral, os parlamentares contam que interpelações como essas são muito comuns. Mas Antônio Júlio diz tirar de letra. ;Sei como dizer não, e explico as limitações da lei eleitoral;, afirma o parlamentar.
No norte de Minas, o deputado estadual Gil Pereira (PP) é outro que tenta escapar das abordagens. ;Outro dia, passando na rua, um senhor me parou e queria que o ajudasse. Ele tinha uma arma ilegal, que foi apreendida pela polícia, e ficou com o nome sujo, disse que não estava conseguindo trabalho. Veio achando que eu poderia resolver seu problema e falei que não, que ele deveria se encaminhar a um advogado.;
Nas áreas mais pobres não faltam problemas para os eleitores apelarem para os deputados. Gil Pereira conta que já recebeu muitas mães solicitando ajuda para a educação dos filhos. ;Querem trabalho, dentaduras, bolsas de estudo. A gente fica muito condoído, porque vê que a pessoa precisa de ajuda. Temos que explicar que nosso papel é legislar, fiscalizar e encaminhar as demandas ao poder público;, diz.
Crime
A atitude de levar pedidos de ajuda para candidatos, vista como inocente ou comum por quem pratica, pode levar o eleitor a cometer um crime. Pela legislação eleitoral em vigor, não é só o político que pode ser enquadrado se oferecer ou prometer bens em troca do voto. Aquele que pede favores está praticando corrupção passiva. A pena para quem for flagrado em uma das situações é de um a quatro anos de prisão.
Os pagadores de promessas
O candidato ao Senado por Minas Aécio Neves (foto), do PSDB, e o governador Antonio Anastasia (PSDB), que tenta a reeleição, cumpriram ontem uma promessa de campanha. De roupa, os tucanos entraram nas águas do Rio das Velhas, próximo ao município Santo Hipólito. O ex-governador, ao lançar o programa Meta 2010: navegar, pescar e nadar no Rio das Velhas, prometeu que seria um dos primeiros a entrar nas águas após a revitalização. Anastasia e Aécio percorreram alguns trechos do rio de barco e, depois, cumpriram a promessa. Após o primeiro mergulho, Aécio tirou a camisa para nadar.