Igor Silveira
postado em 21/09/2010 09:36
O governo optou por ampliar a lista de investigados e por exigir celeridade na verificação das denúncias que rondam a Casa Civil. A tentativa é amenizar o cenário eleitoral e interromper ; com o início efetivo das apurações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF) ; as sucessivas denúncias até 3 de outubro. Hoje, os envolvidos no suposto esquema de lobby montado por Israel Guerra, filho da antiga chefe da pasta Erenice Guerra, começam a ser ouvidos na PF.Durante a reunião de coordenação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou agilidade. ;O governo é o maior interessado na apuração das denúncias feitas nas últimas semanas. Precisamos saber se quem denunciou tem provas. Se o denunciado realmente cometeu irregularidade será punido. O presidente Lula quer que todas as denúncias, não importa se pequenas, médias ou grandes, sejam apuradas;, disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, sobre o encontro com os ministros. Carlos Eduardo Esteves Lima, interino na Casa Civil, foi apresentado aos colegas e Padilha afirmou que Lula não comentou se haveria mudanças na pasta. Paulo Bernardo, porém, um dos cotados para o cargo, teve uma reunião ; que não estava na agenda oficial ; com o presidente. Lima também teve um encontro com o presidente.
A CGU encampou a ordem do presidente e decidiu ampliar o rol de investigados. Inicialmente, o ministro Jorge Hage iria debruçar-se apenas sobre o pedido apresentado pela própria Erenice na última semana. Ontem, Hage divulgou nota afirmando que vai apurar todas as denúncias. Entre elas, contratos da MTA Linhas Áreas com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), cancelamento de multas e a concessão de exploração de ouro e calcário à empresa Matra Mineração, de propriedade do marido e de um amigo da ex-ministra. Esse último caso foi revelado pelo Correio. A Unicel, empresa de telefonia móvel que operou em fase de testes no Ministério da Defesa, também será objeto de processo apuratório. O marido de Erenice era um dos representantes do negócio.
Estrutura
Segundo o ministro Hage, as investigações serão feitas por meio de auditorias e/ou processos correcionais punitivos. Alguns órgãos, como os Correios, a Universidade Brasília (UnB) e as fundações de apoio, já são alvo de análises específicas.
;Tudo será rigorosamente apurado;, garante. Entretanto, a estrutura do ministro é limitada. Apesar de a legislação prever 5 mil servidores no órgão, a CGU conta com aproximadamente 2 mil. O número de auditorias e fiscalizações é crescente. Este ano, foram instauradas 12 investigações especiais. Todas calcadas em operações da PF. A CGU tem função legal de fiscalizar e não punir. A corregedoria é responsável pela punição no âmbito administrativo, que é restrito aos agentes públicos federais. Até agosto, 253 pessoas foram demitidas, 25 cassadas e 31 destituídas do serviço público federal.
O ministro afirma que, quando surgirem fatos que extrapolem os instrumentos de investigação da CGU, os casos serão remetidos à Polícia Federal e ao Ministério Público.