Politica

Na televisão, Serra e Dilma trocam farpas e têm mudanças tímidas

Ivan Iunes
postado em 09/10/2010 08:28
Um apanhado das principais palavras pronunciadas pelos presidenciáveis no retorno do horário eleitoral mostra que nenhum outro tema foi mais explorado por Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) do que a religião. A volta ao rádio e televisão em rede nacional trouxe uma petista preocupada em não provocar faíscas com temas sensíveis ao eleitor religioso e um tucano ávido por carimbar na adversária a imagem de que ela mudou de posicionamento a respeito do aborto apenas por conta do pleito. Não por acaso, nenhuma outra expressão foi mais acionada por Serra do que a ;defesa da vida;, enquanto Dilma abusou de ;família; e ;fé;.

Os programas mantiveram na reestreia a estratégia utilizada até o fim do primeiro turno. O tucano buscou criticar a petista, questionando o passado de Dilma e sua falta de experiência em cargos eletivos. Uma ligeira mudança de rumo foi sentida com a inclusão da presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Serra defendeu que FHC trouxe estabilidade e modernizou o país, além de reivindicar para o colega de partido a paternidade dos programas sociais, que teriam tido uma sequência no governo Lula. A edição chegou a mostrar fotos oficiais de ex-presidentes da República e uma de Serra, sugerindo que seria ele o próximo ocupante do Palácio do Planalto.

O ponto forte do programa tucano foi a associação de Dilma à polêmica em torno da descriminalização do aborto. Serra mostrou várias modelos grávidas para se dizer contrário ao aborto e ainda acusou a petista de mentir. ;Esse é José Serra, homem que nunca se envolveu em escândalos e que sempre foi coerente. Sempre condenou o aborto e defendeu a vida;, apresentou o programa. ;Você me conhece, sabe da minha franqueza e que não mudo de opinião na véspera;, provocou o candidato. No campo das propostas programáticas, sem novidades. O tucano voltou a listar as mesmas promessas do primeiro turno, sendo a mais expressiva a criação do programa Mãe Brasileira, voltado para gestantes.

Submundo
A petista utilizou os dez minutos a que tinha direito para se defender das acusações de que teria mudado de posicionamento em relação à descriminalização do aborto. A defesa mais contundente partiu do presidente Lula, que ressaltou que, assim como já acontecera com ele, Dilma estaria sofrendo uma campanha caluniosa.

O programa petista também utilizou o espaço em rádio e tevê para ressaltar as diferenças entre os governos de FHC e Lula. De acordo com o vídeo, se os tucanos tivessem permanecido no poder, o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e o Luz para Todos não teriam existido. Para tentar angariar votos de Marina Silva(PV), Dilma ressaltou que o resultado das duas no primeiro turno somava 67% dos votos, o que indicaria a preferência do brasileiro por candidatas do sexo feminino.

Os dois candidatos aproveitaram as reuniões com governadores e senadores eleitos para gravarem mensagens de apoio dos políticos às duas candidaturas. Pelo lado da petista, apareceram Tarso Genro, Cristovam Buarque, Cid Gomes, Marcelo Crivella, Jaques Wagner, Eduardo Campos, Delcídio Amaral, Sérgio Cabral, Roberto Requião, Renato Casagrande e Marta Suplicy. Os tucanos levaram ao ar Aécio Neves, Beto Richa, Geraldo Alckmin, Antônio Anastasia e Raimundo Colombo.

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