postado em 09/11/2010 08:30
A distribuição dos 37 ministérios no governo Dilma Rousseff passa por uma complicada equação de poder que soma partidos no plano nacional, divide postos levando em conta critérios estaduais e privilegia interesses de personalidades políticas influentes. Para manter no centro o fiel da balança da coalizão, a presidente eleita terá que criar uma política de cotas para comportar os aliados na Esplanada dos Ministérios. Além da chamada ;cota do PMDB;, principal aliado na coligação que deu a vitória a Dilma, os peemedebistas dominam pelo menos outras modalidades de ;cotas;. Ao vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), caberia a reserva de pelo menos um ministério. Mas a ;cota de Temer; pode ser ampliada e a tendência é o atual presidente da Câmara ganhar o direito de indicar dois ministros que não precisam, necessariamente, pertencer a quadros do PMDB.
Grandes colégios eleitorais, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, também entram no critério de divisão, com a ;cota do estado;. Mas a distribuição de poder pelo critério estadual varia de acordo com o perfil político da unidade da Federação. A ;cota do Rio de Janeiro; será preenchida pela indicação do governador Sérgio Cabral (PMDB), sem influência dos integrantes da bancada fluminense de partidos que formarão a base de Dilma no próximo ano. Em São Paulo, como a bancada do PMDB é pequena, a cota do estado ficará nas mãos do PT.
Partidos da base governista em Minas Gerais que apoiaram Dilma na disputa presidencial se reuniram ontem e decidiram permanecer unidos durante a composição do governo. A cota ministerial mineira será decidida em comum acordo com os partidos que se coligaram na disputa pelo governo do estado. Até agora, a bancada apontou os nomes dos deputados Leonardo Quintão (PMDB-MG) e Jaime Martins (PR-MG). ;Na cota de Minas Gerais já temos a presidente;, brinca Quintão, lembrando a naturalidade de Dilma. ;No governo Lula temos cinco ministros. Nessa composição, certamente, Minas Gerais será contemplada. Temos pessoas capacitadas e testadas nas urnas;, completa o deputado do PMDB mineiro sobre a cota suprapartidária.
Congresso
As composições da Câmara e do Senado também têm peso na política de cotas da distribuição do poder. O PMDB divide os postos na Esplanada entre as bancadas das duas Casas. A cota da Câmara indicou, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, três ministros, e a cota do Senado, outros três.
No PP, o atual ministro das Cidades, Márcio Fortes, entrou na cota da Presidência da Câmara, que era exercida por Severino Cavalcanti (PP-PE) durante a formação do governo Lula. Na composição para o governo Dilma, a legenda pretende encontrar um nome após debate interno, segundo o senador eleito pelo PP de Alagoas Benedito Lira. O deputado afirma que o partido não quer abrir mão do Ministério das Cidades.
;Queremos o que existe, mais alguma coisa. É uma decisão do partido (a indicação de quem vai preencher a cota), não uma decisão individual. Na pasta de Cidades, foi uma decisão do Severino, que era o padrinho do ministério. Ele é muito amigo do Márcio Fortes, que é um grande ministro, um grande companheiro;, afirma Lira.