Politica

Deputados a favor do Código Florestal foram financiados pelo agronegócio

Dos 13 deputados que ajudaram a aprovar reforma considerada condescendente com as regras ambientais, 11 receberam R$ 3,5 milhões de empresários interessados no texto

postado em 12/11/2010 08:51
Onze dos 13 parlamentares que votaram a favor do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) na comissão especial que analisa reformas no Código Florestal Brasileiro tiveram a campanha financiada por empresas ligadas ao agronegócio. Os parlamentares da comissão que votou reformas consideradas retrógradas na legislação ambiental brasileira arrecadaram R$ 3,5 milhões com empreendimentos ligados à agricultura e à pecuária. O próprio Aldo recebeu R$ 120 mil de cooperativas de cafeicultores, agropecuaristas e de crédito rural para custear a campanha que garantiu sua reeleição. O relatório do deputado do PCdoB ; aprovado por 13 a 5 na comissão especial formada para discutir reformas no Código Florestal ; foi duramente criticado por ambientalistas, que apontaram no texto final regressões na legislação que rege a atuação do Estado em relação a crimes ambientais e modo de exploração dos recursos naturais.

Dos 18 deputados que compõem a comissão especial, apenas cinco não receberam doação de campanha de empresas do agronegócio, atividades que têm interesse especial na anistia de multas por crimes contra o meio ambiente e a flexibilização das regras do manuseio de áreas verdes.

Na lista de doadores dos parlamentares estão grandes empresas de exportação de alimentos, frigoríficos, cooperativas dos estados de origem dos parlamentares e uma indústria de fertilizante, que fez repasse padronizado de R$ 70 mil para pelo menos seis dos parlamentares que votaram favoravelmente ao relatório que flexibiliza as regras de proteção ao meio ambiente.

Dos cinco deputados que votaram contra o texto final de Aldo, apenas o deputado Sarney Filho (PV-MA) recebeu doação de empresa do agronegócio. O candidato do PV foi contemplado com R$ 30 mil de empreendimento de comércio de carne. Dos 13 que votaram favoravelmente ao relatório, Eduardo Seabra (PTB-AP) e Ancelmo de Jesus (PT-RO) não arrecadaram com empresas do agronegócio (veja quadro).

O parlamentar da comissão especial que mais recebeu recursos de empreendimentos agropecuários foi Paulo Piau (PMDB-MG). O deputado arrecadou R$ 763 mil com o setor, em indústria de carnes, exportação e cooperativas de alimentos. Em segundo lugar vem o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), com R$ 534.200. Entre os doadores estão empreendimentos agroindustriais, cooperativas agropecuárias e de cana-de-açúcar. O Correio entrou em contato com a assessoria dos parlamentares e do deputado Aldo Rebelo, mas não obteve resposta.

Trâmite
O segundo passo para a reforma do Código Florestal, depois da aprovação na comissão especial, é a análise no plenário da Câmara. A pauta da Casa está trancada por medidas provisórias e o governo tenta votar o orçamento e os projetos do pré-sal. Líderes do governo no Congresso já acenaram sobre a impossibilidade de votar o Código Florestal ainda este ano.

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