postado em 17/11/2010 08:55
São Paulo ; Duas figuras conhecidas dos tribunais vão voltar a se enfrentar a partir de amanhã em São Paulo. O promotor Francisco Cembranelli e o advogado de defesa Roberto Podval estarão em lados opostos no julgamento do caso Celso Daniel, ex-prefeito de São André pelo PT, sequestrado e assassinado em janeiro de 2002. O julgamento de um dos acusados, Marcos Roberto Bispo dos Santos, apontado como autor dos disparos que matou o ex-prefeito, está marcado para começar nesta quinta-feira.Cembranelli e Podval atuaram no caso Isabella Nardoni, morta em 2008. No julgamento, ocorrido em março, o promotor conseguiu condenar o pai da garota, Alexandre Nardoni, a 31 anos de prisão e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, a 26. Desta vez, ele vai tentar pena máxima para Bispo dos Santos. ;Só há uma versão que foi investigada. Ela foi apurada, apresentada pelo MP. Inicialmente começou como crime contra o patrimônio, mas a investigação chegou a outras conclusões. Provas foram refeitas no juízo. Agora, o caso envolve crime de homicídio qualificado;, ressaltou Cembranelli. O promotor, desta vez, não será a única estrela da acusação. Ele fará apenas a sustentação oral da promotoria contra Bispo dos Santos, o único réu que enfrentará o júri popular amanhã. O acusado é apontado pelo Ministério Público como integrante do grupo que matou a tiros Celso Daniel. Segundo a investigação, ele é acusado de dirigir o carro que fechou o veículo que era conduzido por Daniel. De acordo com a acusação, Marcos já confessou sua participação ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). No entanto, na Justiça, ainda na fase de instrução do processo, ele deu outra versão e negou seu envolvimento. De acordo com o Ministério Público de São Paulo, Cembranelli foi designado pelo procurador-geral Fernando Grella para atuar no caso Celso Daniel em conjunto com outros promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). ;Farei a sustentação oral. São vários promotores que participam do caso. Como o processo é longo, outros colegas trabalharam;, ressaltou Cembranelli.
Ele não detalhou o caso. ;A motivação do crime e outros dados prefiro responder depois;, resumiu. Como estratégia para protelar o caso, o advogado Adriano Marreiro dos Santos, que defende Bispo dos Santos, vai pedir hoje o adiamento do julgamento. Decidiu alegar que seu cliente não foi convocado oficialmente para o júri. ;Não consegui contato com meu cliente e sei que ele não foi intimado oficialmente. Isso é motivo suficiente para pedir o adiamento;, disse o defensor. O Tribunal de Justiça de São Paulo informou ontem que, neste primeiro momento, só Marcos irá a júri porque os outros sete réus ainda têm recursos da sentença de pronúncia para serem julgados pelos desembargadores do Tribunal de São Paulo. Os demais, inclusive o mandante do crime, Sergio Gomes da Silva, o Sombra, só deverão ser julgados em 2011.
De acordo com o processo, os réus respondem por homicídio duplamente qualificado, motivo torpe e sem chance de defesa da vítima. Além de Bispo dos Santos e Sombra, são réus no caso: José Edson da Silva, Elcyd Brito, Ivan Rodrigues, Rodolfo Oliveira e Itamar dos Santos.
Como foi
O ex-prefeito Celso Daniel (PT) foi sequestrado e morto em janeiro de 2002 após ser considerado desaparecido por dois dias. Segundo o IML, ele foi baleado em uma estrada de terra em Itapecerica. Para o Ministério Público, o prefeito foi assassinado porque tentou acabar com um suposto esquema de corrupção na prefeitura. O irmão do político, o médico João Francisco Daniel, chegou a declarar que foi avisado que o dinheiro da corrupção ia para o PT. A promotoria argumenta também que o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, foi o mandante do crime. Ele foi segurança e assessor do prefeito.