Politica

Cargos de primeiro escalão na área econômica serão de indicados de Dilma

Presidências da Caixa, do Banco do Brasil, BNDS e da Petrobras serão preservadas da barganha dos aliados

postado em 19/11/2010 08:17
Os partidos aliados podem engavetar o sonho de comandar a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou mesmo a Petrobras. Essas áreas não entrarão no rol de cargos passíveis de ocupação por indicação partidária. Em outras palavras, seguirão sob o comando de petistas ou de técnicos indicados pela presidente eleita, Dilma Rousseff. São postos que, de acordo com o primeiro cenário geral do montado por Dilma, estão no mesmo patamar do Ministério da Fazenda - para onde ela convidou, ontem, o atual ministro, Guido Mantega, e ele aceitou - e do Banco Central do Brasil, onde a presidente eleita não gostaria de manter Henrique Meirelles.

O encontro entre Dilma e Mantega durou duas horas e meia. Estavam presentes ainda Gilberto Carvalho, chefe de gabinete da Presidência da República - nome certo na equipe do futuro governo - e Giles Carriconde Azevedo, apontado como futuro chefe de gabinete de Dilma. Mantega subiu sua cotação depois de o presidente Lula avaliar que ele foi um dos principais responsáveis pelo fato de a crise econômica que nocauteou a economia dos EUA, em 2008, não ter afetado fortemente o Brasil. As políticas de redução do IPI da linha branca, dos automóveis, o diálogo com empresários, tudo hoje é creditado ao ministro. Na avaliação de alguns, ele "conquistou atores econômicos". E, para completar, não tem ambições políticas que possam fazer sombra aos chefes (Lula e, agora, Dilma), o que o torna o nome ideal.

A presidente eleita só não anunciou oficialmente a permanência de Mantega porque deseja fazer o comunicado formal quando estiver fechado o nome do presidente do Banco Central. Hoje, nenhum político de peso joga as fichas na permanência de Meirelles do BC. Até porque, dizem os mais fiéis escudeiros de Dilma, ela terá que primeiro optar se o perfil do futuro presidente do BC deve ser alguém mais ligado à área pública ou com um estilo de operador de mercado. Para o primeiro caso, tem Fábio Barbosa. Para o segundo, Luis Carlos Trabucco ou Otávio de Barros, do Bradesco. Se decidir colocar alguém do próprio BC, o nome mais forte é o de Alexandre Tombini.

Reserva
A decisão de anunciar logo os ministros da área econômica e de blindar esse setor da influência dos aliados foi tomada na reunião da presidente eleita com Lula, na última terça-feira. Ali, os dois, com a assessoria de Antonio Palocci, traçaram um cenário geral do governo. Além de listar os cargos que devem ficar restritos ao comando de Dilma, eles fixaram três níveis de escolha dos ministros. Nesse primeiro platô do governo, as áreas que Dilma não abrirá o comando aos aliados, a justificativa é a de que essa área de financiamento é estratégica e tem que atender diretamente à política que for definida pelo Palácio do Planalto, sem influência de terceiros.

A Caixa Econômica é considerada o coração do projeto Minha Casa, Minha Vida, um dos programas que Dilma pretende acelerar no ano que vem. Ela, no entanto, tem dúvidas sobre a manutenção de Maria Fernanda Ramos Coelho no comando da Caixa, até porque a CEF foi criticada na reunião do Conselho Político por atraso na liberação das obras.

Quanto ao Banco do Brasil, a presidente eleita deseja manter Aldemir Bendine. O problema é que ele vem sendo cotado também para assumir a Presidência da Vale, na hipótese de Roger Agnelli deixar o cargo. A Petrobras entrou nesse rol por conta do pré-sal. Na avaliação de Dilma, a empresa está bem e, embora não seja afeita ao futebol, já pegou alguns cacoetes do presidente Lula, como o velho e bom bordão: "Em time que está ganhando, não se mexe", a não ser se os jogadores estiverem meio parados em campo.

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