Politica

José Dirceu defende relação leal entre o Partido dos Trabalhadores e o PMDB

Ao comentar o baque na aliança, ex-ministro diz que as legendas têm que se entender

postado em 20/11/2010 00:39
José Dirceu pavimenta o caminho para voltar aos holofotes da políticaO ex-ministro da Casa Civil José Dirceu continua prestigiado por seu partido e fala abertamente sobre o que pensa do futuro. ;PT e PMDB estão condenados a se entenderem e a governarem juntos, com outros partidos que apoiaram a presidente Dilma;, afirmou ele ontem, no intervalo da reunião do Diretório Nacional petista, em Brasília. Referia-se aos últimos movimentos que provocaram um estremecimento entre os dois principais partidos vitoriosos na Presidência da República. Dirceu ressaltou ainda que a relação entre as duas legendas deve ser marcada pela lealdade, como foi no período de campanha, quando, salvo alguns episódios isolados, PT e PMDB se saíram muito bem.

Econômico nas declarações à imprensa, o ex-deputado e ex-presidente do PT aproveitou a parte fechada da reunião para defender a reforma política. Ao mesmo tempo, em conversa com outros correligionários, disse que o partido deveria reivindicar a Presidência da Câmara sem rodízio, afinal, tem a maior bancada da Casa, assim como o PMDB tem a maior bancada do Senado.

Sobre a composição do futuro governo, é claro quando se refere ao ex-ministro Antonio Palocci, uma espécie de curinga de Dilma Rousseff, cotado para as Comunicações ou para um gabinete no Palácio do Planalto. ;Todos sabem que tive diferenças com ele, mas Palocci é um quadro importante e será importante para o governo Dilma. Eu não veto ninguém;, comentou ele, sem meias palavras.

Mensalão
Dirceu não tem hoje a menor ideia do momento de voltar à ribalta da política. Desde 2005, quando viu sua carreira política ser interrompida por causa do escândalo do mensalão, ele vem atuando nos bastidores, aguardando o julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). E lá se vão cinco anos. Ele sabe, entretanto, que, quando for julgado, caso inocentado, virá no momento seguinte um pedido de anistia para que possa concorrer às eleições. Hoje, como teve o mandato de deputado cassado, ele só pode concorrer a um cargo eletivo a partir de 2016.

Nessa corrida pelo julgamento, Dirceu deverá contar em breve com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, a partir do ano que vem, pretende empreender a reforma política e ajudar o PT a recuperar a sua história, inclusive passando a limpo o episódio que ficou conhecido como mensalão. Em pelo menos duas oportunidades e entrevistas, Lula já declarou que seu partido teria que enfrentar esse tema e encarar de frente, falando abertamente tudo o que pensa e tratando de fatos concretos relacionados ao escândalo.

Dirceu, entretanto, não está preocupado diretamente com essa acareação neste momento. Sua prioridade é ajudar o filho, Zeca Dirceu, deputado federal eleito pelo PT do Paraná, que ontem participou da reunião ao lado do pai. ;Não vejo a hora de chegar fevereiro;, comentou Zeca, animado com a futura missão, na qual, embora lute por luz própria, chegará, como todos os filhos de políticos, com a marca do pai.

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