Politica

Serra reaparece, mas evita falar sobre política

Igor Silveira
postado em 20/11/2010 09:15
Aos poucos, o tucano José Serra vai retomando a rotina normal após os sete meses intensos de campanha presidencial. O ex-ministro da Saúde, no entanto, parece ter sentido o golpe e, diferentemente da corrida ao Palácio do Planalto de 2002, quando também foi derrotado por um candidato do PT, o então presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, não tem falado muito sobre política publicamente. Por meio do principal canal de comunicação usado entre o político do PSDB e eleitores, a rede de microblogs Twitter, Serra tem comentado somente sobre amenidades, incluindo roteiros de viagens e sugestões musicais.

Mantendo o costume de postar as mensagens durante as madrugadas, José Serra escreveu, nas primeiras horas de ontem, 18 mensagens para os cerca de 570 mil seguidores do perfil. No conteúdo, nada de críticas ao próximo governo ou pistas sobre o que fará nos meses seguintes. Depois de comemorar a volta ao Twitter, o tucano falou da visita que fez à Hungria, trocou impressões sobre uma música do artista brasileiro Almir Sater e sobre outra do grupo norte-americano Linkin Park.

;Nunca tinha ficado tanto tempo longe do Twitter: uma semana! Fez falta;, registrou Serra em um momento. ;Em Budapeste, no aeroporto, conhecemos uma jovem brasileira que mora lá. No final, ela e o marido (húngaro) nos mostraram toda a cidade. Visitamos o Museu do Terror, no antigo prédio da Gestapo nazista e, depois, o da KGB soviética. A Hungria sofreu o pior das duas polícias;, completou o ex-candidato.

Encontro
Há oito anos, no dia seguinte da votação que elegeu, no segundo turno, Lula para a Presidência da República, José Serra já falava em se reunir com o petista para conversarem. A situação, porém, era diferente da atual. Serra e Lula sempre mantiveram contato e, além disso, tinham amigos em comum. O principal deles era o ex-deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF). Na época, o interlocutor facilitava conversas para que as duas bases tivessem um bom diálogo no Congresso. O entendimento com o PMDB não implica fechar as portas para o PSDB. Uma articulação não exclui a outra;, dizia Seixas.

Dilma Rousseff tem se preocupado, nas últimas semanas, em montar a equipe que vai trabalhar na Esplanada dos Ministérios e não dá demonstrações de que pretende se reunir com a bancada do PSDB em breve. Enquanto isso, Serra faz mistério em relação ao que fará daqui para frente. No próprio Twitter, divagou: ;No voo de volta (da Hungria), na contracapa de um livro, anotei uma lista do que tenho para fazer aqui nos próximos dias, semanas e meses. Nossa!”.


MEMÓRIA
O sumiço de Alckmin
Em 2006, o presidenciável derrotado no segundo turno das eleições também levou um tempo até voltar a marcar posição política. Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência da República, pouco tempo após ser vencido por Lula viajou para os Estados Unidos. Lá, o tucano participou de um curso realizado pela Universidade de Harvard, cujo programa foi desenvolvido para governantes, ex-governantes e especialistas em outros países. Foram cinco meses em solo norte-americano e, durante alguns intervalos, Alckmin veio ao Brasil para ministrar palestras. Quando voltou a se concentrar nas atividades políticas nacionais, declarou que seria um soldado na oposição ao governo Lula. Voltou a concorrer a um cargo eletivo somente neste ano, quando foi eleito, no primeiro turno, governador de São Paulo, deixando o petista Aloizio Mercadante em segundo colocado. (IS)

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