Politica

PMDB tenta demover Dilma da ideia de entregar dois ministérios a petistas

postado em 24/11/2010 08:30
Os obstáculos que a presidente eleita, Dilma Rousseff, enfrentou para escolher os responsáveis mais diretos pela política econômica do governo (leia mais na página 3) são pequenos perto do que está por vir. Na fase em curso, a de escolha dos ministros dos partidos combinada com aqueles cargos em que ela deseja nomear pessoas de sua estrita confiança, Dilma começa enfrentando resistência do PMDB, que não aceita ceder os ministérios das Comunicações e o da Saúde. Isso mesmo que os titulares cotados para as pastas sejam nomes ligados diretamente à presidente Dilma, como o chefe da transição, Antonio Palocci, e o atual ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Mas Dilma, por enquanto, não se mostra disposta a ceder. Ontem, por exemplo, ela se reuniu com o presidente do PSB, Eduardo Campos, considerado na transição como alguém que pode auxiliá-la na operação de enquadramento do PMDB.

Depois que Palocci apareceu cotado para ocupar as Comunicações e Padilha, a pasta da Saúde, os peemedebistas deflagraram a reação. O primeiro movimento visível saiu ontem, da reunião dos governadores (leia mais na página 7) na casa do presidente da Câmara, Michel Temer, vice-presidente eleito. Quando lhe foi dada a palavra para falar em nome do PMDB, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) anunciou que representava naquele momento o bloco PMDB, PP, PR, PTB e PSC. ;Recebemos muitos ;elogios; no fim de semana, mas queria comunicar que estamos aqui, num bloco, de forma amadurecida e responsável, para ajudar;, afirmou, referindo-se às críticas que Lula fez ao bloco na semana passada e à afirmação feita pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, na entrevista ao Correio, de que a operação havia sido ;atabalhoada;.

A retomada do bloco pegou os petistas de surpresa. Para assessores próximos, foi a forma que Alves encontrou de levar a presidente eleita a pensar duas vezes antes de decidir reduzir o espaço do PMDB no que se refere à Esplanada dos Ministérios. Por enquanto, o partido de Temer só não encrencou com os cargos da área econômica e, ainda, com aqueles exclusivos do Palácio do Planalto ; para onde vai o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

Barganha
Para ceder Comunicações ou Saúde, o PMDB deseja uma compensação à altura. Serviria, por exemplo, a Previdência Social, hoje nas mãos do PT. O problema é que a presidente eleita não deseja lotear a Previdência, para onde o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que terminou fora do Banco Central, também aparece cotado. O vice-presidente eleito, Michel Temer, que tem participado das conversas de escolha de ministros, tem procurado se manter como um conciliador da briga a tentado assumir o papel institucional que lhe cabe no futuro governo. Ainda assim, não deixa de levar à equipe de transição as preocupações de sua legenda. Ontem, por exemplo, se reuniu com Dilma para tratar dessa segunda fase da montagem da equipe.

A conversa entre Temer e Dilma foi antes do encontro da presidente eleita com o presidente do PSB, Eduardo Campos. Na saída, Campos foi evasivo ao falar do espaço de seu partido no governo. ;Queremos ajudá-la a montar a melhor equipe, que funcione e dê condições para fazer uma grande gestão. Esse é o comportamento que o PSB deve ter;, comentou. O PSB, entretanto, já avisou que gostaria de ocupar a Integração Nacional, outro espaço que hoje está nas mãos do PMDB.

Enquanto Dilma ouve os presidentes dos partidos e conversa com os ministros escolhidos, seus escudeiros consultam os políticos para saber se alguns ministros atuais representam efetivamente os partidos em que estão inscritos. Ontem, por exemplo, houve contatos com integrantes do PV para saber se o ministro Juca Ferreira, da Cultura, representa o interesse da bancada. ;A Cultura não é do PV, nunca foi. A maioria dos deputados nem conhece o ministro. Quem tem cargo no governo hoje é pessoal;, comentou o deputado Fábio Ramalho (PV-MG).

STJ absolve Palocci

Os ministros da 1; turma do Superior Tribunal de Justiça decidiram, ontem, rejeitar um recurso do Ministério Público de São Paulo contra o ex-prefeito de Ribeirão Preto (SP) Antonio Palocci. O relator, ministro Teori Zavascki, entendeu que não havia elementos suficientes para dar consistência ao argumento do MP. Palocci já tinha sido absolvido na primeira e na segunda instâncias.

O MP sustentava que o ex-ministro de Lula, nome forte da transição de governo de Dilma Rousseff , teria autorizado a contratação de serviços de informática sem licitação durante sua gestão em Ribeirão Preto.

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