postado em 24/11/2010 10:00
Exonerada em 2005 pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff por suposto envolvimento no mensalão do PT, Sandra Rodrigues Cabral, chefe de gabinete da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, vai participar da transição. A assessora foi designada ontem para compor o núcleo de interlocutores dos ministérios com a equipe da presidente eleita. O nome dela foi publicado em uma portaria no Diário Oficial da União com o de outros 107 servidores.Sandra voltou à Presidência da República em 2008, segundo dados do Portal da Transparência. O convite foi feito pelo deputado federal Edson Santos. Cedida pelo governo de Goiás, ela ocupa cargo de confiança na secretaria com salário de R$ 8.988. A pasta é atualmente comandada por Eloi Ferreira.
Em 2005, a assessora-especial da Casa Civil recebia R$ 11.179, além de um extra pela vaga no Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A pasta estava sob o comando de José Dirceu (PT). Na Casa Civil, Sandra era responsável pela nomeação de funcionários.
À época, a chefe de gabinete do ministério foi apontada como possível interlocutora do empresário Marcos Valério no Palácio do Planalto. Em entrevistas, ela confirmou ter recebido o empresário mineiro em seu gabinete. Mas alegou ter tratado da candidatura do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, à Câmara. Os dois são filiados ao mesmo sindicato de professores estaduais e amigos há três décadas.
Ontem, ao Correio, Sandra Cabral negou qualquer envolvimento com o esquema de caixa dois do mensalão do PT. ;Foram feitas várias ilações desrespeitosas e levianas que nunca tiveram consequência. Não sou citada no processo;, disse. Entretanto, ela confirma ter recebido Marcos Valério em seu gabinete. ;Recebi várias pessoas. Um servidor público escuta todo mundo.;
A chefe de gabinete afirma que a exoneração foi feita a pedido e que entregou o cargo em respeito ao chefe. Depois do escândalo do mensalão, a assessora voltou para Goiás, apesar de ter sido convidada para ocupar um cargo no gabinete de Dirceu na Câmara. Três anos depois, retornou ao governo.
Processos
Um dos indicados pelo Ministério do Esporte para auxiliar a equipe de transição de Dilma, o secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, é citado em alguns processos no Tribunal de Contas da União (TCU) por supostas irregularidades cometidas durante a organização dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, em 2007. Leyser já foi inocentado em alguns procedimentos instaurados pelo TCU, mas ainda terá de explicar possíveis irregularidades em um convênio firmado entre o Ministério do Esporte e a Fast Engenharia e Montagens S.A. Os recursos serviram para implementar infraestrutura temporária e alugar equipamentos para a construção de instalações esportivas e não esportivas da Vila Panamericana. Se condenado, Leyser terá de ressarcir os cofres públicos.
O governo também nomeou Fabrizio Pierdomenico, da Secretaria Especial de Portos, ligada à Presidência da República, para compor o núcleo de apoio à presidente eleita. A petista foi a responsável pela nomeação de Fabrizio em 2008 para o cargo. Integrante do PT, ele é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de favorecer a Santos Brasil, empresa controlada pelo Banco Opportunity, de Daniel Dantas.
Carlos Moura/CB/D.A Press - 1/7/10
Nelson Machado, Luiz Navarro, Paulo Vannuchi e Armando Meziat estão entre os escolhidos. Casa Civil descarta a convocação de mais profissionais
Escolhidos não receberão extra
De acordo com a assessoria de imprensa da Casa Civil, os 108 nomeados para atuarem como interlocutores dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios na equipe de transição não receberão salários adicionais pelo trabalho. Também não estão previstas novas convocações até o fim do ano.
As nomeações foram feitas pelo ministro da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves, em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) de ontem. Os escolhidos deverão prestar informações e apoio técnico ao grupo que trabalha no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da transição, coordenada pelo vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), os deputados Antonio Palocci (PT-SP) e José Eduardo Cardozo (PT-SP), além do presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Entre os indicados, selecionados pelos ministros de 36 pastas, estão alguns ministros, secretários-executivos, diretores de autarquias, coordenadores de programas governamentais e embaixadores. A coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Miriam Belchior; o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi; o secretário-executivo da Controladoria-Geral da União, Luiz Navarro; o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Luiz Antonio Pagot, e Armando de Melo Meziat, da Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior fazem parte do grupo. (AR e LK)