Politica

Para representante de Niemeyer, obra no Planalto foi desorganizada

Igor Silveira
postado em 26/11/2010 08:30
;Aquilo não tinha a organização de uma obra.; A frase é de Carlos Magalhães, representante do escritório do arquiteto Oscar Niemeyer em Brasília. A equipe do homem que desenhou a Esplanada dos Ministérios é responsável pelo projeto da reforma do Palácio do Planalto, que demorou mais de um ano para ficar pronta e custou cerca de R$ 103 milhões aos cofres públicos. Uma matéria publicada ontem no Correio mostrou que, entregue há três meses, o espaço já tem infiltrações em paredes e tetos, poças acumuladas nas garagens e esquadrias com vazamento. De acordo com Magalhães, integrantes do governo federal foram alertados várias vezes sobre problemas na restauração do prédio, mas os avisos teriam sido ignorados. Ele ressalta também que a Presidência da República não deu atenção aos pedidos de Niemeyer para que membros do escritório ajudassem na fiscalização na restauração do edifício.
;É uma obra de péssima qualidade. É um desrespeito ao projeto, a Brasília e ao Niemeyer. Assustado com as coisas que levávamos a ele, o Niemeyer escreveu duas cartas, em dois momentos, pedindo para que acompanhássemos a execução da obra. Eles nem responderam. Demonstraram uma falta de educação enorme;, disse Magalhães.

Ouça íntegra da entrevista com Carlos Magalhães, representante do escritório de arquitetura de Oscar Niemeyer em Brasília


O presidente da Porto Belo Construções e Comércio Ltda., Celso de Paula, empresa responsável pela execução da revitalização do palácio, justificou os problemas da obra ressaltando que trabalhar com reforma é mais complicado por juntar materiais antigos e novos. Ele também disse que só é possível saber se a impermeabilização está perfeita com um teste eficiente. As chuvas do último fim de semana mostraram que, no caso do Palácio do Planalto, não estava. ;Não adianta usar mangueirinha. A chuva de terça-feira foi anormal e estamos apurando para saber o que precisa ser corrigido;, destacou.

Carlos Magalhães classificou a frase de Paula como absurda. Para ele, a Porto Belo não tem experiência para uma obra daquele porte. ;Isso não representa boa técnica. Ele (Celso de Paula) não devia ter falado isso porque depõe contra a própria empresa. Aquilo é um desleixo muito grande;, criticou.

Sem pagamento
Magalhães conta também que o contrato do escritório de Oscar Niemeyer com o governo federal ainda não foi encerrado e que ;ainda não recebeu quase nada; pelos serviços prestados. ;A primeira reforma no Palácio do Planalto foi conduzida por mim, ainda no período da ditadura militar. Eu fui preso pelos militares e, quando fui solto, trabalhei na revitalização do Planalto. Nem naquela época fui tratado com tanta falta de respeito como estou sendo agora;, desabafa. ;Não fui convidado para visitar o prédio depois que a obra foi entregue;, completou.

Procurada pela reportagem, a Casa Civil informou que o escritório do arquiteto Oscar Niemeyer apresentou proposta para ser contratado como fiscal da obra, porém o Exército Brasileiro já havia firmado um Termo de Cooperação com a Presidência da República para licitar, contratar e fiscalizar a reforma. Além disso, as obras foram acompanhadas periodicamente, segundo a Casa Civil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O governo diz também que a maior parte do contrato já foi pago e que o saldo restante está sendo verificado.

Recontratação no gabinete
; Em nota divulgada à imprensa, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) nega que Adriana Crivella seja sua prima. ;Reafirmo: Adriana Crivella não é minha prima, irmã, filha, sobrinha e nem avó. Não é minha parente. Nunca empreguei parentes porque sou contra o nepotismo.; Reportagem do Correio publicada na última segunda-feira mostrou que Adriana foi recontratada no gabinete do senador por ato assinado em 29 de outubro de 2010. ;Ela foi exonerada em agosto de 2010 para poder trabalhar na campanha e voltou ao cargo agora em novembro. Nepotismo é até 3; grau. Ela é no 9; grau;, disse Marcelo Crivella.

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