Ivan Iunes
postado em 26/11/2010 09:01
O aceite do deputado federal Antônio Palocci (PT-SP) para comandar a Casa Civil a partir de janeiro praticamente definiu o desenho dos ministros palacianos no governo Dilma Rousseff. O convite havia sido feito na semana passada, mas só ganhou a concordância de Palocci ontem. Sob a sua gestão, a pasta será remodelada e não vai cuidar de obras ou projetos específicos ; terá caráter mais político. Com o lugar do coordenador da transição definido, o atual chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, deve ir para a Secretaria-Geral e Alexandre Padilha, permanecer onde está, na pasta de Relações Institucionais, responsável pelo dia a dia do Congresso. O atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tem a nomeação quase pronta para a Previdência Social.Com o quadro palaciano desenhado, Dilma agora se debruça sobre dois nós: como acomodar a sede do PMDB e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que foi para o sacrifício na disputa pelo governo de São Paulo e terminará o mandato em dezembro. O PMDB, que vai perder o Ministério da Saúde e o da Integração Nacional (leia na página 4), não aceitaria ficar sem um terceiro, as Comunicações, para onde o partido deseja indicar um senador, Eduardo Braga (AM) ou Eunício Oliveira (CE), ex- ministro da própria pasta no governo Lula.
O lugar considerado ideal para Mercadante é a Ciência e Tecnologia ; ele é professor universitário e economista, mas o senador paulista cada vez recebe o papel de curinga do partido para a Esplanada, podendo ocupar pastas diferentes, de acordo com a necessidade de encaixar integrantes da base aliada. O senador paulista esteve cotado inicialmente para a Educação, mas aqueles que têm acesso direto a Dilma Rousseff dão como certa a permanência de Fernando Haddad no cargo, a pedido do presidente Lula.
Organograma
A disputa por espaço entre aliados e o PMDB forçou a presidente a adiar o anúncio dos chamados ministros palacianos. Primeiro, a dificuldade seria abrir brechas de entendimento entre PT e PMDB, os dois gigantes no governo. Não foi à toa que a presidente Dilma pediu aos petistas mais ;generosidade; na hora de dividir espaços com os demais partidos. Com o sinal positivo de Palocci, a presidente confirmará a intenção de retirar projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e atribuições mais espinhosas da pasta para o Planejamento, da ministra Miriam Belchior.
Também existe a possibilidade de a Casa Civil incorporar a estrutura hoje ocupada pela Secretaria de Comunicação Social, chefiada por Franklin Martins. Caso Gilberto Carvalho seja confirmado na Secretaria-Geral da Presidência, ele deve ter como uma de suas principais atribuições a função de fazer a ponte entre o coração do Poder Executivo federal e os movimentos sociais e de origem religiosa.
Com o cancelamento da ida a Georgetown para a reunião da Unasul, Dilma pretende preencher o organograma palaciano até o fim de semana. Na semana que vem, os ministros mais próximos serão anunciados oficialmente. Com a confirmação dos nomes que constarão do círculo próximo à presidente, as negociações sobre as pastas entregues à composição política passam a ser prioridade. Até lá, o principal desafio da presidente eleita será conter a intenção do PMDB de escolher, pessoalmente, os ministérios que constarão da sua cota na Esplanada.
O último porquinho órfão
; Um dos testes do PT na cessão de espaço será indicar na sua quota um nome de outro partido. É que com Antônio Palocci no Palácio do Planalto e José Eduardo Cardozo na Justiça, faltaria apenas o presidente do PT, José Eduardo Dutra, suplente de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) no Senado, ser agraciado com alguma posição de destaque. Não por acaso, Valadares tem a nomeação cogitada semana sim, semana não, para ministro na quota do PT. Dessa forma, o presidente petista seria guindado a uma vaga de senador. A intenção, no entanto, esbarra na vontade do próprio senador sergipano que, por sentir o passe valorizado, já indicou que não aceitará qualquer ministério.