Politica

PT e PMDB travam batalha para conseguir emplacar o ministro da Saúde

Ivan Iunes
postado em 27/11/2010 08:00
A presidente eleita, Dilma Rousseff, está debruçada sobre um tabuleiro de xadrez para achar um nome capaz de gerenciar o Ministério da Saúde e agradar PT e PMDB. As duas legendas fazem uma disputa fratricida nos bastidores pelo protagonismo na área. Dois nomes figuram como cotados para assumir a pasta: o sanitarista Paulo Marchiori Buss e o secretário de Planejamento de Belo Horizonte, Helvécio Magalhães. Os dois já haviam sido cogitados para o cargo quando o ex-ministro Humberto Costa foi substituído pelo atual, José Gomes Temporão.

O PT rejeita Buss por considerá-lo parte do mesmo grupo do peemedebista Temporão. A equipe de transição, no entanto, analisa o nome do sanitarista por ele se enquadrar em um dos perfis que Dilma quer para a pasta. Um nome reconhecido pela sociedade, com capacidade técnica posta à prova. Buss foi presidente da Fiocruz e atualmente é integrante do Comitê Executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS). O maior entrave para a nomeação dele é exatamente a rejeição petista. ;O Paulo Buss sofrerá resistência violentíssima porque ele é uma versão piorada do Temporão;, afirmou um petista na condição de anonimato.

Na avaliação de integrantes do PT, é preciso um político com trânsito nos partidos para aumentar o financiamento da Saúde. É nessa brecha encontrada pelo partido da presidente eleita que se encaixa o nome do Helvécio Magalhães, que foi secretário de Saúde na gestão de Fernando Pimentel (PT) na Prefeitura de Belo Horizonte. ;Hoje, o problema da Saúde não vai se resolver só com um perfil técnico. É preciso alguém com trânsito dentro dos partidos para levar dinheiro aos estados e aos municípios. Alguém com capacidade de interação política;, disse um parlamentar do PT.

Vácuo
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, tentou emplacar seu secretário de Saúde, Sergio Côrtes, o idealizador das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que Dilma usou como bandeira durante a campanha. O nome dele era, inclusive, o mais cotado. Côrtes, porém, tem como passivo o fato de seu ex-subsecretário Cesar Romero ter sido indiciado por fraude em licitação na aquisição de ambulâncias.

Com as denúncias, Côrtes rejeitou as sondagens e abriu-se um vácuo. O secretário de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tentou preencher o espaço. Manobrou para ser indicado, recebeu respaldo do PT, mas a presidente eleita quer mantê-lo no cargo de menor expressão. Com isso, surgiu a ideia de um nome puramente técnico. Buss, um dos principais avalizadores da indicação de Temporão para o presidente Lula, passou a circular pelos corredores da transição. O PT contra-atacou para enfraquecer a proposta e lembrou que o sanitarista militou no antigo PCB.

Hoje, os únicos nomes que constam da prancheta da transição são de Buss e Helvécio. Mas os petistas lembram que o posto poderia ser ocupado também por Fausto Pereira dos Santos, ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde, e Jorge José Santos Pereira Solla, secretário de Saúde da Bahia.

A pausa de Dilma
; A presidente eleita, Dilma Rousseff, volta a Brasília no fim da tarde de hoje. Ontem, ela esteve em São Paulo para descansar e resolver questões pessoais, segundo informou a assessoria do governo de transição. Também estavam na capital paulista os principais integrantes da equipe da ex-ministra: os deputados Antonio Palocci e José Eduardo Cardozo; o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra; e o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB). Conforme declarou a assessoria, não houve reunião entre Dilma e os demais. Há uma semana, a presidente eleita esteve em São Paulo para se submeter a uma bateria de exames no Hospital Sírio Libanês e participar de um almoço com a comunidade médica.

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