Politica

PCdoB não abre mão de Orlando Silva para o Ministério do Esporte

Especial para o Correio, Luciana Bezerra
postado em 29/11/2010 08:26
Se depender do PCdoB, o ministério do Esporte continuará sob responsabilidade de Orlando Silva. O partido promoveu neste fim de semana uma reunião com todos seus integrantes, em São Paulo. A orientação vai no rumo contrário do que cogita a presidente eleita, Dilma Rousseff, e integrantes de sua equipe de transição. Para eles, o melhor nome para comandar a pasta é o da deputada Manuela D;Ávila (PCdoB-RS). Com a nomeação da parlamentar, Dilma solucionaria dois problemas de uma só vez: preencheria a cota do partido aliado e atenderia parte da sua demanda particular, que é a de colocar mais mulheres em postos estratégicos da Esplanada.

O PCdoB, no entanto, tem outros planos para a jovem deputada. Segundo o presidente do partido, Renato Rabelo, é preciso capitalizar os quase 500 mil votos conquistados por ela na última eleição, que a credencia para disputar a prefeitura de Porto Alegre. Se for nomeada ministra, fica atrelada ao projeto de quatro anos da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016, inviabilizando o projeto de poder dos comunistas. ;Manuela teve um desempenho histórico e vem se destacando politicamente. Ela tem uma grande capacidade de comunicação;, disse ele. Em 2008, ela se candidatou pela primeira vez ao cargo. Não conseguiu chegar ao segundo turno, mas se firmou como força política no estado.

Caso não consigam manter Manuela distante das pretensões de Dilma, os comunistam vão tentar sugerir à presidente eleita a encaminhá-la para a Secretaria Nacional de Juventude. ;Hoje, a juventude está muito distante da política e dos partidos. E ela poderia diminuir esse abismo;, afirmou ele.

Para segurar Orlando Silva no Esporte, o PCdoB vai pregar o discurso da continuidade, tão em voga no processo de transição. ;Ele vem fazendo um trabalho de sucesso. É o Orlando que vem fechando os acordos para a realização da Copa em 2014 e das Olimpíadas em 2016. E ficar trocando gente, pode dar problema;, afirmou o dirigente, que destacou ainda o provável desconforto do Comitê Olímpico Internacional (COI) na possível troca de ministros na pasta. ;Ele quer estabilidade;, disse.

O presidente Lula também tem essa perspectiva, de acordo com Rabelo. Após a derrota do ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz nas eleições para o Senado, em 2006, Lula chegou a consultar o PCdoB sobre a recondução dele para a pasta, ocupada por Orlando Silva. Mas o presidente abandonou rapidamente a ideia. ;Deixam nas mãos dele, que acabou optando por Orlando, já que ele tinha iniciado todo o processo para a realização da Copa do Mundo no Brasil. Agora, então, que as coisas estão muito mais avançadas é que tudo deve ser mantido.;

Além do Ministério do Esporte, o partido comanda a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Agência Nacional de Cinema (Ancine) e ocupa cargos intermediários em outras pastas, institutos de apoio à pesquisa e secretarias especiais. Desde o fim do segundo turno, Rabelo tratou de defender o território conquistado pelo PCdoB ao longo dos dois mandatos de Lula. Como argumento, sempre relembra que a sigla esteve ao lado do presidente nos períodos mais conturbados de seu governo. Em setembro de 2005, por exemplo, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) topou ser o candidato governista à Presidência da Câmara em meio às denúncias do mensalão.

Cargo duplo
Orlando Silva deve acumular duas funções nos próximos anos. Ele deve dirigir a Autoridade Pública Olímpica (APO), que cuidará da organização dos Jogos Olímpicos em 2016, além de continuar à frente do Ministério do Esporte, que terá um orçamento para 2011 de R$ 1,3 bilhão, sem levar em consideração as emendas parlamentares. É o maior já previsto nos oito anos de governo Lula.

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