Politica

Vasto orçamento de estatais para 2011 aumenta cobiça entre aliados

postado em 01/12/2010 08:14
Em meio à intensa discussão sobre a ocupação de cargos na Esplanada, o governo federal divulgou ontem quanto cada estatal terá no primeiro ano de gestão da presidente eleita, Dilma Rousseff. As mais de 100 estatais com programações para 2011 contarão com orçamento superior a R$ 935 bilhões ; valor superior aos R$ 755 bilhões previstos a todos os órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário no próximo ano ; e mobilizam mais de 466 mil funcionários. As principais, Petrobras e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deverão continuar no topo da pirâmide com os maiores caixas e, ao que tudo indica, sob o comando de José Sergio Gabrieli e Luciano Coutinho, atuais presidentes.

A permanência de Gabrieli na Petrobras é um pedido do presidente Lula à sucessora. A ideia é mantê-lo pelo menos durante 2011. O argumento é não mexer na cúpula da empresa em função da briga pela distribuição dos royalties do petróleo da camada pré-sal, que deverá ocorrer no Congresso Nacional. Em 2011, o Grupo Petrobras terá cerca de 78 mil funcionários.

Coutinho teria sido convidado por Dilma na última quarta-feira, depois que Guido Mantega foi confirmado na Fazenda. O BNDES, que vem ampliando os financiamentos nos últimos anos, contará com orçamento de R$ 233 bilhões no primeiro ano da presidente eleita. Parte dessa verba será fundamental para a construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Outro braço da política energética, o sistema Eletrobras, que agrega empresas como a Eletronorte e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), já foi motivo de disputa entre PMDB e PT. A Eletronorte, uma das grandes da Eletrobrás, é comandada hoje por Josias Matos, indicado pelo PT. Jader Barbalho (PMDB-PA) e José Sarney (PMDB-AP) são outros dois nomes de influência na estatal.

No setor financeiro, destaque para o Banco do Brasil e para a Caixa Econômica Federal(CEF), que deverão ter novos presidentes, de dentro do PT. Na Caixa, responsável por um dos principais programas da presidente eleita, o Minha Casa, Minha Vida, as vice-presidências deverão ser assumidas pelos partidos aliados, que já estão dentro do banco.

Para o cientista político Ricardo Caldas, professor da UnB, as disputas por cargos contaminam todo o sistema político. ;Há indicados ideologicamente e que querem consolidar alguma política. Mas há também uma disputa por poder. Existe a ideia de que ;se eu indicar fulano, ele vai ajudar uma determinada empresa e o meu partido numa futura partilha;. Infelizmente, as ocupações políticas prevalecem no lugar das técnicas;, avalia.

Reformulações
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), com previsão de mais de R$ 14 bilhões em caixa no próximo ano, deverá ter a direção reformulada. A entidade, acusada pela oposição durante toda a campanha de apadrinhamento político, já sofreu várias modificações durante o mandato de Lula.

Outra instituição criticada pela administração dos aeroportos é a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). PMDB e PSB estão de olho na instituição e nos bilhões que serão destinados a obras de ampliação de aeroportos. O plano de Dilma é ter no comando um técnico, e não um indicado político, para enfrentar os problemas no setor e administrar os recursos para a Copa e as Olimpíadas de 2016.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação