Ezequiel Fagundes
postado em 01/12/2010 08:19
Protagonistas da disputa presidencial no segundo turno, as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) apresentaram ontem um saldo devedor de R$ 37,3 milhões. A contabilidade petista fechou com um rombo de R$ 27,7 milhões, e a tucana, de R$ 9,6 milhões. Por outro lado, a campanha da senadora Marina Silva (PV) não teve déficit. As planilhas com os dados oficiais da prestação de contas dos candidatos e dos comitês financeiros foram enviadas ontem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela tesouraria dos partidos.A partir de hoje, a documentação apresentada pelos candidatos será submetida ao pente-fino da equipe técnica do tribunal. Pela legislação, o plenário do TSE tem até 9 de dezembro para julgar as prestações de contas. Devido ao volume de documentos, o órgão anunciou a criação de uma força-tarefa formada por 16 servidores para analisar o balanço da presidente eleita.
O PT arrecadou ao todo R$ 148,8 milhões, mas os gastos alcançaram R$ 176 milhões. Pelo lado do PSDB, a receita foi de R$ 120 milhões contra despesas de R$ 129,6 milhões. Os dois partidos já informaram ao TSE que vão assumir as pendências milionárias. Pelo acordo, a dívida deverá ser quitada em 12 parcelas.
Como ocorre nas eleições, as doações de bancos e empreiteiras estão entre as mais polpudas. Entre os bancos que figuram como doadores de Dilma estão o ABC Brasil, Bomsucesso, BTG Pactual, Fator S.A, Santander e o Sofisa. No caso das empresas, o destaque na prestação de contas petista são as doações das construtoras Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Norberto Odebrech, OAS Ltda., Queiroz Galvão S.A, Galvão Engenharia, além de Grendene e Bombril.
No caso do PT, no entanto, o grosso das doações veio dos cofres do próprio partido. A legenda repassou para a campanha de Dilma R$ 20 milhões dos R$ 130 milhões que arrecadou por conta própria.
Além das tradicionais doações das empreiteiras e bancos, a campanha de Serra foi irrigada pela Arcelor Mittal, Companhia Brasileira de Metalúrgica e Mineração, Ambev, Cristalia Produtos Químicos Farmacêuticos, Cosan Açúcar e Álcool e Hypermarcas. O nome do bilionário Eike Batista, proprietário da MMX, é citado nas duas prestação de contas. Na condição de pessoa física, ele repassou R$ 1 milhão para cada campanha.
Prazo
Conforme dados do TSE, a despesa total da campanha deste ano para todos os cargos ultrapassará a cifra de R$ 3 bilhões. Em 2006, os candidatos gastaram cerca de R$ 1,9 bilhão e, em 2002, as despesas ficaram em R$ 1,1 bilhão. Ontem foi o prazo final para a entrega da papelada contábil dos dois candidatos que participaram do segundo turno, conforme prevê a legislação eleitoral. O descumprimento da regra pode gerar problemas sérios que vão desde processos judiciais por abuso de poder econômico até a perda de direito de receber recursos públicos do fundo partidário.
PARA AÉCIO, CAFÉ COM LEITE VAI BEM
Amanda Almeida
O senador eleito Aécio Neves (PSDB) negou ontem que os tucanos estejam enfrentando crise interna entre as lideranças paulistas e mineiras. ;Enganam-se aqueles que duvidam da nossa unidade. Estaremos juntos porque, acima de quaisquer interesses pessoais, prevalece sempre o interesse do país e isso passa pela unidade do PSDB;, disse. Na semana passada, o presidente do partido em Minas, Nárcio Rodrigues, trocou farpas pela mídia com o presidente do PSDB de São Paulo, José Henrique Reis Lobo. Aécio voltou a aparecer em público ontem, ao lado do governador Antonio Anastasia, na inauguração do Memorial Minas Gerais ; Vale, na Praça da Liberdade, Zona Sul de Belo Horizonte, depois de passar três semanas descansando das eleições.
O estranhamento entre os líderes do PSDB dos dois estados esquentou na semana passada, quando Reis Lobo, em entrevista, citou Aécio como ;uma das lideranças que emergiram das urnas; e criticou a tese de ;refundação do partido; defendida pelo ex-governador. Em resposta, Nárcio disse que os paulistas ;vão ter que engolir; a participação dos mineiros nas decisões da legenda e que Aécio deve ser o próximo candidato à Presidência.
Apesar das farpas, segundo Aécio, não existe disputa pelo poder entre tucanos mineiros e paulistas. ;Isso é uma grande bobagem. É coisa da cabeça de uma ou outra figura de menor expressão. Somos um conjunto e só uma unidade desse conjunto nos levará a uma vitória no futuro;, afirmou.
Antes de Aécio, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, já tentaram colocar um ponto final no racha entre paulistas e mineiros. Na última semana, FHC declarou que, por ele, o próximo candidato à Presidência do partido poderia ser ;mineiro, cearense, carioca ou paulista;, desde que se respeitasse o ;interesse do país;. Já Guerra disse recentemente que falar sobre candidatos a presidente agora ;agride o bom senso e beira o ridículo;.
Nomes
Sobre o próximo presidente nacional do PSDB, que será definido em março do ano que vem, Aécio Neves afirmou que não sabe se o ex-governador de São Paulo José Serra tem a intenção de se candidatar ao cargo, mas disse que estaria entre os melhores nomes. ;Não tenho nenhuma conversa com companheiros do partido ainda, mas as coisas caminharão com absoluta tranquilidade. O PSDB tem quadros extraordinários e o Serra é um deles;, comentou. Nos bastidores, Serra teria negado a vontade de se tornar presidente para evitar a intensificação do racha entre paulistas e mineiros, já que Aécio também poderia pleitear a vaga.
Para Aécio, depois da derrota no segundo turno da eleição presidencial, o PSDB deve se concentrar em ;planejar o futuro; do partido. ;Agora é hora de olharmos para frente, atualizarmos o nosso programa e unirmos forças. É hora de fortalecer nossos governos estaduais;, comentou. O senador eleito aproveitou para elogiar seu substituto no Palácio da Liberdade. ;Minas vai continuar sendo, como nos últimos anos, uma grande referência na gestão pública de qualidade, porque tem o mais completo gestor público do Brasil a liderá-lo;, afirmou, em referência a Antonio Anastasia.
ALENCAR TEM PIORA NA FUNÇÃO RENAL
; José Alencar continua na Unidade de Terapia Intensiva Cardiológica do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, por ter apresentado uma piora na função renal. A informação é de uma nota divulgada pela unidade de saúde na tarde de ontem. O vice-presidente se recupera de cirurgia para resolver uma obstrução intestinal causada por tumores, realizada no dia 27. Segundo a nota, ;o paciente teve que ser submetido a sessão de hemodiálise, que transcorreu sem nenhuma intercorrência. Os demais parâmetros continuam estáveis;.