Politica

Sarney diz que não há tempo para votar este ano Código de Processo Civil

postado em 01/12/2010 16:39
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), descartou hoje (1/12) a chance de o projeto de lei que atualiza o Código de Processo Civil ser votado ainda neste ano no Senado. ;É impossível, nós não temos tempo hábil para isso;, destacou o parlamentar.

Mas de acordo com Sarney, o mesmo não ocorrerá com a modernização do Código de Processo Penal, acordado para ser analisado na semana que vem, em plenário. A partir daí o ritmo de tramitação desse projeto de lei dependerá da Câmara dos Deputados, onde passará a ser analisado assim que for aprovado pelo Senado.

Sarney observou que, agora, com a proposta de Código de Processo Civil já encaminhado para votação em plenário depois de passar pela Comissão Especial, a ideia é avançar na atualização da Lei de Execuções Penais e no Código de Defesa do Consumidor. No caso do código, ele disse que não se trata de um novo código, ;mas a revisão de alguns pontos que já necessitam ser revistos;.

O presidente do Senado reclamou do ;excesso de legislação; existente no país. Segundo ele, existe uma cultura no Brasil de que todos os problemas serão resolvidos a partir da criação de uma lei.

;Nós temos aqui [no Congresso Nacional] milhares e milhares de leis que tornam impossíveis [de serem cumpridas]. Eu estive na França no ano passado e a Assembléia francesa tinha votado 23 leis. Os jornais locais reclamavam que o cidadão não poderia assimilar essas leis para poder cumpri-las. No Brasil, há a mentalidade que através de uma lei se pode resolver tudo. Então, ficamos casuístas e a cada problema se tenta resolver através de um processo legislativo;, ressaltou.

Ele acrescentou que esse ;casuísmo; frustra tanto a opinião pública, que espera ver o problema em questão resolvido, quanto o Estado, pela dificuldade de executá-la. Para José Sarney essa questão é agravada pelo grande número de edições de medidas provisórias pelo Executivo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ex-presidente da Corte, também é um crítico do número de leis criadas no país. Ele observa que quanto mais lei são criadas, mais ações são encaminhadas para a análise do Judiciário. A seu ver, é necessário que se dê andamento ao aperfeiçoamento da legislação como tem feito o Congresso nos códigos de Processo Civil e de Processo Penal.

De acordo com Gilmar Mendes, um terço dos processos existentes hoje dizem respeito a dívidas com a União. Desse total, apenas 1% é efetivamente cobrada. ;Se o Brasil executasse 10% de toda a dívida haveria uma revolução fiscal no país;.

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