Politica

Reuniões tensas em clima familiar na Granja do Torto

postado em 03/12/2010 09:40

Em meio às discussões sobre a distribuição de cargos no seu governo, a presidente eleita, Dilma Rousseff, consegue, aos poucos, criar um clima familiar na Granja do Torto, residência de campo da Presidência da República cedida a ela até a posse. Desde o último fim de semana, ela tem a companhia da mãe, Dilma Jane Rousseff, de 86 anos, e de uma tia. As duas moravam em Belo Horizonte (MG). Conhecida pela jovialidade, dona Dilma, que se refere à filha como Dilminha, já disse, em entrevistas recentes, que pretende manter a sua rotina na residência de campo e, após 1; de janeiro, no Palácio da Alvorada.

A mãe da presidente eleita faz companhia à filha na Granja do TortoEstá prevista também para os próximos dias a primeira visita da única filha e do neto de Dilma à Granja. Para acomodar Gabriel, de quase três meses, a avó comprou um berço e um colchão há pouco mais de duas semanas. Os móveis custaram R$ 750 e foram adquiridos em uma loja de mobiliário infantil de Brasília pela servidora do governo de transição Marly Ponce Branco. Segundo a assessoria do governo de transição, Dilma pagou por eles. Uma outra providência tomada pelos funcionários da Granja para receber Gabriel foi a remoção de uma arara que ficava próxima à janela do quarto dele.

Além de ser o lugar ideal para preservar a intimidade de Dilma e a de seus parentes, a Granja é o centro de negociações para formação da equipe ministerial. Reclusa, distante de assédios e da imprensa, ela mantém a entrada livre para os três principais integrantes da equipe de transição, os deputados federais Antonio Palocci (PT-SP) e José Eduardo Cardozo (PT-SP), e o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. O primeiro é presença mais constante e companhia regular de Dilma na hora do almoço. Faz parte também desse grupo o vice-presidente eleito, Michel Temer, que comparece com menos frequência do que os colegas de transição.

Convites e embaraços
Desses encontros já saíram importantes definições. Foi na Granja, por exemplo, que Dilma convidou Guido Mantega para continuar no comando do Ministério da Fazenda e promoveu Miriam Belchior de coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a ministra do Planejamento a partir de 2011.

A Granja é também o cenário para notícias desagradáveis. Em uma reunião durante a madrugada, Dilma avisou a Henrique Meirelles que ele não continuará à frente do Banco Central. O mesmo aconteceu com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. No caso deste, a destituição veio acompanhada de um convite genérico para continuar na gestão da petista. Embora Paulo Bernardo não admita, ele deve assumir o Ministério das Comunicações.

Da casa de campo, já surgiram situações embaraçosas. Depois de conversar com o governador Sérgio Cabral, na noite da última terça-feira, sobre as ações do estado no combate a traficantes no Rio de Janeiro e sobre a sucessão ministerial, Dilma foi envolvida no maior imbróglio já registrado até agora no processo de transição. Cabral alardeou que o escolhido da presidente eleita para o Ministério da Saúde seria o seu secretário de saúde, Sérgio Côrtes. Em menos de 48 horas, Dilma desmentiu o convite.

Flores brancas
; A rotina de entra e sai de carros de aliados e autoridades na Granja do Torto foi quebrada, ontem à tarde, com a entrega de um buquê de flores para a presidente eleita, Dilma Rousseff. O arranjo, formado por rosas e lírios brancos e cipreste argentino, é de uma floricultura de Brasília. O nome do remetente não foi revelado, mas o carro foi autorizado a entrar na Granja do Torto e entregar a encomenda.

Cabral pede desculpas
Depois da precipitação, a desculpa. Essa foi a reação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), após ter anunciado que o seu secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, seria o ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff. Assim que foi feita, a declaração causou um desconforto entre o PT e o PMDB. O vice-presidente eleito, Michel Temer, chegou a reclamar que não tinha participado da negociação. E a presidente eleita tratou de avisar que o nome da pasta ainda não está fechado.

;Eu cometi esse erro e peço desculpas. Foi uma deselegância de minha parte porque quem escolhe ministro é o presidente ou alguém delegado por ele;, disse Cabral. Mas o governador tentou aliviar seus atos. Disse que, em uma reunião com Dilma, na última segunda-feira, na Granja do Torto, a presidenta ;demonstrou o seu desejo de ter o secretário Côrtes, que é um técnico qualificado da saúde, como ministro;. Diante do encontro, Cabral teria se ;empolgado;, apesar de Dilma não ter ;formalizado o convite;. Questionado se a sua postura poderia ter resultado na dispensa de Côrtes, Cabral ressaltou que a indicação não faz parte da cota de cargos do PMDB. ;Na verdade, era uma escolha técnica;, explicou.

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