Politica

Lula diz que reformas não andaram por causa de "inimigo oculto"

postado em 03/12/2010 16:42
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (3/12), durante entrevista concedida no Rio de Janeiro a correspondentes internacionais, que reformas necessária ao país, como a política e a tributária, não andaram devido a um ;inimigo oculto; e por má vontade do Congresso Nacional. Lula lembrou que durante seus oito anos na Presidência mandou duas propostas de reformas ao Congresso que não andaram.

;Uma coisa que aprendi nesses oito anos na Presidência é que muita gente gosta de falar em reformas porque é um certo modismo, uma coisa chique falar de reformas;, disse Lula a jornalistas estrangeiros. O presidente disse que enviou, em 2003, a sua primeira proposta de reforma tributária ao Congresso. Segundo ele, ela foi elaborada com a participação de governadores, líderes partidários e empresários, mas mesmo assim não foi aprovada pelo parlamento.

Lula relembrou que no início do seu segundo mandato novamente encaminhou ao Congresso nova proposta de reforma, que contou com a participação dos 27 governadores, empresários, políticos e trabalhadores e, mais uma vez, não andou. ;Achei que quando ela chegasse ao Congresso seria aprovada no primeiro dia por unanimidade, tamanha era a coesão em torno da proposta, o que aconteceu? Nada. Porque o inimigo ocultou se manifestou outra vez e não permitiu que ela acontecesse;, argumentou.

;Se ela [a reforma tributária] não foi votada significa que é mais má vontade verbal do que uma necessidade de se fazer reforma tributária, porque as pessoas [os parlamentares] não querem. Tenho vivido com os empresários e cada um deles tem uma bancada lá [no Congresso]. Poderia ter sido feita;, acrescentou Lula.

De acordo com o presidente, diante da falta de vontade política do Congresso em aprovar as reformas, o governo assumiu o papel de diminuir o peso dos impostos no país. ;Acho que vamos fazendo a cada dia a nossa reforma. No meu segundo mandato exoneramos mais de R$ 100 bilhões de impostos;, lembrou. Apesar de ser favorável a uma reforma tributária, Lula voltou a defender a carga tributária brasileira, em torno de 35% do Produto Interno Bruto (PIB).

;Há uma contradição extraordinária no Brasil. Você pega o mapa mundi e observa que os países que têm carga tributária muito baixa são os países muito pobres e os que têm alta, são os países ricos, onde o povo vive melhor, tem mais escola, mais transporte, mais cultura. Paga mais imposto [mas recebem serviços em contrapartida]. Certamente, nos Estados Unidos o Importo de Renda deve ser maior do que na Europa;, pontuou o presidente, acrescentando que país com carga tributária inferior a 10% ;não existe;.

;Aqui na América Latina tem Estado com carga tributária de 9%. Um Estado que só arrecada 9% não é Estado. Ele não pode nada. Não pode investir em educação, em infraestrutura, não pode investir em absolutamente nada. Ele não existe. A carga tributária no Brasil é justa;, ressaltou.

Lula disse ainda aos jornalistas estrangeiros que após deixar a Presidência, brigará para que o Congresso aprove a reforma política. ;Acho que ela é a principal reforma que temos que fazer. Agora que não serei mais presidente da República e serei militante do meu partido, vou trabalhar para fazer a reforma política. Isso não era uma proposta do presidente da República e não é o presidente que tem que fazer reforma política. São os partidos políticos;, disse.

Edição: Fernando Fraga

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