Politica

PMDB está de olho no segundo escalão

postado em 05/12/2010 11:56

Unido em torno da eleição de Dilma Rousseff, o PMDB voltou a se dividir, agora na negociação do Ministério do governo Dilma Rousseff. O pivô da nova divergência foi a rejeição da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) pelo ex-governador do Rio de Janeiro e ex-deputado Wellington Moreira Franco. Um grupo de deputados pressiona para que ele reavalie, e aceite o cargo oferecido pela presidente eleita, justamente para deixar o PMDB com ares de derrotado e, terminada a composição do primeiro escalão, os peemedebistas recebam como compensação estatais e autarquias mais importantes. Uma outra ala, encabeçada pelos senadores, considera essa estratégia equivocada. E avalia que, se ceder agora, o partido estará enfraquecido para pleitear estatais e autarquias. Por isso, a ordem é continuar brigando por um quinto ministério mais atraente.

Moreira, da sua parte, não deseja o cargo. Ontem, no Rio, quando um deputado do PMDB lhe abordou para perguntar se ele seria ministro da Sealopra ; apelido da SAE por causa do antigo nome, Secretaria de Projetos de Longo Prazo ; Moreira foi direto: ;Esqueça;, disse ele, conforme contou um deputado peemedebista ao Correio. Aos amigos mais próximos, tem dito que não se cogita mais isso e que o melhor é buscar um outro desenho a partir de amanhã, quando os peemedebistas voltam a se reunir em Brasília para tratar de seu espaço no governo.

A razão pela qual os peemedebistas rejeitam a SAE é muito simples: ali não há cargos de segundo escalão importantes e nem autarquias que possam acomodar alas do partido, como era o caso da Integração Nacional. Os peemedebistas apontam a Integração como um ministério que vale por dois porque tem ainda o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), a Codevasf, a Chesf e, ainda, o Banco do Nordeste, sem contar os cargos da Região Norte. A maioria desses cargos agora deve ficar nas mãos do PT e do PSB, a quem será oferecida a Integração Nacional.

Além disso, há um grupo que considera a SAE um ;encosto; e Moreira Franco não saiu da diretoria de loterias da Caixa Econômica Federal para se dedicar à campanha presidencial e terminar ;encostado;. O embate final entre as alas do partido só se dará na reunião de segunda-feira, antes da homenagem que o PMDB fará ao presidente Lula, na quarta-feira, com um jantar na casa do deputado Eunício Oliveira, senador eleito pelo Ceará. Em conversas reservadas, há, no PMDB quem diga que seus filiados vão sentir saudades de Lula. Ali, eram felizes e não sabiam. Com Dilma, avaliam que o espaço ficará menor.

Espaço reduzido

O que mais irrita o PMDB é a constatação de que os petistas terão quase 20 ministérios e eles, menos de seis, uma vez que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi escolha pessoal da presidente eleita, Dilma Rousseff, e do presidente Lula. E, se Moreira Franco terminar aceitando a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o espaço de poder do partido terá sido reduzido de um governo para o outro.

Àqueles que justificam a redução de espaço com a conquista da Vice-Presidência da República, os peemedebistas dizem que não consideram o cargo como um espaço que pode ser debitado na conta de ministérios do partido. O PMDB pondera que, se fosse assim, o PT também deveria diminuir o seu número de ministérios para atender aos aliados, o que não ocorreu até o momento. É com base nesse raciocínio e na discrepância de espaços de poder entre um partido e outro que o PMDB acredita ter força para brigar por um posto mais atraente do que a Secretaria de Assuntos Estratégicos.

A partir de hoje, o partido tentará mostrar que a chamada governabilidade dependerá de estarem todas as alas do PMDB contempladas, Câmara, Senado e cúpula partidária. Por enquanto, além de Moreira e da cúpula do partido olharem para a SAE com um certo desdém, o Senado aceita a Previdência Social a contragosto. E há uma máxima que une todos os peemedehistas hoje divididos quanto à estratégia: sem o partido deles, Dilma terá dificuldades. (DR)

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