Politica

Senador Antônio Carlos Valadares recusa pasta que ainda nem foi criada

Igor Silveira
postado em 08/12/2010 08:47
Sondado para assumir o futuro Ministério da Pequena e Microempresa, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) avisou a seu partido que não quer uma pasta ;por fazer;. O recado foi repassado ao presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que iria se reunir com Valadares ainda ontem para tentar fazê-lo mudar de ideia. Campos se encontrará hoje com a presidente eleita, Dilma Rousseff, para acertar o espaço do PSB no governo. Por, enquanto, a sigla tem reservados dois ministérios: Integração Nacional, onde o indicado é Fernando Bezerra Coelho (PE), e a Secretaria de Portos, para a qual um dos nomes cogitados é o do deputado Márcio França (SP), que ainda não está fechado.

O Ministério da Pequena e Microempresa, conforme antecipou o Correio, foi oferecido como uma forma de abrir vaga para que o presidente do PT, José Eduardo Dutra ; suplente de Valadares ;, possa assumir cadeira no Senado. Mas o PSB não despreza o cargo e considera importante o partido ajudar Dilma na construção dessa pasta. Uma das apostas é que esse ministério pode inclusive abrigar parte do Sistema S, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A ideia dos socialistas é ultrapassar o PMDB no papel de auxiliar do PT no governo Dilma. Ontem, em entrevista concedida durante o seminário de gestão pública promovido pelo partido, Eduardo Campos fez questão de marcar as suas diferenças com o PMDB. Perguntado sobre a disputa de candidatos a ministros, ele foi direto: ;Já tem muita gente atrapalhando, e a Dilma não precisa de mais ainda. A nossa contribuição é de conteúdo, temos seis governadores que sabem muito bem a dificuldade que é formar uma equipe. Sabemos a importância de ter aliados que ajudam para compensar, às vezes, os que atrapalham;, ressaltou Eduardo Campos. ;É um elogio ao PSB;, completou o governador pernambucano, quando um repórter quis saber se a declaração era uma crítica ao PMDB.

A grande ausência no evento do partido foi o deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), afirmou que ;Ciro está viajando e ;liberou; o partido. Não deseja ser ministro;. No momento em que ;liberou o partido;, Ciro tirou, por exemplo, a obrigatoriedade de o PSB manter Pedro Brito na Secretaria de Portos para indicar outro nome. Se Dilma quiser convidar Ciro para algum cargo no governo, será na sua cota pessoal.

Saúde
No Palácio do Planalto, há quem diga que ele poderia ir para o Ministério da Saúde, que saiu da cota do PMDB. Mas o nome que voltou a subir nessa bolsa de apostas foi o do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que tem a simpatia de todos os partidos.

Da sua parte, Cid está mais preocupado com um pacto sobre governabilidade com todas as lideranças nacionais. Esse seria, inclusive, o mote do jantar de ontem entre Campos e o senador eleito de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB).

;Ouso e defendo chamar a oposição a definir temas em comum e fazer esse entendimento logo. Um pacto de governabilidade é o que eu tenho defendido. Para tirar essa visão do imediatismo, poderíamos pensar em uma implementação que seja feita em 12 anos. Isso desarmaria alguns espíritos contrários a essa proposta. O Brasil precisa ser reformado. Para isso, é fundamental que a política colabore, não pode se amesquinhar e ser eternamente um impasse, uma disputa imediata entre o PT e o PSDB. Isso, ao longo do tempo, tem demonstrado que faz mal ao Brasil;, ponderou Cid Gomes.

Colaborou Tiago Pariz

PT CONTRA O ;PAULISTÉRIO;

Em reunião de deputados do PT com o presidente da legenda, José Eduardo Dutra, a principal reivindicação foi a indicação de petistas para as pastas de Saúde e Cidades. O encontro serviu para lavar roupa suja e fazer cobranças. A bancada na Câmara do partido da presidente eleita, Dilma Rousseff, também rejeita o nome do deputado Mário Negromonte (PP-BA) para as Cidades. No encontro, Dutra afirmou estar praticamente fechado que a pasta que cuida da negociação com os municípios ficará com os progressitas, mas deixou uma porta aberta para a Saúde. Segundo ele, o PMDB não deverá ficar com o ministério ; um dos petistas mais cotados para a pasta é Alexandre Padilha, atual titular da Secretaria de Relações Institucionais.

As cobranças devem-se à uma insatisfação em torno de três temas: o excesso de nomes ligados a São Paulo confirmados e cogitados para as pastas; deputados petistas sem representação na Esplanada; e a maneira como Dutra faz a negociação em nome do partido. Até agora, Dilma não definiu o espaço que cabe ao PT indicar, ela fez apenas confirmações pontuais na área econômica, na cozinha do Palácio do Planalto e no Ministério da Justiça. A expectativa é que esta semana ela defina o espaço de todos os partidos.

A pressão do PT serve para essas definições contemplarem a distribuição geográfica da Esplanada e evitar o rótulo de ;paulistério; do futuro governo de Dilma. Dos seis ministros confirmados, cinco são ligados ao PT de São Paulo ; Antonio Palocci (Casa Civil), Miriam Belchior (Planejamento), José Eduardo Cardozo (Justiça), Guido Mantega (Fazenda) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). Na lista de nomes cogitados, também prevalecem os paulistas, como Aloizio Mercadante, para Ciência e Tecnologia; Fernando Haddad, para a Educação; e Alexandre Padilha, atual ministro das Relações Institucionais. Nos outros partidos, Orlando Silva (PCdoB), do Esporte; e Wagner Rossi (PMDB), da Agricultura, também surgiram da política de São Paulo.

Ligado ao pedido de diluir o ;paulistério;, há também a demanda por abrir espaço para a bancada de deputados no governo. Até agora, apesar de especulações, nenhum foi convidado por Dilma a ocupar um posto na Esplanada. Entretanto, dois nomes são lembrados para pastas com holofote reduzido: Vicente Paulo da Silva (SP), o Vicentinho, para a Igualdade Racial; e Maria do Rosário (RS), para a Secretaria de Direitos Humanos.

;Há um sentimento de insatisfação porque a bancada não está sendo contemplada nas conversas;, afirmou o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA). Os parlamentares atribuem a falta de interlocução com a presidente eleita à incapacidade de José Eduardo Dutra defender o partido. E a principal comparação é com o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP). ;O Temer defende o PMDB, que dá valor à bancada, mas o PT, que sustenta o governo, não faz isso;, acrescentou o deputado Domingos Dutra (MA).

Presidência
Com a presença do presidente petista, a reunião foi convocada para discutir o nome que será indicado pelo PT para a Presidência da Câmara. A decisão sobre o nome sugerido deve sair até a próxima semana. Ontem, foi anunciada a desistência do deputado João Paulo Cunha (SP). Com isso, o mais cotado é o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP). Ele concorre com Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS). ;A nossa intenção é o nome sair por consenso, e não haver votação na bancada;, afirmou Vaccarezza.

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