postado em 11/12/2010 07:33

Os bens foram determinados pela Justiça a título de alimentos compensatórios, um instituto jurídico usado para reparar algum prejuízo de determinada parte. No caso específico, a defesa solicitou o repasse dos carros e dos apartamentos em virtude de Rosane ter assinado um documento pré-nupcial de regime de separação total de bens. Diante disso, o advogado Paulo Brincas baseou-se na Lei Maria da Penha no que diz respeito à violência patrimonial contra a mulher. ;O correto seria que uma parte do patrimônio fosse colocado no nome dela. Mas não havia nada, nem um Fiat ou um apartamento quarto e sala, enquanto o patrimônio dele é algo incalculável;, afirma Brincas.
Para o advogado, o valor de R$ 15.300 chega a ser ;insignificante; diante do tempo de união do casal e do patrimônio conquistado no período. Há cerca de um ano, Rosane declarou à imprensa que Collor havia interrompido os pagamentos da pensão por vários meses. ;Depois de um casamento de 22 anos com uma pessoa que passou os piores momentos da vida dele apoiando-o, é absurdo o marido se negar a dar uma pensão decente;, critica Brincas. A oferta de Collor era repassar mensalmente a Rosane o valor de 20 salários mínimos ; ou R$ 10.200 ; nos próximos três anos, sob o pretexto de que ela está apta a garantir o próprio sustento.

VALENTIA SERTANEJA
No livro ainda não publicado Crônica de um Golpe, em que Collor relata o processo de impeachment, o primeiro capítulo, divulgado pelo autor na internet, tece muitos elogios a Rosane. Numa das passagens, ao descrever momentos finais de seu governo, o ex-presidente diz a respeito da então mulher: ;Em significativo silêncio, ela parecia dizer: ;Tudo bem, vamos enfrentar isso juntos;. De modo algum parecia assustada, como imaginei antes. Ao contrário. Permanecia calma. Acho que nela se alevantara a tal valentia sertaneja, própria da minha gente do Nordeste. Rosane carregava uma dignidade da qual me orgulharei sempre;.
MEMÓRIA
Ataques há cinco anos
Muitas brigas e acusações marcaram o fim da relação de 22 anos entre o ex-presidente Fernando Collor de Mello e a ex-primeira-dama Rosane Malta (antes, Rosane Collor). Em 2005, o casal separou-se de uma forma abrupta até para os amigos mais íntimos. Collor simplesmente mandou entregar na mansão de Rosane, em Maceió, capital de Alagoas, caixas com os pertences da mulher. Assustada com o caminhão de mudança, a ex-primeira-dama ligou para a mansão da família em São Paulo. Foi comunicada pelo telefone, ao falar com o mordomo, sobre a ;ordem do patrão;. Começou, a partir daí, uma guerra que já dura cinco anos.
Rosane logo atacou o ex-marido, dizendo que ele tinha se apropriado das joias dela, avaliadas em R$ 3 milhões. Como assinou um contrato pré-nupcial abrindo mão da partilha do patrimônio, mesmo aquele conquistado depois do casamento, a ex-primeira-dama passou a reclamar direitos. Chegou a processar Collor por não pagar pensão alimentícia por um ano e defender, na imprensa, que o ex-marido fosse preso. ;Ele é o único que eu conheço que não vai para a cadeia nessa situação;, afirmou a jornalistas há cerca de um ano.
Ao pressionar o ex-companheiro, Rosane chegou a declarar que o Imposto de Renda de Collor é ;totalmente fictício;. Só de obras de arte, segundo afirma, o ex-presidente teria cerca de R$ 2 milhões em quadros de nomes como Portinari e Frida Khalo. A mulher, que se dividia entre casas em Brasília, São Paulo, Maceió e Miami, reclama, hoje, de ter apenas a mansão na capital alagoana. Evangélica há três anos, ela se filiou ao PV e chegou a ameaçar se candidatar a algum cargo para detonar Collor, candidato ao governo do estado nas eleições de outubro passado. Embora tenha desistido da candidatura, fez campanha contrária ao ex-marido, que acabou derrotado nas urnas por Teotônio Vilela (PSDB-AL). (RM)