Patrícia Aranha
postado em 14/12/2010 17:52
O ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci (PT), só não será o novo ministro da Cultura se não quiser. O PT mineiro já fechou questão em torno de seu nome. A indicação ao presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra, foi feita há duas semanas, mas o próprio Dulci resiste à indicação por entender que já cumpriu o seu dever. Ele já havia acordado com o presidente Lula sua ida para o Instituto Lula, que cuidará do patrimônio cultural do então ex-presidente a partir de 1; de janeiro. Durante as reuniões do PT mineiro para decidir quais nomes seriam levados à equipe de transição, Dulci chegou a enviar uma carta para a executiva Estadual agradecendo a lembrança do nome dele por parte dos petistas mineiros, mas declinando da indicação.
Os mineiros que integram a tendência de Dulci, a Construindo um Novo Brasil (CNB), ex-Campo Majoritário - que é a mesma de Lula, têm outro entendimento e conseguiram virar o jogo. Para eles, a coesão do partido em Minas só será conseguida se houver dois petistas mineiros no Ministério: o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel - que já está confirmado no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - e o próprio Dulci.
Como o racha no partido em Minas se dá exatamente dentro da CNB numa novela que se arrasta desde a eleição de Márcio Lacerda (PSB) para a Prefeitura de Belo Horizonte, em 2008 (sucedendo Pimentel e tendo Roberto Carvalho, como vice-prefeito), a indicação de Dulci serve para acalmar os ânimos.
Diante da resistência do ministro, os principais líderes da corrente em Minas foram consultados sobre a viabilidade do nome da ex-vice-reitora da UFMG, Heloísa Starling, como substituta de Dulci. Ouviram que, apesar de Starling ser um nome que tem todas as credenciais para ser ministra da Cultura e até o possível aval de Dulci, não representaria o PT mineiro em todas as suas nuances. Diante do impasse, Dulci tem sido "convencido", de acordo com três fontes da CNB, de que não há alternativa a não ser aceitar o ministério. "Como sempre foi homem de partido e o cargo se encaixa perfeitamente no perfil de Dulci, é questão de horas a confirmação do nome dele", revelou um membro da Executiva Nacional.
Intelectual, Dulci foi secretário de governo de Patrus Ananias na Prefeitura de Belo Horizonte, entre 1993 e 1996, e secretário de Cultura do ex-prefeito Célio de Castro, entre 1997 e 1998.