Politica

Marco Maia, o candidato dos insatisfeitos, vence disputa interna do PT

Marco Maia vence a disputa interna sem que o PT precise votar para escolher o nome de quem concorrerá à Presidência da Câmara dos Deputados no ano que vem. Mas definição está longe de acabar com os conflitos da sigla

postado em 15/12/2010 08:10
A escolha do gaúcho Marco Maia teve o apoio dos petistas contrários ao A definição do ministério de Dilma Rousseff terminou por contaminar a escolha do candidato do PT a presidente da Câmara e levar a maioria da bancada do partido a rechaçar o nome do atual líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Vaccarezza abriu mão da disputa na última hora, depois de perceber que não teria votos para vencer o atual vice-presidente da instituição, deputado Marco Maia (PT-RS).

A busca pela unidade também tem como meta evitar a repetição do que ocorreu em 2005, quando o PT rachou e, com dois nomes na disputa pela Presidência da Câmara, abriu caminho para a vitória do então deputado Severino Cavalcanti (PP-PE).

Agora, Maia terá pela frente o desafio de convencer os outros partidos da base a apoiá-lo, uma tarefa nada fácil. No dia 21, por exemplo, haverá um encontro entre PDT, PSB, PRB, PCdoB e DEM para avaliar o quadro e buscar uma candidatura alternativa ao nome do PT. ;Tenho a certeza de que vamos construir a união da Câmara;, minimizou Maia.

Apesar do entusiasmo, o gremista Marco Maia entra em campo com a corrente majoritária ; Construindo um Novo Brasil ; dividida e uma candidatura alicerçada numa gama de reclamações com o governo federal e com as escolhas de Dilma. Primeiro foi a bancada de Minas Gerais, que, insatisfeita por perder os espaços conquistados no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, fechou em bloco com a candidatura de Marco Maia. Outros estados descontentes com o chamado ;paulistério; seguiram o mesmo caminho e, ontem, correntes petistas se uniram ao grupo, dando ao gaúcho 52 votos fechados.

Foi a conta para que Vaccarezza, no início da noite, avisasse que estava fora do páreo. ;Desde o começo falei que ia trabalhar por um acordo. Não vou provocar votação. Eu devo ter errado muito, mas não me arrependo de ter exercido a liderança do governo com garra;, disse Vaccarezza, reconhecendo a ;derrota;.

Democracia Socialista
A corrente Democracia Socialista (DS), por exemplo, perdeu o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para Lúcia Falcon, engenheira agrônoma indicada por um consórcio entre o governador da Bahia, Jaques Wagner e de Sergipe, Marcelo Déda, ambos do PT. Ontem, a DS terminou fechando com o gaúcho Marco Maia.

;Primeiro, foi o ;paulistério;, depois o ;minastério; e terminou com o ;nordestério;. A DS perdeu o MDA e deu no que deu;, contou o deputado André Vargas (PT-PR), um dos apoiadores de Vaccarezza, que, como os demais integrantes do grupo que comandou a Câmara no início do governo Lula, saiu com cara de velório do gabinete do líder.

Maia tem, no entanto, um alento. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que, a partir de hoje, trabalhará em apoio ao nome escolhido. ;O compromisso é PMDB-PT. Sou o eleitor número um dele;, discursou.


Temáticas espinhosas
Josie Jeronimo

O deputado Michel Temer (PMDB-SP) se despedirá hoje do comando da Câmara. Por volta de 16h, Temer discursará pela última vez na tribuna da Casa antes de ser diplomado vice-presidente do país, evento previsto para sexta-feira. Antes de se afastar definitivamente da Presidência da Câmara, o parlamentar pode participar da última reunião da Mesa Diretora nessa legislatura. O encontro tem o objetivo, segundo o vice-presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), de discutir ;assuntos administrativos;.

Ao deixar o comando da Câmara, Temer abre caminho para Maia consolidar seu nome como candidato do governo à Presidência da Câmara, no início da próxima legislatura. Maia foi confirmado ontem como o representante do PT para a disputa do comando da Casa. Na prática, o deputado gaúcho concorrerá à reeleição, em fevereiro.

Até lá, restando pouco mais de um mês para o término da atual legislatura, Maia terá que enfrentar situações e temas delicados. A primeira missão do petista é convencer metade da atual bancada, derrotada nas urnas, a comparecer nas próximas votações importantes, como a análise do Orçamento da União, mesmo depois da diplomação dos novos parlamentares. Sem incentivo para permanecer em Brasília na semana que antecede o Natal, muitos parlamentares apostam que a votação da peça orçamentária pode não sair por falta de quorum.

Outro tema espinhoso que cairá nas mãos de Maia é a decisão sobre o aumento do salário dos deputados. Na Casa, há movimentação para o envio de um projeto de decreto legislativo reajustando em 62,5% os vencimentos dos deputados ; de R$ 16,4 mil para R$ 26,7 mil ; ainda este ano. Os deputados aguardam o sinal verde do Senado para tentar aprovar o aumento antes do fim da legislatura.

Nas últimas sessões do ano, deputados da bancada ruralista ainda pressionam para a votação do Código Florestal. Um grande número de líderes apoia a aprovação do requerimento de urgência do projeto, mas a Presidência da Câmara ainda não levou a proposta para análise no plenário. Maia também deverá segurar a votação de projetos que gerem despesas para o novo governo. Líderes reclamam que o fim da legislatura está sendo marcado por um ;viés fiscalista;.

Apesar de se afastar da Presidência da Casa, Temer permanecerá à frente do PMDB neste fim de ano. O partido estuda como opção convocar novas eleições para o comando da sigla ou licenciar de Temer em janeiro, o que daria a Presidência da legenda ao senador Valdir Raupp (PMDB-RO).

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação