Ivan Iunes
postado em 18/12/2010 08:00
A quatro dias da data limite que se impôs para fechar o primeiro escalão, a presidente eleita, Dilma Rousseff, tem mais dificuldades do que soluções. A começar pelo próprio PCdoB, que ficará com dois postos, e o PSB, que deseja ampliar o espaço. ;Que ministério, se ainda nem existe?;, reagiu o atual do ministro do Esporte, Orlando Silva, quando perguntado se deixaria o cargo para assumir a Autoridade Pública Olímpica (APO), com status de ministro. O problema é que a estrutura ainda precisa ser criada e terá participação das três esferas de poder ; federal, estadual e municipal ; envolvidas na organização das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Daí a preocupação dele e do próprio partido, que, assim como o PSB e o PP, aguardam a confirmação de seus cargos.Orlando recebeu uma deferência a mais da presidente eleita na fila de cumprimentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). ;Estaremos juntos;, disse Dilma. O afago a Orlando, com quem sempre brincava quando ministra da Casa Civil por causa dos pedidos constantes de verbas para os jogos Pan-Americanos, não é para mantê-lo no Ministério do Esporte. Na conversa com o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, Dilma citou o nome de Luciana Santos, ex-prefeita de Olinda, e falou que gostaria de tê-la como titular. Renato pediu um tempo para avisar o partido, conforme adiantou ontem o Correio. Ontem, o mesmo Rabelo, com todo o cuidado para não antecipar anúncios, deixou claro que Orlando irá para a APO, que cuidará da infraestrutura e da gestão das Olimpíadas com recursos do governo federal: ;Orlando é o principal nome da área pública no esporte no país hoje. Terá destaque onde estiver;, disse.
Esculhambação
Enquanto o PCdoB apara as arestas, o PSB vive momentos tensos, aguardando para saber se terá dois ou três ministérios. Ontem, o presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp (RO), foi incisivo: ;Ciro (Gomes) não tem moral para falar do PMDB. Ele precisa medir palavras se quiser ser membro da equipe de governo. Como é que pode ficar esculhambando os aliados?;, reagiu. A tendência é que Ciro ocupe a Integração e que a secretaria de Portos seja indicada por Eduardo Campos, presidente do PSB.
A presidente eleita vai passar o dia estudando o que fazer. Além da Integração e de Portos, o desenho voltou a incluir o Ministério da Micro e Pequena Empresa. A ideia da presidente eleita é definir o primeiro escalão até quarta-feira, nove dias antes da posse. Além de PSB, PCdoB e PP, faltam ajustes para os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA), Desenvolvimento Social (MDS) e Saúde, todos, em princípio, reservados ao PT. ;Essa montagem final está parecendo um jogo de resta um. Sempre sobra uma peça;, resumiu o secretário-geral da Presidência de Dilma, Gilberto Carvalho.
Nas pastas do MDA e do MDS, a tendência é de que Dilma formalize o convite às favoritas, Lucia Falcón e Tereza Campello. Os dois ministérios são disputados por correntes do PT. Para a Saúde, continua firme o nome do atual ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
OS CAÇAS E A LÍNGUA
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, já confirmado no cargo pela presidente eleita Dilma Rousseff, afirmou que está se esgotando o prazo para a compra dos novos caças da Força Aérea Brasileira (FAB). A decisão, segundo ele, será tomada pela por Dilma no início de 2011. As declarações de Jobim foram dadas após a troca de comando do Corpo de Fuzileiros Navais, na Praça Mauá, no Rio de Janeiro. Na solenidade, Jobim estava ao lado do comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto (no centro). O almirante Álvaro Augusto Dias Monteiro, que aparece mostrando a língua aos fotógrafos, passou o comando para seu colega de patente Marco Antônio Corrêa Guimarães.