postado em 19/12/2010 08:55
A base aliada da presidente Dilma Rousseff ensaia uma rebelião na Câmara com ajuda do DEM, que ensaia entrar na dança governista. Com a escolha do deputado Marco Maia (PT-RS) como candidato à presidente da Casa, começam a pipocar outros nomes para a disputa da terceira cadeira mais importante da República.PCdoB, PSB, PDT e PRB, encorpados pelos democratas, estão em contato direto para encontrar um candidato próprio e inflam o ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para se lançar na corrida. Relutante em aceitar, o parlamentar comunista já fez duas reuniões com as legendas aliadas para discutir a eleição da Mesa Diretora. O que pode acabar sensibilizando o deputado comunista é conseguir o apoio do PV na empreitada.
Na próxima terça-feira, os partidos voltam a discutir qual a estratégia a ser adotada na disputa pela Presidência e esperam sair de lá com um candidato avulso, preferencialmente o Aldo. Mas caso o parlamentar prefira ficar de fora, outros nomes são cogitados, como o de Júlio Delgado (PSB-MG). Há um movimento, inclusive, para Delgado sair candidato com Aldo, numa tentativa de forçar segundo turno contra Marco Maia.
O vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), ficou preocupado com o jogo dos partidos de esquerda e procurou o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) para saber se ele estava por trás do estímulo a Delgado. O tucano respondeu que não tinha nada a ver e que não iria se envolver na disputa da Câmara.
A rebelião não conta com o aval da cúpula do PSB. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente da legenda, desautorizou o político mineiro a buscar ser candidato alternativo. ;Nós vamos apoiar o candidato do PT;, sentenciou o governador na última passagem por Brasília para discutir composição ministerial.
Mudança de rota
O movimento dos partidos começou como uma jogada para pleitear mais espaço na composição da Mesa Diretora. Não mirava a Presidência, mas outro cargo de destaque como a primeira-secretaria ; a prefeitura da Câmara ; ou uma das vice-presidências. O DEM, vendo seu espaço diminuir no Congresso e ainda sem ter uma estratégia definida no Legislativo, uniu-se aos partidos de esquerda. Os partidos, então, brilharam os olhos com a escolha de Marco Maia (PT-RS).
Com ajuda de petistas descontentes com Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo, o petista gaúcho ganhou o direito de ser indicado. Para tentar conter a rebelião, o PT aposta na aliança com o PMDB. Juntos, os dois partidos tem as duas maiores bancadas da Casa e somam 166 deputados. Os partidos de esquerda aliados ao DEM chegam a 128 parlamentares e esperam desbancar petistas e peemedebistas apostando em dissidências.
Até agora, os democratas não encontraram uma estratégia na Câmara. Passando por uma crise interna ; devido à iminente saída do prefeito paulistano Gilberto Kassab para o PMDB ;, até abrir diálogo com setores do governo eles cogitam. Um dos mais entusiasmados nessa conversa é o deputado ACM Neto (BA).
PT manobra oposição em SP
; Em São Paulo, o PT tenta uma aproximação forçada com o PMDB na Assembleia Legislativa. Os petistas esperam que o governo federal pressione o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), a enquadrar a legenda no estado para formar um bloco de oposição ao governador eleito, Geraldo Alckmin (PSDB). O PT quer o apoio dos peemedebistas para conseguir abrir CPIs e pleitear uma cadeira de destaque na Mesa Diretora estadual. A investida é um contra-ataque à iminente filiação de Gilberto Kassab ao PMDB. O prefeito quer isolar o PT e o PSDB, e usar uma aliança entre PMDB, PCdoB, PDT e PSB para abrir uma terceira via no estado.