postado em 23/12/2010 09:04
No mesmo dia em que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), posou para fotos ao lado dos líderes da oposição em apoio à sua reeleição, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) anunciou que um grupo de deputados se movimenta em busca de um nome alternativo para concorrer contra o petista. ;Não é o nome que desencadeia o processo. É o processo que resultará num nome. Se viabilizarmos um nome, será para ganhar a eleição;, afirmou Rebelo.A mobilização ganhou corpo na noite de terça-feira, na casa do deputado eleito Pauderney Avelino (DEM-AM). Lá, um grupo de 12 parlamentares de vários partidos ; não havia nomes do PT ; se reuniu para avaliar as chances de encontrar uma candidatura alternativa a de Marco Maia e saíram convictos de que há espaço, ainda que a ampla maioria do PT e do PMDB esteja fechada em torno do deputado gaúcho.
A avaliação das chances de um candidato avulso vai até 15 de janeiro. A contagem do grupo se baseia no fato de que uma parte da Câmara está insatisfeita com o fato de não opinar na hora de escolher o presidente e ser obrigada a aceitar o nome fechado pelo PT. Avalia-se que 360 dos 513 estariam nessa situação. É essa conta que será conferida na primeira quinzena de janeiro, mais tardar até o dia 20.
Aldo, embora diga que seu nome não está posto neste momento e que a ideia é buscar um nome da base governista, é quem tem feito a maioria dos contatos. Na terça-feira, ele telefonou para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que preside o PSB. Falou ainda com o líder do DEM, Paulo Bornhausen. Do primeiro, ouviu ;vamos conversar;. Do segundo, ;deixa disso;. ;A minoria, para que tenha espaços respeitados, tem que respeitar o nome indicado pela maior bancada. Não vamos entrar em aventura;, comenta o líder democrata, que esteve com Marco Maia para manifestar o apoio do partido.
Os tucanos também não foram. ;Aldo é um companheiro de qualidade, mas a decisão é dos líderes. Minoria tem de exigir é respeito à proporcionalidade das bancadas;, avisa o presidente tucano, Sérgio Guerra. Ontem, o líder da bancada na Câmara, João Almeida (BA), que não foi reeleito, fechou o apoio a Maia. O PMDB também compareceu à reunião. ;Estamos fechados com o PT;, afirma o líder do partido, Henrique Eduardo Alves.
Espaço
O apoio chancelado pelos líderes a Maia requer cuidados. No DEM, há quem diga que é melhor deixar o lider cuidar do suporte institucional enquanto outros tentam um nome alternativo para desestruturar a base do governo na Câmara. ;Se houver espaço para criar problemas, por que deixar tudo calmo?;, comentava ontem, ironicamente, um senador do partido.
Os petistas, por sua vez, calculam os votos do seu lado esperando contar com o apoio do governo. Não é possível, dizem alguns, que partidos satisfeitos, como o PR, que ficou com o Ministério dos Transportes; o PP, que emplacou Cidades; e o PMDB, que divide o governo, queiram estremecer relações não fazendo do candidato do PT o futuro comandante.
História antiga
A iniciativa do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) não é nova nem sem contexto. O parlamentar esperava contar com o apoio ou neutralidade do governo Lula em 2006, quando foi candidato a presidente da Casa. Esse apoio não veio porque PMDB e PT jogaram unidos em prol do nome de Arlindo Chinagila. Desta vez, o governo ainda não se mexeu sobre a Presidência da Câmara.