Politica

Ex- governador de SP, Quércia também foi senador e candidato à Presidência

Ivan Iunes
postado em 25/12/2010 09:32
O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB) morreu ontem no início da manhã em decorrência de um câncer de próstata. Principal nome do PMDB paulista, ele tinha 72 anos e estava internado no hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, desde 18 de novembro. O velório foi marcado para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. Por conta da doença, o ex-governador teve de abandonar a campanha ao Senado em setembro, um mês antes do pleito.
Egresso do movimento estudantil, o advogado e jornalista Orestes Quércia começou a carreira política elegendo-se vereador em 1962. Depois do golpe militar de 1964, entrou para o MDB e foi eleito deputado estadual em 1966. Passou pela prefeitura de Campinas, entre 69 e 72, e foi eleito senador em 1974. Depois do período na Casa, perdeu parte do controle do MDB paulista, depois PMDB, e acabou ocupando a vice-governadoria na gestão Franco Montoro ; embora fizesse oposição a várias medidas adotadas pelo titular.

No cargo, rearticulou as forças políticas e conseguiu vencer o pleito para sucessão de Montoro, disputando contra Paulo Maluf (PDS) e o empresário Antônio Ermírio de Moraes. O mandato como governador de São Paulo, entre 1987 e 1991, foi o último da trajetória de Quércia.
Ao sair do governo, fez o sucessor, Luiz Antônio Fleury Filho, e partiu para disputar a Presidência, em 1994.

Acabou derrotado, em quarto lugar, atrás do eleito, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Enéas Carneiro (Prona). Teve 2,7 milhões de votos, ou 4,4% do total. Depois da corrida presidencial, tentou eleger-se governador em 1998 e 2006, perdendo as duas eleições para os tucanos Mário Covas e José Serra, respectivamente. Ainda tentou voltar ao Senado em 2002, mas ficou atrás dos dois eleitos, Aloizio Mercadante (PT) e Romeu Tuma (PFL).


Na última eleição, figurava com chances claras de ser eleito senador por São Paulo. Na segunda colocação, empatado tecnicamente com Netinho de Paula (PCdoB-SP) nas pesquisas de intenção de voto, Quércia foi obrigado a desistir por problemas de saúde. Diagnosticado com câncer de próstata em 1997, o ex-governador decidiu não remover o tumor e passou por um tratamento de radioterapia, que manteve a doença controlada até setembro. No meio da eleição para o Senado, o câncer forçou várias internações para tratamento intensivo e tornou a campanha praticamente impossível.

Pelas dificuldades no tratamento, abandonou a disputa em favor de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e escalou a filha Andreia Quércia para reforçar a campanha do aliado. O tucano, que estava na quarta posição nas eleições, acabou tendo o tempo de tevê multiplicado e terminou eleito com a maior votação do estado. Durante o pleito, Quércia chegou a ficar 36 dias internado, tendo alta em 6 de outubro. Retornou ao hospital em 18 de novembro, mas não resistiu à evolução da doença.

Pesar


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitiu nota ressaltando o caráter desenvolvimentista do ex-governador. ;Nem sempre estivemos do mesmo lado na política, mas Quércia sempre foi da ala dos desenvolvimentistas, que pensam o país para além de seu tempo. Sua eleição para o Senado em 1974 foi um marco na luta pelo restabelecimento da democracia. Nesse momento triste, presto minha solidariedade a sua família, a seus amigos e correligionários;, escreveu.
A fragilidade da saúde de Quércia já havia deixado um vácuo no PMDB paulista. O espaço de televisão e os recursos do fundo partidário a que a legenda tem direito acabaram motivando uma disputa pelo espólio. O espaço deve ser herdado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que já elaborou um cronograma para migrar do DEM para o novo partido, levando alguns deputados federais eleitos pelo Democratas. O prefeito também se pronunciou elogiando a atuação do ex-governador no Palácio dos Bandeirantes: ;Orestes Quércia teve atuação marcante na política nacional. Como vereador, prefeito, deputado estadual, senador, governador e dirigente partidário, carregou as bandeiras do municipalismo e do desenvolvimento. Desejo paz para sua família neste momento difícil;.

Cronologia

1938 Nasce em Pedregulho (SP)
1962 Eleito vereador de Campinas (SP)
1966 Filia-se ao MDB e é eleito deputado estadual por São Paulo
1968 Vence a eleição para a prefeitura de Campinas
1974 Eleito senador por São Paulo
1982 Vence o pleito para vice-governador de São Paulo
na chapa de Franco Montoro
1985 Participa do movimento Diretas, Já
1986 Eleito governador de São Paulo
1990 Faz o sucessor no Palácio dos Bandeirantes,
Luiz Antônio Fleury
1994 Termina a eleição para presidente em quarto lugar
1998 Perde a eleição para governador de São Paulo
2002 Tenta, sem sucesso, voltar ao Senado
2006 Perde nova tentativa de eleger-se governador
2010 Abandona a disputa ao Senado por São Paulo
por problemas de Saúde

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