Politica

Queda do desemprego foi um dos grandes destaques do governo Lula

postado em 29/12/2010 08:15
A área do emprego foi um dos grandes destaques do governo Lula. Em 2002, a taxa de desocupação nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrava 12,6%, aproximadamente oito milhões de pessoas com mais de 15 anos sem trabalho. Em 2010, Lula deixará o Palácio do Planalto com uma taxa de desemprego inferior a 7%, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego divulgada neste mês. ;São estatísticas significativas, com uma redução inédita na história do Brasil. O governo Lula foi o melhor da história em relação à geração de empregos;, afirma Frederico Jayme, coordenador do curso de pós-graduação em economia da UFMG.

O sucesso não veio de uma ora para outra. No início do governo, Lula não conseguiu emplacar o programa que anunciou na campanha presidencial de 2002. O Primeiro Emprego foi lançado em junho de 2003, como a segunda prioridade do governo federal, atrás apenas do Fome Zero. Tinha como meta criar 70 mil posições para jovens a cada ano. Nove meses, depois foram registradas 1,3 mil vagas abertas, distante do proposto. Em 2006, o projeto chegou ao fim, com um total de 3,9 mil empregos criados. Nos anos seguintes, a criação de vagas apareceu de forma contundente em outras áreas, como a construção civil, como reflexo da força do mercado consumidor brasileiro e dos investimentos do governo em projetos estruturantes, como Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os números, contudo, não indicam que o problema foi superado. Outros desafios se apresentam para a próxima presidente. ;A qualificação da mão de obra é importante, porque não é possível acompanhar o crescimento se os trabalhadores não puderem ocupar as posições necessárias no mercado. A maior formalização do trabalho também é um desafio, porque quanto maior o número de carteiras assinadas, maior o número de pessoas que contribuem para a Previdência, fazendo com que o sistema funcione;, explica Frederico.

Promessa
Dilma Rosseff prometeu, na campanha deste ano, aumentar os investimentos nas pesquisas tecnológicas e alcançar o pleno emprego, um equilíbrio entre as ofertas de empregos para todos os setores da população, até 2014. ;Uma continuidade no cenário vai favorecer que as taxas de desemprego continuem caindo. As flutuações a curto, médio e longo prazo permitem que os governantes atuem nas áreas com maior deficiência em geração de novos postos. Esperamos que Dilma consiga manter a tendência;, disse Cimar Pereira.

;O governo Lula pode ser separado em dois momentos. No primeiro, continuidade da política de Fernando Henrique, com controle fiscal e taxa de juros alta. Já em um segundo, os investimentos públicos cresceram e as taxas de juros abaixaram. Uma estratégia ousada;, comentou Frederico Jayme.

Missões para o futuro

* Qualificação da mão de obra. Alguns setores já enfrentam um verdadeiro apagão em relação à oferta de trabalhadores com experiência. A construção civil é um exemplo.
* Aumentar o número de novos cargos com carteira assinada. Grande parte dos trabalhadores do Brasil continuam atuando na informalidade.
* Reduzir os custos trabalhistas que afetam o salário dos trabalhadores e encarecem os valores pagos pelas empresas.
* Combater o risco de desindustrialização em 2011. Com a valorização do real os produtos nacionais podem perder mercado.

Crise e bonança

As vagas no mercado de trabalho foram crescendo com o aquecimento da economia. Com exceção de 2008 para 2009, os desempregados no Brasil foram reduzindo ano a ano. A construção civil foi a grande responsável pela redução no número dos desocupados, mas os setores do comércio e de serviços também acompanharam o bom momento econômico ao longo da década. ;O mercado interno do Brasil se mostrou significativo. Com investimentos em obras de infraestrutura e estímulos ao crédito, os números positivos começaram a aparecer de forma mais regular;, afirma Frederico Jayme, coordenador da pós-graduação de economia da UFMG.

O grande teste para a economia brasileira foi 2008. Durante a crise financeira, a taxa de desemprego voltou a subir, de 7,8% em 2008, para 8,1% em 2009. Mas foi um crescimento mínimo comparado com a grande maioria das economias internacionais. ;A ação rápida do governo durante a crise teve uma eficiência impressionante. Foram feitos gastos e investimentos certos que salvaram a economia e conseguiram evitar maiores problemas para o país. Em relação ao emprego, o Brasil se recuperou rapidamente da crise;, diz Frederico.

Cenário
;Os dados deste ano comprovam que a crise ficou para trás. Em um cenário de estagnação, não há geração de empregos, e foi o que aconteceu a partir do fim de 2008. Já percebemos a queda contínua no desemprego;, conta Cimar Azeredo Pereira, gerente das Pesquisas Mensais de Emprego do IBGE. (MF)

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