Agência France-Presse
postado em 30/12/2010 16:46
Roma vai considerar "totalmente incompreensível e inaceitável" uma recusa do Brasil a extraditar o ex-ativista de extrema-esquerda italiano Cesare Battisti, anunciou na noite desta quinta-feira (30/12), hora local, o governo da Itália.O Palácio Chigi (sede do governo) exprimiu esta posição antes mesmo da decisão do presidente Luiz Inacio Lula da Silva sobre o caso, esperada para as próximas horas. A imprensa brasileira e italiana preveem uma recusa.
"Neste momento delicado, algumas informações fazem pensar que, na possível motivação do presidente Lula poderá haver uma referência a (...) um presumível agravamento da situação pessoal de Battisti" em caso de extradição, o que justificaria uma rejeição, diz o comunicado.
"O governo italiano entende, a partir de agora, declarar ;que considera totalmente incompreensível e inaceitável" tal referência e decisão.
"O presidente Lula deverá, então, explicar a escolha não apenas ao governo (de Roma), mas a todos os italianos e, em particular, às famílias das vítimas", prossegue o texto.
A extradição de Battisti é reclamada com força pela Itália, onde foi condenado à revelia, em 1993, à prisão perpétua, por quatro mortes e cumplicidade em assassinatos cometidos em 1978 e 1979, crimes dos quais se diz inocente.
O destino deste antigo ativista, preso há três anos na periferia de Brasília, está nas mãos de Lula desde que o Supremo Tribunal do Brasil deu sinal verde, no final de 2009, à extradição para a Itália, deixando, no entanto, a última palavra ao presidente.
Políticos e jornais italianos manifestaram indignação com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, antes mesmo do anúncio nesta quinta-feira.