postado em 03/01/2011 08:19
Ao assumir o cargo de ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a petista Tereza Campello anunciou ontem que vai fixar metas para que a sociedade e a imprensa possam monitorar as ações sociais do governo. Segundo ela, esse é um pedido da presidente Dilma Rousseff. A nova ministra definiu o aumento da inclusão produtiva como o seu principal desafio e, citando Dilma, disse que tem o dever de ousar e trabalhar pela erradicação da miséria no Brasil.;A ideia da presidenta é, de fato, apresentar uma proposta que diga qual é a linha de pobreza e quais são as metas. Nós pretendemos, como governo, ter um compromisso claro de meta, monitoramento e cobrança de resultados com acompanhamento por parte da imprensa e da sociedade;, afirmou Tereza, após a solenidade de transmissão do cargo.
O posto foi entregue pela ex-ministra Márcia Lopes, que exerceu a função por nove meses no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Antes de transmitir o cargo, Márcia fez elogios à sucessora e a presenteou com flores e um livro com o balanço das ações desenvolvidas pelo MDS e os próximos desafios. A nova ministra retribuiu os elogios e afirmou que Márcia é um exemplo de ;eficiência e profissionalismo;.
Tereza não só falou em erradicar a miséria, como também prometeu se dedicar ao desenvolvimento econômico do país. ;Vamos continuar inovando, como fizemos com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Pretendemos fazer a classe C consumir para o nosso país se desenvolver cada vez mais;, discursou.
A nova ministra confirmou ontem que o MDS já estuda um plano de reajuste do programa Bolsa Família. Segundo ela, ;várias alternativas; serão discutidas com o núcleo de governo antes de um anúncio oficial.
Experiências
Paulista de Descalvado, Tereza exerceu cargos no governo Lula. Foi assessora especial da Presidência, participou da coordenação do grupo de trabalho que elaborou o Bolsa Família e atuou como subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil. Formada em Economia pela Universidade Federal de Uberlândia (MG), a nova ministra foi uma das fundadoras do PT. Em Porto Alegre, assessorou os ex-prefeitos Olívio Dutra, Tarso Genro e Raul Pont.
Tereza é mulher do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, que, em outubro, disputou a eleição para deputado federal e ficou com a primeira suplência do PT do Rio Grande do Sul. Em dezembro, ela foi operada para a retirada de um câncer de mama, mas, segundo sua médica, está em plenas condições para exercer o cargo, embora tenha sessões de quimioterapia preventiva marcadas para este mês.
A voz dos movimentos sociais
; Josie Jeronimo
Prestigiado por pelo menos 10 dos novos ministros da gestão Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho recebeu de seu antecessor, Luiz Dulci, a Secretaria-geral da Presidência da República. A cerimônia de posse de Carvalho aconteceu no fim da tarde de ontem e foi uma das mais concorridas do domingo. Na Esplanada, a expectativa é de que o trânsito de Carvalho com os movimentos sociais turbine a importância da pasta no governo de Dilma. ;A Secretaria-geral deve ganhar outras atribuições. Tenho certeza de que, no governo da presidente Dilma, a secretaria terá grande destaque. Essa é a diferença entre um cardeal e um coroinha;, brincou Dulci, referindo-se à possível ampliação do papel da secretaria no novo governo e lembrando o passado de ex-seminarista de Carvalho. Dulci aproveitou a cerimônia para homenagear Lula. ;Acredito que o mundo tem duas lideranças, de fato, mundiais, (Nelson) Mandela e Lula;, afirmou referindo-se ao líder sul-africano.
O novo ministro, antigo chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contou que, quando Dilma o convidou para a pasta, pediu que ele ;contasse as verdades;, pois ele tinha a ;sensibilidade para saber do sofrimento do povo e das demandas sociais;. Carvalho será o responsável por captar pleitos dos movimentos sociais e levá-los ao Executivo, para transformar as necessidades mais urgentes da população em políticas públicas. Ao assumir, o ministro disse que uma das prioridades da pasta é promover melhorias na qualidade de vida dos catadores de papel. A secretaria também cuidará da relação do governo federal com as entidades sem fins lucrativos. Carvalho ponderou que, atualmente, as Ongs vivem crise envolvendo a forma de financiamento, mas será um desafio a ser enfrentado pelo novo governo. ;Meu compromisso é de continuar fazendo a ponte. Nós trabalhamos com a demanda reprimida durante séculos.;
Carvalho usou grande parte de seu discurso para lembrar e demonstrar gratidão a Lula. Ele recordou dos depoimentos que prestou na CPI dos Bingos, ainda no primeiro mandato de Lula, e agradeceu o apoio que recebeu do ex-presidente, à época. ;Depois do meu segundo depoimento na CPI, ele me esperava e disse: ;Gilbertinho, vamos tomar uma cachacinha para você esquecer as coisas tristes;. Isso eu jamais poderia esquecer. Por esse homem eu poderia morrer;, contou.
Pente-fino nos Correios
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pediu ao Ministério Público todas as investigações que o órgão tem em curso sobre a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. O novo titular da pasta contará com a ajuda de técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) para analisar o conteúdo do documento. ;Fui ao MP para saber o que tem contra os Correios. Chamei técnicos do TCU e eles apontaram várias dificuldades de gestão nos Correios;, afirmou o ministro que receberá oficialmente o cargo hoje, às 14h30.
A empresa pública, vinculada ao ministério, foi alvo de denúncias no ano passado, quando a atuação da diretoria de operações foi colocada em xeque por suposto favorecimento a uma empresa responsável pelo transporte aéreo de cargas. Os problemas de gestão da empresa pública provocaram atraso na entrega de correspondências.
De acordo com Paulo Bernardo, na primeira quinzena de abril, o ministério renovará o Plano Geral de Metas para a universalização do serviço telefônico fixo a fim de estabelecer diretrizes de ampliação do acesso em regiões rurais e revisar tarifas cobradas pela oferta de internet banda larga. A revisão do plano deveria ter ocorrido no fim de 2010, mas, devido à crise no setor, o governo decidiu adiar o plano para este ano. (JJ)
Liberdade de imprensa, a missão
; Leandro Kleber
Especial para o Correio
A nova ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Helena Chagas, prometeu, ontem, em seu primeiro discurso, que uma das suas principais missões será defender a liberdade de imprensa. ;Comunicação social em um governo democrático passa sempre pela rigorosa e intransigente defesa da liberdade de imprensa. A presidenta Dilma Rousseff já demonstrou, em diversas oportunidades, seu apreço por esse importante pilar da democracia. Sua história de vida fala por si. Abrir mão disso seria impensável para a minha geração, que cresceu sob o regime militar;, disse.
Franklin Martins, que deixa o posto criticado por alguns setores da imprensa por ter apresentado uma proposta de regulamentação dos meios de comunicação, avaliou em sua despedida que houve ;total liberdade de imprensa durante o governo Lula;. ;Todos sabemos que brigamos muito nesses últimos quatro anos, do primeiro dia ao último. Confesso que me estressei algumas vezes. Foi um desafio extraordinário. Mas essa relação tensa com a imprensa é normal. Eu jamais liguei para uma redação de jornal para reclamar de matéria ou de repórter. Nesse período, escreveu-se o que quis e o que não quis, se apurou o que quis e também se deixou de apurar o que bem entender e ainda opinou-se sobre tudo e como queria. Isso é liberdade de imprensa, mas, como eu digo, só garante que a imprensa é livre, e não boa", argumentou.
Helena é carioca e se formou em jornalismo na Universidade de Brasília (UnB). Já passou por redações de veículos como a TV Globo e o SBT. Em 2007, foi convidada pelo presidente Lula a assumir a diretoria de jornalismo da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que acabava de ser criada. Em abril de 2010, desligou-se do cargo para ser coordenadora de imprensa da campanha presidencial de Dilma. Depois da vitória nas urnas, foi uma das primeiras a ser nomeada para coordenar a área de comunicação da equipe de transição.
Filha do jornalista Carlos Chagas, que também foi secretário da Secom ; durante o governo Costa e Silva (1967-1969) ;, Helena diz ser orgulha de ser jornalista. No perfil do Twitter, ela assina ;jornalista até morrer;. Ontem, prometeu se esforçar para que a população tenha mais acesso a informações e condições de processá-las para formar opinião e ;manter os critérios técnicos adotados para distribuição da publicidade oficial e a descentralização e a valorização da mídia regional, fora dos grandes eixos;.
As transmissões de hoje
Secretaria de Direitos Humanos
Maria do Rosário, às 9h
Ministério da Ciência e Tecnologia
Aloizio Mercadante, às 10h
Ministério de Minas e Energia
Edison Lobão, às 10h
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
Miriam Belchior, às 10h
Secretaria de Políticas para as Mulheres
Iriny Lopes, às 10h30
Ministério do Desenvolvimento Agrário
Afonso Bandeira Florence, às 11h
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Fernando Pimentel, às 11h
Ministério da Pesca e Aquicultura
Ideli Salvatti, às 11h
Secretaria de Relações Institucionais
Luiz Sérgio, às 11h30
Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial
Luiza Helena de Bairros, às 14h
Ministério das
Comunicações
Paulo Bernardo, às 14h30
Banco Central
Alexandre Tombini, às 15h
Ministério da Integração Nacional
Fernando Bezerra Coelho, às 15h
Ministério da Previdência Social
Garibaldi Alves, às 15h
Ministério da Saúde
Alexandre Padilha, às 15h
Ministério do Turismo
Pedro Novais, às 16h
Ministério das Cidades
Mário Negromonte, às 16h30
Gabinete da Segurança Institucional (GSI)
José Elito Carvalho Siqueira,
às 17h
Secretaria dos Portos
José Leônidas Cristino, às 17h
Ministério da Cultura
Anna de Hollanda, às 18h
Secretaria de Assuntos Estratégicos
Moreira Franco, horário a definir