Em solenidade prestigiada por cinco governadores da região Nordeste, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) tomou posse ontem no cargo de ministro da Integração Nacional. No discurso, ele se comprometeu a firmar uma agenda nacional de inovação para a área de agricultura e a priorizar políticas de irrigação. Para isso, Bezerra anunciou que vai criar a Secretaria Nacional de Irrigação, que ficará responsável por comandar a ampliação das áreas irrigadas no país, com foco principalmente no Nordeste.
Outra novidade anunciada pelo novo ministro é a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudec), assunto que, segundo ele, será prioridade já no começo do governo da presidente Dilma Rousseff. Fernando Bezerra avisou, em entrevista concedida depois da transmissão de cargo, que o Nordeste continuará sendo um dos principais focos da pasta, mas avisou que todas as regiões serão atendidas com projetos do ministério, inclusive com a ;promoção da Defesa Civil;, com foco em minimizar danos causados por enchentes.
;Fiquei muito honrado com a presença dos governadores do Nordeste. É uma sinalização clara do apoio que eles vão emprestar ao nosso trabalho. Vamos transformar a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e a Sudam (da Amazônia) num fórum de debate para qualificar e ampliar a infraestrutura do Nordeste. Isso passa por ferrovia, agricultura irrigada, rodovia, hidrovia;, destacou Bezerra.
Ele recebeu o cargo das mãos do ex-ministro João Santana (PMDB-BA), que exerceu o cargo por oito meses, indicado pelo seu antecessor Geddel Vieira (PMDB-BA). Santana elogiou Bezerra, afirmando que ele ;é alguém que conhece; da área de atuação da pasta. Mostrou-se também satisfeito pelo órgão continuar sob o comando de um nordestino. Reclamou apenas da falta de estrutura de pessoal do ministério, recomendando ao novo ministro que lute pela realização imediata de um concurso. Bezerra retribuiu os elogios e agradeceu a ;forma correta e atenciosa; como transcorreu a transição.
Experiência
Indicado pelo governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, o novo ministro, que entrou na cota do PSB, carrega no currículo vasta experiência no Poder Executivo. Formado em Administração pela Fundação Getulio Vargas, ele foi por três vezes prefeito de sua cidade natal, Petrolina (PE), exerceu as funções de deputado estadual e federal e, até o mês passado, era o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. Foi a atuação nessa pasta que credenciou Bezerra para o primeiro escalão do governo Dilma.
;Ele acumulou muitas experiências no parlamento e nos Executivos municipal e estadual. A própria presidente, ao longo de oito anos, teve a oportunidade de acompanhar o trabalho que Fernando vinha fazendo no governo de Pernambuco. Muitas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) aconteceram dentro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Tudo isso fez com que as pessoas de Brasília compreendessem que era a hora dele vir dar sua contribuição ao Brasil;, disse o governador Eduardo Campos.
Defesa à pesca
; Leandro Kleber
Especial para o Correio
Incluir o peixe no cardápio escolar brasileiro, tornar os reservatórios de hidrelétricas criadouros e aumentar a produção e a exportação do pescado foram algumas das promessas feitas ontem pela nova ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti. Demonstrando ter adquirido mais conhecimento sobre a área, pelo menos no discurso lido durante cerca de meia hora, a paulista radicada em Santa Catarina argumentou que é possível fazer mais com menos ; em referência a cortes orçamentários propostos pelo governo ; e que o Brasil tem de aproveitar melhor os cerca de 8 mil quilômetros de costa e 12% da água doce do mundo. ;O país tem condições de ser um grande produtor mundial de pescado, assim como é de carne bovina, suína e de aves;, disse.
Com ironia, a ex-líder do governo no Senado também respondeu aos críticos da criação do ministério. ;De vez em quando, nós ouvimos uma série de comentários jocosos que buscam ridicularizar e desqualificar a criação da pasta. Eu não aguento mais ouvir a pergunta: ;Quantos peixes você já pescou?;. Provavelmente, os peixes pescados foram tantos quantos foram os bois, os frangos, os suínos e os pés de arroz, de feijão e de soja plantados ou criados pelas centenas de ministros da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento que esse país já teve;, desabafou. Segundo ela, o fato de o Brasil ser um ;campeão; de produção de grãos é resultado de políticas públicas para cada um desses setores, ;e não a experiência individual de cada um dos ministros;.
Falta se inteirar
; A falta de intimidade com as questões relacionadas à Secretaria de Políticas para as Mulheres foi explicada na base da brincadeira por Iriny Lopes. ;Estou há 35 anos no Espírito Santo, mas guardei um pedacinho do que é ser mineiro, então eu chego devagar, sem muito barulho. Prefiro deixar um legado quando eu sair;, disse a nova ministra da pasta. Ela anunciou que vai passar este mês conversando com os funcionários da secretaria para se inteirar dos projetos em andamento. Mas não descartou se lançar candidata à prefeitura de Vitória em 2012. ;Cada coisa a seu tempo, isso eu vou ver no futuro.; Quanto a projetos concretos dentro da secretaria, a nova ministra repetiu a necessidade de fortalecer a autonomia feminina, especialmente a financeira.
PAC em análise
O novo ministro das Cidades, Mário Negromonte, assumiu a pasta com promessa de implementar uma ;gestão moderna e dinâmica;, que dará ;continuidade e celeridade nas obras; do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, as prioridades do ministério são o investimento em saneamento básico, no programa Minha Casa Minha Vida e nas obras para Copa do Mundo de 2014. Na avaliação de Negromonte, o primeiro passo a ser dado é a elaboração de um ;diagnóstico; que apontará possíveis problemas nas principais obras do PAC. ;A intenção é detectar se a dificuldade é do ministério, do agente financeiro ou da empresa (que realiza o projeto) para que a gente possa colocar a gasolina azul e tocar as construções;, comentou.
Na opinião de Negromonte, outros bancos também podem ser incluídos para que os recursos destinados às obras sejam liberados com mais agilidade. ;Nada contra a Caixa Econômica Federal, mas o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste também podem gerenciar esses recursos destinados aos projetos do ministério. Existe uma cobrança muito grande por parte dos prefeitos e governadores para que os bancos trabalhem com mais rapidez;, ressaltou. A cerimônia foi acompanhada pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT-BA), e pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), presidente do PP. Durante o discurso, Negromonte comprometeu-se a fazer ;tudo de acordo com as orientações do Tribunal de Contas da União;: ;Não temos compromisso com o erro;, avisou.
Fernando Bezerra Coelho, ministro da Integração Nacional