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Politica

Governo brasileiro negocia hidrelétrica no Haiti

Ao mesmo tempo em que o Brasil adota medidas para restringir a entrada de haitianos no país, liberando uma quantidade limitada de visto de trabalho, o governo tenta ajudar a nação caribenha de outras formas. Uma das medidas é tentar abrir vagas de emprego com a construção de uma usina hidrelétrica no Haiti, que sofre com apagões e falta de infraestrutura.

Muitos dos haitianos que emigram para o Brasil têm a intenção de procurar emprego no setor, principalmente em Rondônia, onde existem duas obras de geração de energia. E o tema será debatido no início do próximo mês, quando a presidente Dilma Rousseff estará em Porto Príncipe, em uma visita de um dia.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, o Brasil tem um histórico de solidariedade em relação ao Haiti. Ele cita a presença militar do país na Minustah, a força de estabilização da Organização das Nações Unidas (ONU) instalada no Haiti, como um dos principais fatores que contribuíram para a pacificação da nação caribenha, que teve no ano passado sua primeira eleição presidencial, vencida pela oposição. ;A solidariedade do governo brasileiro vem desde a crise no Haiti e essa solidariedade se expressou desde a força de paz até o apoio ao processo político democrático;, explicou Patriota, na semana passada, durante a divulgação da resolução do governo de limitar em 1,2 mil por ano os vistos de trabalho para os haitianos. O documento começa a ser expedido hoje na embaixada brasileira em Porto Príncipe.

Dentro do governo brasileiro, existe a expectativa de que, ao incentivar os investimentos no Haiti, o número de imigrantes legais e ilegais diminuam, principalmente para o Brasil, onde o mercado de trabalho já está escasso, principalmente na Região Norte, onde estão sendo construídas as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Por isso, o governo está incentivando a construção de uma unidade em Porto Príncipe, como anunciou Patriota, na semana passada. A obra deverá utilizar mão de obra qualificada dos próprios haitianos, muitos deles que estavam se deslocando para o Brasil em busca de emprego.