postado em 19/01/2011 08:42
Com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) sob a sua tutela e a missão de gerenciar os gastos previstos no Orçamento Geral da União de 2011, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, aparece neste início de governo como um dos nomes mais próximos e fortes da presidente Dilma Rousseff. Miriam, uma das fundadoras do PT no estado de São Paulo, já se encontrou com a presidente no Planalto pelo menos três vezes em reuniões previstas na agenda oficial. Ela só fica atrás, considerando ministros com gabinetes fora do Planalto, de Guido Mantega (Fazenda), que em quatro oportunidades teve agenda com Dilma.Ontem, Miriam esteve novamente com a chefe do Executivo para tratar de assuntos diversos. A pauta não foi divulgada pelas assessorias por se tratar de uma ocasião reservada. Mas a expectativa na Esplanada é sobre quando virá o corte de despesas, pois especula-se que o contingenciamento orçamentário em 2011 será o maior dos últimos anos. O texto do Orçamento prevê R$ 942 milhões para pagamento de pessoal, despesas correntes e investimentos.
Além desse ;abacaxi;, que tende a desgastar a relação da ministra com os demais companheiros da Esplanada, Miriam é a responsável por gerenciar a segunda etapa do PAC, que tem um orçamento de mais de R$ 1,5 trilhão. A petista ainda terá como missão coordenar a área de infraestrutura do governo, que envolve diversos ministérios. Ela também foi escolhida por Dilma para ser a chefe da área.
Na avaliação de membros do governo, é natural que ela tenha papel de destaque, pois é vista como boa gestora de recursos, com mestrado em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas, e com bom trânsito entre os políticos em Brasília. Quem concorre com ela no papel feminino de protagonista é a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, responsável por programas sociais, o principal mote da nova gestão petista.
Santo André
O berço político da ;madrasta; do PAC é Santo André, onde assumiu cargos públicos e foi casada com Celso Daniel, ex-prefeito do município morto em 2002. Naquele ano, participou da equipe de transição de Lula e desde então ganhou força, assumindo cargos na administração federal. ;A Miriam tem legitimidade própria, assim como a Dilma. Por isso deslizou naturalmente para o caminho do ministério. Miriam é unanimidade no PT e sempre esteve unida pelo governo;, acredita o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que já foi presidente da sigla. Apesar de nunca ter disputado eleição, Miriam é considerada do quadro político do PT e já poderia, segundo fontes do partido, ter sido ministra antes.
Lula visita Alencar
Ullisses Campbell
São Paulo ; Internado há 21 dias no Hospital Sírio-Libanês, o ex-vice-presidente José Alencar recebeu ontem a visita do amigo e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois conversaram por uma hora e meia e a visita só não durou mais porque os médicos pediram para o paciente descansar, já que estava rindo e gesticulando demais.
O último boletim médico divulgado pelo hospital aponta que o estado de saúde de Alencar é estável. Ele foi internado em 22 de dezembro com quadro de hemorragia digestiva grave, mas respira sem o auxílio de aparelhos. O político luta contra o câncer desde 1997, quando, após um check-up, foi encontrado um tumor no rim direito e outro no estômago, retirados em seguida.
Em 2000, nova intervenção retirou um tumor na próstata. Depois da remoção de outros nódulos no abdome, Alencar foi diagnosticado com câncer no intestino. Desde que iniciou o tratamento contra a doença, há 13 anos, Alencar já foi submetido a 17 cirurgias. Em janeiro de 2009, ele enfrentou a mais delicada. Passou 17 horas na mesa de operação para a retirada de nove tumores na região abdominal.
Para se recuperar, ele chegou a ficar internado 22 dias após a operação. A mais recente cirurgia feita pelo político ocorreu pouco antes do Natal e em caráter de urgência, já que ele estava com quadro de hemorragia grave. Na semana passada, foi submetido a um procedimento para conter um sangramento intestinal causado por um tumor que invadiu o intestino delgado.
Em 30 de dezembro, Alencar foi transferido da UTI para um quarto. Por conselho da equipe médica, não viajou a Brasília para a cerimônia de posse da nova presidente, Dilma Rousseff. Em 4 de janeiro, quando retomou o tratamento de quimioterapia, após cerca de dois meses, o ex-vice-presidente voltou para a UTI cardiológica do Sírio-Libanês devido a um novo sangramento intestinal.