postado em 24/01/2011 08:00
Os partidos políticos que anunciaram apoio à candidatura de Marco Maia (PT-RS) na disputa pela Presidência da Câmara vão passar a semana cobrando o cumprimento das promessas feitas pelo petista durante as negociações em torno do seu nome. O problema é que, sem cargos suficientes na Mesa Diretora para abrigar todas as legendas para as quais prometeu espaço, Maia está tendo dificuldades para encontrar brechas na estrutura da Casa que agradem a todos os aliados cooptados na última hora. O primeiro desafio do candidato será arrumar um lugar ao sol para PP e PR. Ambos querem o comando da Segunda Vice-Presidência, hoje nas mãos do DEM. ;Nós pedimos a vaga para o Marco Maia quando fomos conversar sobre o apoio que daríamos a ele, abandonando, inclusive, o plano de candidatura própria;, diz Luciano Castro (PR-RR). O parlamentar foi um dos responsáveis pelas movimentações que desarticularam a candidatura do líder da legenda, Sandro Mabel (GO). Como Mabel não desistiu oficialmente e o apoio do PR a Maia ainda conta com dissidências, a legenda pode pular do barco caso não consiga um bom lugar ao sol.
Para sagrar-se presidente da Câmara sem sustos, Marco Maia também precisa convencer PDT e PTB a se satisfazerem com uma suplência da Mesa Diretora, já que os critérios proporcionais, que levam em conta o número de deputados eleitos, não reservariam a esses partidos posição de titular de secretaria ou da Vice-Presidência. Não será tarefa fácil. O PTB quer continuar à frente da Quarta Secretaria e já lançou Nelson Marquezelli (SP) à reeleição. ;Estamos brigando para permanecer no nosso espaço. O atual secretário brilhou no cargo e tem projetos por serem concluídos. Um partido que não entra na guerra por espaço está fadado a desaparecer. Esse não é nosso perfil e falamos muito com o Marco Maia sobre isso quando ele foi nos procurar em busca de apoio;, resume o líder da legenda, Jovair Arantes (GO).
Para deixar o PTB permanecer na Mesa Diretora, o candidato à Presidência da Casa primeiro terá de conversar com o PDT. Apesar de terem dado sinais de que ficariam satisfeitos com uma suplência, os pedetistas já avisaram que se o PTB ; que elegeu menos parlamentares ; for titular de uma secretaria, eles também vão exigir espaço maior. ;Sabemos que pelo nosso número de deputados teremos direito a uma suplência. O PTB está na mesma situação. Se forem descumprir o critério da proporcionalidade e dar vagas de titulares a partidos com menos parlamentares, vamos exigir nossa vaga também. Por isso estamos deixando todas as decisões para 31 de janeiro, véspera da eleição;, avisa o deputado Paulo Pereira (SP), que está comandando as negociações dos cargos na Mesa em nome do PDT. A legenda anunciou preferência pela Segunda Secretaria, que hoje está nas mãos do PR.
As promessas de Marco Maia, feitas quando buscava apoio para se consolidar no mais alto cargo da Câmara, também incluíram o PSB. Apesar de o partido não ter elegido deputados suficientes para garantir uma vaga na Mesa Diretora, houve acordo informal para que o PT cedesse aos socialistas a segunda vaga que poderia ocupar. A legenda, assim, entrou na briga pelo comando da Terceira Secretaria. Entretanto, esbarra na resistência do grupo de petistas preterido na escolha do candidato à Presidência, que promete brigar para manter o posto.
A resistência interna do PT é outro obstáculo que Maia precisa transpor esta semana com os movimentos certos. Afinal, as estratégias para acomodar pretensos aliados não podem desagradar PMDB, DEM e PSDB, que já trabalham com espaço certo no cenário de poder da Câmara.
Revoada
O peso e a dificuldade de cumprir as promessas que fez a todas as legendas quando buscava apoio ao seu nome é proporcional ao tamanho que as articulações em torno da candidatura do petista tomaram nos últimos meses. Por conta do número de concorrentes que se lançaram, o Palácio do Planalto entrou em campo e a presidente Dilma Rousseff pressionou diretamente PCdoB e PR para que impedissem seus integrantes de entrar na disputa.
Diante das pressões, a contabilidade ; pelo menos oficial ; de apoio a Marco Maia soma dez partidos e quase 300 votos entre os 513 deputados. Um cenário que seria confortável, não fossem os riscos de que os movimentos de última hora desagradem partidos e lideranças. Insatisfação capaz de causar uma revoada de votos com destino a candidaturas que esperam apenas sinais de enfraquecimento do nome do petista para se consolidarem.