postado em 25/01/2011 08:38
Candidato oficial à Presidência da Câmara, Marco Maia (PT-RS) tem praticamente definida a chapa que apresentará ao plenário no próximo dia 1;, data da eleição, com todos os cargos da Mesa Diretora da Casa. Os acordos foram fechados ao longo de dois meses de intensa negociação com os partidos ; uma operação que, aos poucos, asfixiou candidaturas adversárias e loteou o poder no parlamento com as principais legendas. Além de Maia, só resta agora o deputado Sandro Mabel (PR-GO), que avisou ontem a amigos que irá continuar na disputa, embora os ministros palacianos ainda tenham esperanças que Mabel desista para que a Mesa possa ser escolhida dentro da chapa única montada por Marco Maia e partidos aliados (Leia quadro).Mabel tem dito aos parlamentares com quem conversa que sua esperança é o ;caldo de insatisfações; dentro das bancadas. A maioria dos partidos e os observadores palacianos consideram, contudo, que esse caldo ainda está ralo. Embora uma candidatura adversária sempre possa trazer surpresa, a expectativa é de que Mabel não alcance 150 dos 513 votos da Casa. Isso porque as grandes legendas estão consolidadas. No PT, por exemplo, mesmo entre os mais dissidentes, passou a prevalecer a tese de que é melhor alguém da bancada do que um estranho.
No PMDB, a maioria dos estados fechou o apoio a Marco Maia e o partido está focado na disputa para a Primeira Vice-Presidência. Há uma enxurrada de candidatos, entre eles, Rose de Freitas (ES), Edinho Bez (SC), Elcione Barbalho (PA), Almeida Lima (SE) e Gastão Vieira (MA). Edinho Bez tem poucas chances porque fez campanha para José Serra na sucessão presidencial. Gastão Vieira também é considerado fora por causa dos dois maranhenses no ministério de Dilma Rousseff. Reservadamente, a cúpula do partido tem colocado a deputada Rose como favorita. A eleição interna do PMDB será amanhã.
Terceiro partido a escolher a posição na Mesa, o PSDB pinçou a Primeira Secretaria, considerada uma espécie de prefeitura da Câmara. O deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) terá o nome aclamado pela bancada numa reunião também nesta quarta-feira. Logo depois do PSDB, vem o PP, que fica com a Segunda Vice-Presidência e tem como nome certo o do deputado Dudu da Fonte (PP-PE). A Segunda Vice tem também a função de corregedoria, o que fez crescer os olhos do PR. O partido, entretanto, terá que se contentar com a Terceira Secretaria, com o deputado Inocêncio Oliveira (PE) entre os mais cotados.
Privilégio
Na distribuição dos cargos, o DEM terminará com a Segunda Secretaria. O partido, que até o ano passado controlava a corregedoria, perderá o posto privilegiado porque saiu da eleição com uma bancada menor do que a da Legislatura que termina no dia 31. Perdeu espaço para o PP na escolha dos cargos.
O único partido com menos de 30 deputados que terá assento privilegiado é o PSB. O partido se adiantou ao PDT e ao PTB e negociou com o PT de Marco Maia uma das vagas da Mesa. Vai terminar com a Quarta Secretaria, que administra a distribuição dos apartamentos funcionais. O PDT, que demorou na hora de buscar um acordo com a chapa oficial e esperou uma candidatura alternativa, como a de Aldo Rebelo, terá agora que se contentar com uma suplência. Foi o que sobrou aos pequenos partidos.
Em conversas reservadas, a maioria dos deputados tem dito que não há clima para a tal rebelião que Aldo Rebelo esperava em dezembro, quando anunciou a fase de consultas aos partidos para anúncio de uma candidatura avulsa. O PCdoB, por exemplo, já fechou o apoio a Marco Maia, assim como todos os demais partidos da base aliada, inclusive o PR.
O PSDB, por sua vez, não pretende apoiar oficialmente um motim contra o candidato do maior partido. Afinal, se o vento voltar a soprar em seu favor, vai querer também o apoio do PT.
Peregrinação chega a Minas
Ana Carolina Utsch
Juliana Cipriani
Marco Maia vai hoje a Belo Horizonte para um almoço com os parlamentares da bancada federal mineira. Na agenda também estão previstas visitas ao governador em exercício Alberto Pinto Coelho (PP) e ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB). Ao que tudo indica, Maia não terá grandes dificuldades, visto que o PSDB já assinou manifesto de suporte ao petista. Os 53 deputados federais do estado foram convidados e a expectativa é que pelo menos a metade compareça. Maia vem acompanhado do líder do governo, Cândido Vaccarezza, e de outros aliados.
O deputado Odair Cunha (PT-MG), que organizou o encontro, disse que as conversas com o DEM também estão avançadas. ;Já há acordo com os partidos da base e estamos avançando com as demais legendas.; De acordo com o deputado, a boa condução da Casa interessa a todos. ;Não reproduziremos a disputa oposição e situação na eleição da Mesa Diretora;, destacou Odair Cunha.
Maia deve continuar a peregrinação durante a semana. Estão previstas reuniões com os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Ele já angariou votos da bancada gaúcha e fez campanha em Tocantins e no Espírito Santo no fim de semana.