Politica

Executivo barganha cargos para evitar dissidências contra Marco Maia

Ivan Iunes
postado em 27/01/2011 08:48
A menos de uma semana da eleição dos futuros comandantes do Legislativo, o governo federal e os governadores de estado terminaram por dar um empurrãozinho capaz de consolidar a candidatura do deputado Marco Maia (PT-RS) à Presidência da Câmara. A grande ajuda foi deixar para meados de fevereiro as decisões de cargos-chave do segundo escalão. Assim, quem está em parceria com o governo e deseja mantê-la ou ampliá-la desistiu de candidaturas alternativas.

O PTB, por exemplo, recebeu dos peemedebistas o aviso de que o comando da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está hoje sob a administração dos petebistas. Portanto, não seria de bom tom um petebista concorrer à Presidência da Casa ou a outro cargo da Mesa Diretora que não lhe seja de direito dentro da proporcionalidade ; o partido que tem mais deputados escolhe primeiro o cargo que deseja ocupar na Mesa Diretora e assim sucessivamente.

O recado foi entendido. Os petebistas anunciaram ontem o apoio a Marco Maia e avisaram que o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) não pretende mais entrar na disputa pela Presidência da Câmara. Ele deve ficar com a ouvidoria ou a procuradoria da Casa. Ao PTB, que tem 21 depurados federais eleitos, caberá apenas uma suplência.

O PTB não foi o único a agir para evitar brigas com um governo federal em início de mandato. O PR, que tem hoje o Ministério dos Transportes e uma série de cargos no segundo escalão, em especial no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), decidiu ser incisivo contra a candidatura de Sandro Mabel (PR-GO) a presidente da Casa. O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, já mandou reunir a executiva nacional do partido para fechar questão em defesa da candidatura de Maia. ;Esperávamos mais candidatos, mas, como não houve, Mabel terminou sozinho e sem uma aliança de partidos. Ele precisa de uma saída;, comentou o deputado Luciano Castro (PR-RR, referindo-se a Sandro Mabel (PR-GO), o único que continua candidato (leia mais na página 4).

Convívio
O próprio PMDB, que no mês passado ameaçava balançar a estrutura petista, mostra-se cordato e interessado no acordo. ;Não vamos estimular dissidências. Queremos a proporcionalidade e a boa convivência. Tanto é que nem trocamos os secretários executivos nem da Previdência e nem do Turismo, que são do PT;, disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Prefeitura
Os peemedebistas, entretanto, não vão deixar fácil a vida de Maia no futuro. Ontem, eles negociaram com o PSDB a troca da primeira Vice-Presidência pela Primeira-Secretaria. Assim, Maia teria como substituto o tucano Eduardo Gomes (TO) e não um integrante do aliado PMDB. E os peemedebistas passariam a administrar a secretaria que hoje cuida de todos os contratos, uma espécie de prefeitura da Câmara, por onde passam todos os serviços da Casa. A eleição do nome que o PMDB indicará para a Mesa ficou para segunda-feira.

Maia, da sua parte, tem feito de tudo para evitar polêmicas. Ontem, fez questão de lavar as mãos no acordo entre PMDB e PSDB. Também avisou ao deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, que não emitirá posição pessoal a respeito do valor do salário mínimo. Se eleito presidente, irá apenas coordenar o debate. Além de PTB e PSDB, que já tinham prometido apoio a Maia, o bloquinho (PHS, PRP, PTdoB, PRB,PSL, PRTB e PTC), também embarcou na campanha do petista. ;Pretendemos fechar a semana com o apoio dos 22 partidos que constituem a Casa. Por isso, não acredito em outras candidaturas;, afirmou. Pelo andar da carruagem, o PT acredita que, agora, só falta o PSol.

Sequência definida

A ordem de escolha dos cargos da Mesa Diretora será a seguinte: PT, PMDB, PSDB, PP, DEM, PR e PSB. As suplências ficam com PDT, PTB, PSC e PMDB, sendo o primeiro suplente aquele que for o mais votado entre os candidatos desses quatro partidos.

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