postado em 30/01/2011 10:39
Buenos Aires ; Depois de um mês dedicada à resolução de problemas domésticos, a presidente Dilma Rousseff abre sua agenda internacional amanhã, com uma visita de Estado à Argentina, e terá ainda pelo menos mais 15 viagens a países estrangeiros até o fim deste ano. Daqui a 15 dias, por exemplo, estará no Peru, para a reunião da Cúpula América do Sul ; Países Árabes (Aspa), um grupo criado em 2003 que reúne 34 nações. Será a estreia de Dilma num fórum internacional, justamente nesse momento em que Egito e Tunísia, membros da cúpula, passam por situações de conflitos internos.Depois desse encontro, Dilma dedicará a agenda oficial fora do país neste primeiro trimestre aos países sul-americanos, em especial Paraguai, que já tem visita da presidente brasileira em 26 de março, como parte das comemorações do Tratado de Assunção, e também o Uruguai. Ainda pode haver uma escala no Chile. Ao longo dos três dias de reuniões da Aspa, autoridades diplomáticas não descartam encontros bilaterais de Dilma com Hugo Chávez, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia, embora ainda não haja nada marcado.
Prioridade
As primeiras viagens à América do Sul reforçam a prioridade que Dilma quer dar à região. Na última sexta-feira, em Porto Alegre, ela deixou claro que, no seu entendimento, o Brasil só terá um protagonismo maior no cenário mundial se mantiver a posição de líder na América Latina. E é nesse sentido que ela não poupará esforços. Por isso, as viagens à Argentina, ao Uruguai, ao Paraguai e os encontros bilaterais em Lima vêm antes da viagem à China, que ela fará em 12 de abril para a reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Na mesma oportunidade, ela deve aproveitar para fazer uma visita ao presidente chinês, Hu Jintao, em Beijing.
A China também é vista como prioridade para Dilma. Ela não dá ao distante país do Oriente um peso menor do que dá aos Estados Unidos, embora o presidente norte-americano, Barak Obama, estivesse na frente na sua lista de autoridades a visitar. Mas, como Obama vem ao Brasil em março, Dilma preferiu deixar os Estados Unidos para setembro, quando fará sua estreia na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Depois da China, Dilma retoma os contatos na América do Sul antes de um giro pela Europa. No segundo semestre, ela pretende visitar a Bulgária ; onde a agenda é mais pessoal do que propriamente de Estado. Ela ainda cogita passar pela Turquia, mas ainda não há programação fechada.
Passaporte na mão
Veja quais são os países que Dilma Rousseff pretende visitar neste primeiro ano de mandato:
Argentina
Peru
Uruguai
Paraguai
China
Estados Unidos
Bulgária
Chile*
Turquia*
*Ainda não há agenda oficial da Presidência da República nessas nações
No caminho de Lula
A ideia da presidente Dilma Rousseff é manter a política externa brasileira no mesmo trilho seguido pelo antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, mas com alguns ajustes. Desde que venceu a disputa eleitoral, em outubro passado, Dilma não fez menção de alterar a política externa do país antes de assumir o mandato. Nos dois meses entre o pleito e o recebimento da faixa presidencial, ela apenas acompanhou Lula a Seul, para uma reunião do G-20. E só agora a presidente começa a movimentar a sua agenda externa. Até o momento, não corre com tanto ímpeto nessa seara, se comparada à agenda internacional de Lula, que antes mesmo da posse, visitou a Argentina.
Em seu primeiro ano de mandato, em 2003, Lula visitou 35 destinos. Só no primeiro semestre, foram oito viagens. No fim daquele ano, Lula visitou países do Oriente Médio e da África, além de Cuba. Dilma ainda não tem toda a agenda montada para 2011, mas é provável que não deixará tanto o país quanto seu mentor nesses primeiros 12 meses de governo.
A África, por exemplo, ainda não está prevista no rol de visitas de Dilma Rousseff para este ano, mas os responsáveis pela sua agenda internacional não descartam uma visita oficial da presidente brasileira a algum país do continente, em especial, os de idioma português.
Perfil
Os assessores dizem que Dilma tem um perfil diferente do antecessor e, antes de sentir que a casa está funcionando a contento, ela ficará focada nos problemas nacionais. Prova disso foi o Fórum Econômico Mundial. Lula estava lá, em janeiro de 2003, lançando seu primeiro programa de combate à fome. Neste ano, Dilma declinou da participação no evento e passa janeiro no Brasil, cuidando de assuntos internos. A agenda internacional, pelo visto, será menor que a de Lula, mas não menos importante. (DR)