postado em 03/02/2011 10:15
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), presidente da Força Sindical, admitiu ontem, pela primeira vez, que poderia trabalhar um acordo que antecipasse para este ano parte dos ganhos do mínimo projetados para 2012 (algo em torno de 14%), o que resultaria em aumento real já neste ano. A possibilidade, no entanto, esbarra na disposição de Dilma Rousseff em manter a proposta de R$ 545, conforme discursou a presidente da República ontem, no Congresso. O deputado paulista acenou com a possibilidade após reunião com os ministros da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e da Fazenda, Guido Mantega. Amanhã haverá uma reunião entre as centrais e os ministros para tentar chegar a um consenso. ;Tem que haver aumento real. Nós não faremos nenhum acordo que não tenha aumento real de salário em 2011. O governo tem total liberdade de mandar a medida provisória ao Congresso, mas nós vamos batalhar lá;, ameaçou Paulinho.
Pelo acordo firmado entre o governo passado e as centrais sindicais, o mínimo deve ser reajustado com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás mais a inflação do ano anterior. Assim, como o PIB de 2009 foi negativo, os R$ 545 propostos pelo governo para este ano seriam apenas a correção pela inflação. No entanto, como a expectativa de crescimento do PIB em 2010 gira entre 7,5% e 8% ; o índice será anunciado em março ;, o reajuste do mínimo em 2012 deverá ser de aproximadamente 14%, ultrapassando os R$ 600. A ideia agora é antecipar parte desse reajuste para este ano.
A cartada final em torno do mínimo e também da correção da tabela do Imposto de Renda (IR) poderá ser dada durante a segunda reunião entre os ministros da presidente Dilma Rousseff e as seis centrais envolvidas no debate, amanhã, em São Paulo.
;O acordo é de recuperação do mínimo, ou seja, de aumento real. Propomos os R$ 580 para não permitir o reajuste baseado apenas na inflação;, argumenta o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto. Ele, no entanto, já avalia como positiva a aprovação de um valor em torno dos R$ 560.
Correção da tabela
As centrais também reclamam que a tabela do IR está defasada e várias categorias do funcionalismo público que receberam reajustes nos últimos anos foram prejudicadas. Por isso, insistem em negociar um índice de correção de 6,46%. Mas, nos bastidores, alguns sindicalistas já falam em avanço se baterem o martelo em torno dos 5%, conforme o próprio governo já sinalizou.
;Eles (ministros Carvalho e Mantega) disseram que estudam corrigir a tabela, mas não falaram em percentuais. O Mantega não trouxe nenhum papel (com dados). A única coisa que ele trouxe, e foi uma coisa boa, foi uma balinha. Com o contingenciamento que vem por aí, essa é a única coisa que ele pode dar para a gente. Mas já melhorou;, brincou Paulinho.