Ivan Iunes
postado em 05/02/2011 07:12
A retomada da partilha dos cargos de segundo escalão da Esplanada dos Ministérios e estatais teve início com nomeações para o setor elétrico, mas em breve deve se alastrar para outras autarquias e diretorias de instituições financeiras e empresas públicas. Com a provável nomeação de José da Costa Carvalho, por indicação do PT, para a Eletrobras, e de José Antônio Muniz, pelo PMDB, para a Eletronorte, a distribuição ainda tem pelo menos sete postos-chave na administração pública, que somam R$ 6,6 bilhões ; sem contar as funções subordinadas. A carteira de créditos dos bancos em aberto (Banco do Nordeste do Brasil e Banco da Amazônia) soma R$ 22,8 bilhões.O quadro atual da divisão de cargos do governo Dilma Rousseff mostra que o PT deve controlar a maior parte do orçamento previsto para a Esplanada dos Ministérios e as estatais. Pela previsão inicial, o partido terá cerca de R$ 93 bilhões disponíveis para investimentos ; fora o total destinado a financiamento nos bancos estatais. O valor é inflado principalmente pela Petrobras, que terá R$ 60,7 bilhões, sem contar as subsidiárias. O PMDB, que briga por mais espaço na composição, tem quase cinco vezes menos, R$ 18,5 bilhões. Logo atrás vem o PR, que terá R$ 16,3 bilhões, turbinado pelo Ministério dos Transportes, que inclui o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O PP, que conta com o Ministério das Cidades, poderá investir R$ 5 bilhões e o PSB, R$ 3,3 bilhões.
A distribuição dos cargos de diretoria e vice-presidência nas estatais e autarquias deve amenizar essa diferença. Na Caixa, por exemplo, o PMDB pretende manter pelo menos três vice-Presidência: Logística, Pessoa Jurídica e Fundos de Governo e Loterias. Na Petrobras, embora o petista José Sérgio Gabrielli controle a direção do grupo, o orçamento para investimentos ainda é dividido pelas subsidiárias, algumas como a Transpetro, a Petrobras International e a BR Distribuidora, sob controle do PMDB. O mesmo quadro se repete na Eletrobras, em que o loteamento das subsidiárias repartirá a verba para orçamento de investimentos.
Profissionais
A composição revela que, excetuando os ministérios, Dilma tem cumprido a meta de nomear profissionais de perfil técnico, mesmo naqueles postos preenchidos sob indicação partidária. Para finalizar a reforma no setor elétrico, faltam ainda as nomeações dos responsáveis pela Chesf, que deve ficar com o PSB; pela Eletronuclear, hoje com o PMDB; e a confirmação de Muniz na Eletronorte; e de Carvalho na Eletrobras. Os próximos postos em disputa devem ser as diretorias de instituições financeiras e as presidências dos bancos de desenvolvimento estaduais, além de autarquias, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O Banco da Amazônia (Basa) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) devem ficar com o PT. A ex-governadora do Pará Ana Júlia Carepa reivindica o posto no Basa. No BNB, a indicação atual é do deputado federal José Nobre Guimarães (PT-CE), mas Dilma pediu que outro nome do partido no Ceará faça a indicação. O FNDE chegou a ter o ex-deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) cotado para o posto, mas a presidente pediu que o ministro da Educação, Fernando Haddad, sugerisse algum nome de perfil técnico. Já o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) foi prometido para o PMDB.
Reivindicação
O Dnocs, assim como o BNB, é reivindicado pelas bancadas do Ceará de PT e PMDB. O governador do estado, Cid Gomes, entregou uma lista ao Planalto com as indicações feitas de comum acordo por deputados e senadores do estado. Os parlamentares cearenses indicaram César Pinheiro para o Dnocs, mas o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), insiste em manter Elias Fernandes. O atual presidente do BNB, Roberto Smith, teve a permanência sugerida, mas Dilma avalia uma troca.